domingo, 31 de março de 2013

Siddharameshwar Maharaj - 13 de outubro de 1935

Brahman é o Ser, o Atman e “Atman” significa o nosso “Ser” apenas.  As dez experiências dos dez órgãos sensoriais não são dez sensações diferentes, são todas a ação única do Ser uno. Há uma história que diz que vários órgãos entraram em greve não querendo mais fazer seu trabalho. O Ser é o rei e é para Ele que os órgãos trabalham. Ele apenas é o Maior de todos. A identificação com o corpo é a natureza do Jiva, o indivíduo. Até mesmo o senso de “eu sou Brahman  também é dissolvido no caso daquele que tornou-se Brahman. “Aquele” é o estado onde não existe “eu” e não existe “você”. Não está existindo nem não existindo, é algo além de ambos. O orgulho de que “eu sou o Ser” também não está presente no Ser. Não há algo como “é” e “não é”. A onda do mar é apenas “Mar”, mas em vez de estar separada ela deve aquietar-se. A explicação de que Aquilo não é “algo” é que Tudo o que tem aparência não é “Aquilo”. Todas as diferenças são percebidas em relação à ilusão. No que diz respeito à Verdade não há graus como mau, melhor, médio, inferior, etc. Foi perguntado a um homem de Sabedoria, um Jnani, “quem é você” e ele permaneceu em silêncio, porque a Realidade não pode ser descrita. Ele apenas disse: “os Vedas (as escrituras) nos dizem para ficarmos em silêncio.
O sábio Pippalaian disse: ” Vou descrever o que Maya é. Ela não é. E é isso o que vou descrever. Vou contar como muitos navios naufragaram nas águas da miragem.”     
Há algo em nós que responde a um chamado dizendo “O”. Esse que responde é o “Om”. As três sílabas “A U M” formam esse OM. Sattva, Rajas e Tamas * estão respectivamente relacionados a essas letras. Om é o poder de “conhecer”, o qual é a Consciência, o princípio “Mahat”, também chamado de “poder de ação” e o “poder da matéria”. Dizer “Eu Sou” é Brahman, mas se você quer dizer “eu sou o corpo” então você não é Brahman, você é apenas um indivíduo, o Jiva. O “Tesouro” está dentro de nós e tem valor imensurável. É Brahman, a própria divindade. Se ele passa a orgulhar-se na forma física sua perfeição é diminuída e sofre grande pesar. Entretanto, se abandona esse orgulho mesquinho do corpo, esse tesouro é Deus. Nós nunca esquecemos que nós somos, mas nunca dizemos: “eu sou”. A experiência do nosso ser existindo está aí sem dizer nada a respeito. É como é e isso é Brahman.
Quando vem para este mundo o Jiva chega chorando. Todos chegam chorando e vêm para chorar apenas. O único objetivo de vir para este mundo é para chorar. O destino da pessoa que nasce é chorar. Todos seguem em frente chorando. Ninguém olha para trás, se a pessoa olhasse para trás (para  a Fonte) não haveria nenhum motivo para chorar. Aquilo que é muito natural é Brahman. O que você está estudando? Todo estudo não é nada além de choro. Deixe tudo o que é ser como é, não diga nada e será como é. As escrituras (os Vedas) dizem que você não é nada, então por que você está chamando-se de alguém à força?
Você deve ficar em silêncio, assim como um homem morto. Estar em silêncio como Deus é ser Deus. Brahman é silêncio. Nossos conceitos são nossos inimigos. Não importa o quão grandiosas e ricas sejam suas conquistas, no fim você será insignificante. Todas as suas conquistas não terão utilidade no fim, sendo que você irá morrer com o conceito de que você é um mesquinho indivíduo. Você não pode obter grandeza real sendo um indivíduo. O que quer que você tenha ganhado será destruído na sua frente ou posteriormente e você morrerá como um Jiva mesquinho. Portanto, na realidade você não obtém nada. Mesmo que o Jiva seja realmente uma parte de Deus, mesmo um Deus morre como um Jiva insignificante, pagando as dívidas de suas ações a cada momento com medo em seu coração e sem a realização de sua divindade. Todas as riquezas provam ser inúteis. O que quer que aconteça é ilusão e o que é como é sem se tornar coisa alguma é Brahman. Repetidamente as pessoas viram presas da grande ilusão, tentando fazer algo ou tornar-se algo. O que quer que você possa se tornar é tornar-se algo “diferente” e o diferente é sempre mesquinho. O silêncio é a qualidade dos grandes homens. O que quer que você dê um nome significa um rebaixamento da Realidade, portanto não tente ser alguém.    
Não há autoridade maior do que Brahman. Não toque nada “diferente”. Assim que você toca algo (assume como sendo verdadeiro) isso estraga e você é manchado. Porque você profere palavras dizendo que você é “tal e tal”, Brahman é chamado de um indivíduo. Do que quer que você chame a si mesmo você será chamado pelas pessoas. Você pode chamar-se do que quiser, mas fazer isso significa descender, vir para baixo. É apenas o ouro que é chamado pelo nome de bracelete. Ao dar ênfase ao nome você esqueceu-se da “coisa original”. O ouro jamais tornou-se o ornamento, foi sempre Ouro o tempo todo. Devido ao nome, a coisa original vai para trás de uma cortina, é coberta por um rótulo. A coisa original se torna invisível. O nome é usado e a coisa original é eclipsada. É como se ela ficasse fora de vista e em alguma outra parte. Pelo orgulho do nome ele torna-se importante e seu império se espalha. A coisa original fica encoberta. A ilusão é assim, não existe cabelo na língua, dizer que existe é ilusão. Os objetos dos sentidos dão como frutos dor e pesar e um pouco de prazer. O indivíduo pensa que os objetos são reais e assim sofre dor e prazer. Embora ele seja o Ser, pela força dos desejos e da luxúria torna-se um pequeno indivíduo.
Os três poderes, o de Conhecimento, de Ação e de Matéria são um na totalidade de Brahman. Somente Brahman é aquele que "É" desde o início. Os cinco elementos são todos apenas Brahman. Dentre tudo há apenas Um sozinho. Neste corpo também, é Ele apenas que está aí. Tudo é Ele. Brahman é o Único. 
Se uma jaca é feita de açúcar, todas as suas partes como a casca, os gomos, os caroços são simplesmente açúcar. Similarmente, isso que é chamado de “este mundo” em suas formas numerosas é apenas Brahman. A forma do corpo cresce através do poder de Brahman, é Brahman apenas. Como uma boneca feita de pano, nela, tudo é apenas pano. Similarmente, o corpo é todo apenas o Auto Poderoso Brahman. Ele está em toda a manifestação e é natural. De maneira alguma é perturbado por nenhuma aparência e jamais foi corrompido. O Ghee (a manteiga clarificada) estando no estado sólido ou no estado líquido é sempre apenas Ghee. O ignorante pensa que eles são diferentes; para o sábio o Ghee é o mesmo, seja sólido ou liquido. Entender a nossa “Existência” não corrompida dessa maneira significa conhecer Brahman, o qual permanece puro não poluído por coisa alguma. Se há um cheque de mil rúpias e se há mil moedas de uma rúpia cada, o valor não muda. O desenho e a forma são uma distorção do valor que está por trás. Estar sólido é uma distorção do Ghee. A forma sólida é um resultado cumulativo, um processo de armazenamento.
A “Existência” básica é Brahman apenas. Aquele que diz que Brahman passou por alguma mudança é um estúpido. Brahman não tem pais, não pode ser diminuído e nem aumentado. Ateísmo e Teísmo não têm lugar nele, Ele é sempre como é. Apenas o que é criado tem crescimento e modificação. Se você toma banho nas águas de um rio, o rio não perde nada. A água retorna para o mesmo rio. Os estados de infância, juventude e a velhice são experimentados apenas pelo corpo. Brahman não se torna uma criança, um jovem ou um velho. A pessoa não é nem homem nem mulher, embora esteja no corpo, sua existência é diferente dos estados do corpo. Saiba que você é Paramatman. Mas lembre-se bem que é Ele que está aí e não “você”. Quando isso é confirmado o objetivo é alcançado.     

Um comentário:

Anônimo disse...

Muitíssimo obrigado pelas traduções e pelo blog Ricardo, muito grato!!

Fernando