Ramesh: O ponto central do que estou dizendo é que há uma única fonte imutável e eterna - ela pode ser chamada de Consciência, pode ser chamada de energia, de Deus. Mas meu ponto fundamental é que há uma fonte de onde surgiu esta totalidade da manifestação que pode ser percebida pelos nossos sentidos. E a manifestação não é senão a totalidade dos objetos e, portanto, o ser humano essencialmente não pode ser outra coisa senão um objeto. Um ser humano é um objeto programado de forma única, através do qual a Fonte ou Deus opera e traz certas ações que eram supostas de acontecer segundo a Sua vontade ou de acordo com uma lei cósmica.
Em outras palavras, o que estou dizendo é que em qualquer momento que seja, as palavras da Bíblia, "seja feita a vossa vontade ', é o conceito básico e essencial da vida. Seja feita a vossa vontade. O significado é muito simplesmente que nada pode acontecer a menos que seja a vontade de Deus. Dessa forma, se alguma coisa aconteceu, seja o que for (o ser humano pode decidir se é bom, ruim ou indiferente), mas se algo aconteceu, isso não poderia ter acontecido a menos que fosse a vontade de Deus. Essa é a base do que estou dizendo.
Paula: No sono profundo, o sentido de individualidade se vai e só a consciência impessoal permanece. Por que não consigo experimentar esta consciência impessoal em sono profundo?
R: Porque no sono profundo não existe dualidade. A manifestação existe na dualidade. A dualidade existe apenas na manifestação. Portanto, no sono profundo, a consciência impessoal exclui toda dualidade. A consciência impessoal significa ausência de dualidade.
Em outras palavras, o que estou dizendo é que em qualquer momento que seja, as palavras da Bíblia, "seja feita a vossa vontade ', é o conceito básico e essencial da vida. Seja feita a vossa vontade. O significado é muito simplesmente que nada pode acontecer a menos que seja a vontade de Deus. Dessa forma, se alguma coisa aconteceu, seja o que for (o ser humano pode decidir se é bom, ruim ou indiferente), mas se algo aconteceu, isso não poderia ter acontecido a menos que fosse a vontade de Deus. Essa é a base do que estou dizendo.
Paula: No sono profundo, o sentido de individualidade se vai e só a consciência impessoal permanece. Por que não consigo experimentar esta consciência impessoal em sono profundo?
R: Porque no sono profundo não existe dualidade. A manifestação existe na dualidade. A dualidade existe apenas na manifestação. Portanto, no sono profundo, a consciência impessoal exclui toda dualidade. A consciência impessoal significa ausência de dualidade.
P: Mas eu ouvi dizer que um jnani no sono profundo está ciente do sono profundo e eu não entendo por que é assim.
R: Eu também não. Sono profundo é sono profundo. E mesmo no caso de um sábio, a identificação com o nome e a forma como um 'eu' ainda está lá. E isso é o que vem à tona quando ele acorda.
P: Então mesmo se um jnani estiver em sono profundo e alguém chamar seu nome, ele vai acordar?
R: Certamente. Portanto, a identificação com o nome e a forma está lá.
P: Então, como é que o sono profundo difere de estar acordado no estado de vigília?
R: Estar acordado no estado de vigília - esse é um ponto importante. Para o sábio, estar acordado no estado de vigília não significa o abandono da identificação com o nome e a forma. O sábio ainda tem que viver sua vida no mundo; Portanto, ocorre a identificação com o nome e a forma física na forma de uma entidade individual separada do resto do mundo. Assim, o sábio não perdeu sua separação do resto do mundo como uma entidade individual. Ele perdeu a separação com o resto do mundo com esta compreensão que seu próprio organismo corpo-mente e todos os outros organismos corpo-mente separados são meramente objetos através dos quais a mesma energia da consciência opera. Dessa maneira, quando há o entendimento de que é a mesma Consciência ou energia ou Deus que opera através de meu organismo corpo-mente e o organismo corpo- mente da Paula, quando a compreensão é absolutamente profunda, isso significa que não existe nenhuma separação. Mas há separação no que diz respeito à aparência e aos objetos.
P: Eu tenho confundido o sentido de ser autor das ações com identificação, mas eles são diferentes.
R: Certo. Sendo assim, o sábio é chamado pelo nome. ele responde, obque pressupõe a identificação com um nome e um corpo particular. Assim também faz o homem comum. Se o sábio responde ao seu nome sendo chamado e um homem comum também responde ao seu nome sendo chamado, onde está a diferença? A diferença reside no fato de que, no caso de um homem comum, além da identificação com o nome e a forma, há o sentimento profundo de autoria das ações, algo que é obliterado no sábio. No caso de um sábio, ocorre a total aceitação de que não há nenhuma fazedor individual, que tudo o que acontece com todos os mecanismos corpo-mente é criado por Deus. O sentido de ação pessoal é removido do ego, então o que resta do ego após a compreensão é uma mera identificação com o nome e a forma para permitir que esse organismo corpo-mente individual viva o resto de sua vida no mundo.
P: Então se você não estivesse identificado com seu corpo, seu nome e forma, você não sentiria a necessidade de alimentar-se, de vestir-se, ou de qualquer coisa assim. É a identificação com seu corpo que faz você cuidar dele para que você continue a viver.
R: Sim e viver e fazer tudo o que o corpo é suposto fazer com o entendimento de que o que eu acho que eu faço não sou eu que estou fazendo, que eu não estou fazendo nada. Desse modo, colocando em palavras diferentes, o sábio, bem como o homem comum, participa plenamente neste filme da vida. Se há algo de trágico, poderá haver lágrimas nos olhos do sábio, como nas pessoas comuns. Se há humor, ele vai rir plenamente como o homem comum. Mas a única diferença é, enquanto o homem comum vê a vida como real conforme ela acontece, o sábio nunca deixa de estar ciente da tela da realidade da
Consciência na qual o filme irreal da vida está sendo mostrado. Assim, enquanto o sábio participa na vida, ele jamais esquece da tela de Consciência ou da Consciência impessoal por trás na qual este filme acontece.
___________________________________
Paula: O que eu realmente quero lhe perguntar é: Qual é a verdade final?
Ramesh: A verdade final é só uma coisa: na ausência de Consciência não existe nem você e nem eu, nem ele e nem ela. Portanto, a Consciência é a base de tudo. Na ausência da Consciência, não existe a manifestação e nem o funcionamento da manifestação, portanto, não existe a vida. A própria manifestação depende da existência da Consciência. Essa é a primeira verdade.
P: Por que filosofia ocidental sai por uma tangente tão diferente?
R: A filosofia ocidental tem dado muita importância para a obtenção de provas.“Penso, logo, existo.” Aqui, dizemos, 'existo, logo, penso.' O Ocidente diz, 'eu acredito se eu ver'. Na filosofia oriental, acredite e, então, você verá!
P: Os professores que conheci, por exemplo, você e Wayne Liquorman, falam sobre o ensinamento de uma forma muito precisa e conceitual. Mas há professores que vêm de Papaji, por exemplo, que dizem que devemos esquecer os conceitos e apenas estarmos aqui agora.
R: Mas o que eles querem dizer com 'estar aqui e agora'? Se é apenas 'estar aqui agora', então não há a questão de nenhuma conversa, nenhum dialogo. Qualquer coisa que alguém disse ou vai dizer, obrigatóriamente será um conceito, pois algumas pessoas irão aceitar aquilo e algumas pessoas não. A única verdade é a consciência impessoal do 'Eu sou', não na forma de ‘eu sou Paula’ ou Ramesh ou tal e tal. Eu sou esta consciência (awareness) impessoal é a única verdade. E quando você está nesta consciência impessoal, nada acontece. Assim, o “seja como você é” acontece quando não há nenhum pensamento. Isso é tudo o que existe. 'Seja como você é' significa simplesmente que não há nada a ser feito; não pense, não faça nada, seja como você é.
Mas na vida você tem que pensar, você tem que tomar decisões, você vê? As decisões têm de ser tomadas como se você fosse uma entidade individual com vontade própria. O que acontece na vida é que você está tomando decisões o tempo todo. E qual é a nossa experiência, a experiência de todos? Nossa experiência é que tomamos uma decisão, às vezes ela se transforma em uma ação, um acontecimento, às vezes não. Se uma decisão se transformará em uma ação ou não não está no nosso controle. Essa é a experiência de todos. Mas ainda assim dizemos: 'eu estou no controle da minha vida.'
P: Eu consigo entender que não existe livre arbítrio, que tudo é a vontade de Deus, eu consigo aceitar isso. Mas para chegar ao entendimento de que não sou quem realiza as ações, também dependerá da vontade de Deus essa compreensão chegar?
R: Se você será capaz de aceitar que você não é o realizador das ações e que ninguém o é, também depende da vontade de Deus.
P: Mas eu li que Ramana Maharshi disse que a única escolha que temos é de nos voltarmos para dentro, e isso implica uma forma de escolha por parte do indivíduo.
R: Sim, implica mesmo! Então, a pergunta seria: aqueles que não se voltam para dentro, foram eles que decidiram não fazer essa inquirição? Você vê o que quero dizer? O que estou dizendo é que, ou eles estão interessados, ou não estão interessados. Para aqueles que estão interessados é pedido para que descubram quem quer saber, quem sou eu? Aqueles que não estão interessados não estão preocupados porque não são programados para ter qualquer interesse nesta busca espiritual. Dessa forma, a questão de fazer uma escolha não entra aqui. Ao mencionar 'escolha', o que Ramana Maharshi provavelmente quer dizer é que você tem a opção de seguir por qualquer caminho e você irá por esse caminho, o qual é indicado por sua programação. Então você está livre para fazer a escolha de qual caminho você vai seguir; Se você vai pela auto investigação ou se você vai pelo bhakti, repetindo o nome de Deus, ou fazendo trabalho social, como Madre Teresa, você tem a escolha, mas essa aparente escolha, após investigação, mostra-se estar baseaada em sua programação.
P: Então é uma aparente escolha esse voltar-se para dentro.
R: Uma aparente escolha. Por isso, a escolha que supõe-se que você tenha - qual caminho você irá tomar - é apenas uma escolha aparente porque essa escolha baseia-se invariavelmente na sua programação, seus genes e seu condicionamento.
P: Algo que tenho lutado no ensinamento é com o paradoxo de que no nível dos fenomenos, eu existo, mas no nível do sujeito, eu não existo.
R: Você não pode saber no nível do sujeito, esse é o ponto. No nível do sujeito você é a consciência apenas. A nível do sujeito não há nada diferente de consciência. Assim, tudo o que você estiver pensando só é possível no nível fenomenal. É por isso que, se você lembrar, eu sempre pergunto: por que você quer a auto-realização?
Por que você quer a auto-realização, Paula?
P: Porque eu acho que é uma boa coisa para se ter!
R: A razão de eu estar perguntando é que quando acontece a auto-realização, o 'eu' querendo a auto-realização como uma entidade individual, com um senso de ser o realizador das ações, não permanece. Então, é por isso que meu ponto é - quando você quer a auto-realização é porque você espera que a realização irá torná-lo feliz ou lhe dará paz e felicidade na vida.
Esse é todo o problema, você vê. A auto-realização significa ausência do 'eu' querendo a auto-realização. O 'eu' como o autor, como uma entidade individual, com uma sensação de ser o realizador das ações. Quando isso desaparece totalmente, aquilo que resta é apenas a identificação com o organismo de corpo-mente para permitir que esse organismo corpo-mente funcione na vida, sabendo que em tudo o que acontece na vida, não há ninguém fazendo nada. A compreensão básica da auto-realização, da iluminação, de acordo com meu conceito, é que não há nenhum fazedor individual. Não há nenhuma ação que é feita por uma entidade individual. Toda ação é um acontecimento porque vem a ser a vontade de Deus, ou se você não gostar das palavras vontade de Deus - e algumas pessoas não gostam - vamos dizer, nada pode acontecer a menos que esteja de acordo com uma lei cósmica. E essa lei cósmica nenhum indivíduo pode jamais conhecer.
P: Por fim Ramesh, quem sou eu?
R: O 'eu' de que você está falando é realmente o 'eu', não é? Você vê? A Paula é simplesmente o nome dado a um organismo corpo-mente, que é um instrumento programado através do qual o 'eu', sendo a fonte, opera. O 'eu' é o nome dado a um instrumento programado de forma única através do qual o 'Eu', ou a fonte ou Deus, opera e traz certas ações estão destinadas a acontecer de acordo com a lei cósmica.
4 comentários:
Muito bom!
Esses textos do R.Balsekar que vc publica são ótimos!
Obrigado por isto.
José Santos.
Gosto de tudo do R. balsekar.
Belo texto, parabéns pela postagem.
Ramesh Balsekar e Nisargadatta é realmente o que mais gosto por aqui.
Obrigado!
Postar um comentário