quinta-feira, 25 de março de 2010

Siddharameshwar Maharaj - Permaneça Alerta Internamente

(Mumbai, 5 de outubro de 1935)

Não importa o quão erudito ou estudado você possa ser no mundo, isso é um show externo. Sua consciência deveria ficar firme e internamente constante. Um homem que tenha ganho grande fama no mundo, estará desperdiçando sua vida se não estiver livre e desperto internamente. Aquele que deixou escapar o Deus Um, jogou sua vida fora. Qual é a utilidade de ser famoso na vida pública? Quando a pessoa não tem Auto-Conhecimento, ela é ignorante do Ser. Se você é um devoto de Deus, o lugar onde você está agora, e seu lugar depois da morte, é o “Mundo de Deus”. Se você está apenas inclinado para as coisas mundanas, você voltará para o mundo. Quando você é devotado ao Ser, você permanece no Ser - Um com Ele.


O propósito de falar tudo isso é que você tem de queimar todo o lixo desnecessário e ser Um com “A Totalidade do Absoluto”. Se você dissolveu os desejos do corpo e os elementos que constituem o corpo estão fundidos nos vastos elementos do universo, então você está livre ainda que tenha um corpo externo. Isso em si é a Liberdade. Um homem que constantemente pense em mulheres, no próximo nascimento nasce mulher. De acordo com o que você pensa e medita, é naquilo que você se torna. Alguém cuja atenção está sempre voltada para as coisas mundanas, tem de vir repetidamente para este mundo.


Em outra criaturas “Este Conhecimento” está ausente. Apenas os seres humanos tem este Conhecimento, e, portanto, somente na vida humana fazer tal meditação é acessível. Não é verdadeiro afirmar que com a completa saturação nos múltiplos prazeres, você eventualmente se tornará sem desejos. Não! Os desejos não morrerão nunca dessa maneira, apenas aumentarão. Os desejos de alguém que não teve chance de desfrutá-los já são grandemente aumentados.


Todos, ocasionalmente, dirão que estão desgostosos com a vida, mas é porque não podem encontrar a solução para seus problemas. Isso é frustração e não a real ausência de desejos (Virakti). Você não pode ter um sonho do jeito que você deseja. A experiência do sonho é causada por algum anseio contínuo. De acordo como você coloca a sua energia em algum sentimento particular, você obtém aquilo. Se você se concentrar em Brahman, o qual é sem atributos (Nirguna), você irá experimentar Isso. Ali, os atributos ou qualidades (Gunas) terminam. É quando os gunas (ou desejos), repetem-se constantemente e se multiplicam, que eles assumem a forma do Universo. Essa é a Ilusão Original, Moolamaya, ou a “Ilusão que Produz a Consciência”.


Através da meditação “Naquilo sem Atributos” (Nirguna Brahman), nós alcançamos a dissolução dos atributos (Gunas). Dessa maneira você pode tornar-se Singularmente Um.

É uma regra que um renunciado (Sanyasi) tem de remover seu cabelo e raspar sua cabeça. Isso significa que o orgulho dos atributos deveria ser removido. Simboliza que qualquer coisa que tenha crescido sobre o Ser devesse ser removida. O que estava lá Originalmente parece ter-se tornado outra coisa diferente. A “outra coisa” precisaria ser removida e aquele “Ser Original” deveria permanecer. O Estado Original não tinha qualidades, tais como Sattva, Rajas ou Tamas. Então, uma dessas qualidades apareceu. A natureza desse Guna é o poder de imaginação. Abraçando esse Guna, o Ser considerou-o erroneamente como sendo Sua própria natureza e esqueceu sua “Natureza Original”. Aí foi onde a confusão tomou conta. O Ser tem que estar muito alerta ali. Ele deve perceber que o poder da imaginação não é Sua Verdadeira Natureza e que ele é sem dualidade. Ele não tem qualidades, Ele é o “Ser Totalmente Livre”.


O fruto final de tudo é apenas reconhecer o Deus Uno. Reconhecer Deus é pensar sobre o que você é. O pensar está apenas no campo da ilusão, desse modo qual é o significado disso? Significa pensar que “eu não sou nada” e o Ser prevalece. Pelo menos isso deveria ser entendido. Conhecer a Verdade é chamado Conhecimento Correto. “Conhecer a Verdade” é Conhecimento. Quando a convicção firme de que “Eu sou Aquilo” (Soham) estiver fixada, saberemos que somos nada. O que quer que exista é apenas Brahman. Agora, por que lutar contra a lógica? O Ser está no seu Lugar Correto. Sem o Ser pode alguém até mesmo dizer seu próprio nome? A criança diz que um certo nome lhe deveria ser dado? Você pode dar qualquer nome para Aquilo que não pode ser descrito? O que tinha de acontecer já aconteceu, surgiu, e então o nome foi dado pela imaginação. O nome foi dado a partir daquilo que a mente escolheu. Foi apenas por convenção social que o nome foi dado ao usar-se uma certa palavra. O nome Wadhi é dado a uma garota que serve comida. Wadhi significa aquela que serve comida. Similarmente, o nome Shende significa último, e esse nome é dado para aquele que é o último. Os nomes estão simplesmente surgindo da imaginação. As vezes eles denotavam adequadamente as qualidades da pessoa e as vezes esses nomes não eram suficientes, portanto, os sobrenomes foram criados. Foram adicionados porque os primeiros nomes não eram adequados.


O Ser está onde está. Não há sentido de corpo para Ele. Os cinco elementos estão em seus lugares. O corpo não está ali. Nós não estamos ali. O corpo é uma forma falsa. Ninguém jamais teve realmente um corpo real. Brahman também não tem um corpo real. Ninguém pode ter um corpo real. Ninguém é real por causa do corpo. Qualquer que seja a forma, o corpo é falso. Tudo, na verdade, é sem forma. Todos deveriam olhar para si mesmos e alcançarem o que é para ser alcançado. Aquele que diz que o corpo é real, é um grande pecador. Ele é como o assassino de um Brahmin (um conhecedor de Brahman). Deus é sem forma. A partir de agora, sem mais conjecturas por favor. O Ser em Si mesmo, já é realizado (um siddha). Que práticas espirituais (sadhanas) mais Ele precisa? Uma vez que a cabeça está completamente raspada, como ela pode ser raspada de novo? Deveria a própria cabeça ser cortada? Como pode aquele que é livre ter aprisionamento? Práticas espirituais têm como seu propósito fazer com que encontremos o nosso Ser. Quando ele já foi encontrado, qual é a utilidade do Sadhana? Se um oleiro tornar-se rei, ele ainda ficará cuidando dos asnos? Por que ele se incomodaria em preparar o barro? Todos os vários tipos de esforços e práticas espirituais são os resultados de nossas próprias aptidões. Quando a pessoa está além delas, por que deveria se preocupar com elas?


Aquele que é um pecador, deveria fazer boas ações; se você pensa que algo de mau foi feito, você deve fazer algumas boas ações. Isso é uma atitude mental. Por que deveria aquele que renunciou, cair novamente nos humores da mente? O que há para ser atingido através de várias práticas? Que fruto é para ser obtido ao observarmos as regras de conduta? Quando a própria pessoa se tornou “Aquilo” que era o objetivo do Sadhana e “Aquilo” é experimentado internamente e embebido profundamente, então você pode continuar devoto do Guru por causa de seu amor por Ele. Entretanto, isso deveria acontecer sem desejo. Você já é “Um com Brahman”. De modo a manter em mente o que o Guru fez por você, você canta em louvor. Nós somos “Aquilo”. O corpo pertence aos cinco elementos. O indivíduo realmente é apenas Brahman. Pense profundamente a respeito apenas de “quem” você é e “onde” você está. Sem pensamento intencional, o que você sente que você é? Quando você pensa, você acaba por ver que você não é nada. O que é, é o Ser. O verbo “é” denota o Ser natural. Se você diz que você é um indivíduo, ou Jiva, você experimenta Jiva. O Ser verdadeiramente é Deus, LaxmiNarayana. Permeando em todos, Narayana é sua natureza, sua Grande Fortuna, ou “Laxmi”, é sua qualidade. Ele é RadhaKrishna. O Ser é Aquilo, qualquer que seja o nome que você o chame. Se você disser ilusão, ele é ilusão.


A “Totalidade do Ser” é “Tudo”, e aquele que é realmente uma pessoa sábia busca descobrir quem ele é. O homem examina tudo mas não pode reconhecer a si mesmo. Aquele que não pode reconhecer a si mesmo não pode ter a Realização. Quando a intenção de dizer “eu sou” é abandonada, então não há “coisa alguma”. O que sobra é Brahman, que realmente é o que você é. Estar convencido disso é muito profundo e é chamado de “A Realização da Espiritualidade”, e a “Ciência da Espiritualidade”. O caso não é que estamos separados do corpo e de Deus. O fruto não está separado, e nós não estamos separados. Somos o fruto. O objetivo é o Absoluto Final, o qual é Um conosco. A pessoa tornou-se o fruto quando esteve tentando obtê-lo. Um homem enquanto se preocupava a respeito de sua pobreza tornou-se Rei, então, por que ele deveria continuar se preocupando com sua pobreza? Nós já somos “Aquilo” que o buscador e o Mestre estavam tão ocupados fazendo Sadhanas para atingir.


É com o objetivo da pessoa encontrar a Si mesma que todos os caminhos são apresentados. Agora, nós somos “Aquilo”. Isso está provado, está Realizado. Agora, não há a questão de fazer ou não fazer algo. Aqueles que estavam com medo das ordens do Rei, tornaram-se Reis. O medo desapareceu junto com a pobreza. Que estudo a respeito dos Vedas os Vedas em si deveriam fazer? Como um local de peregrinação pode ir até si mesmo? Que Deus deveria ser encontrado por Deus? Que “Néctar da Imortalidade” deveria o néctar beber? Que “imensurável” deveria ser adorado pelo imensurável? Que “sem qualidades” deveria ser o objeto de adoração do sem qualidades? Que “Realidade” deveria desfrutar da Realidade? Como pode o “Brahman Imaculado” experimentar a Si mesmo? Como pode o “objeto da meditação” meditar sobre si mesmo? Quando você realiza a Si mesmo, tudo fica além das palavras. O “indescritível” está agora provado.