quarta-feira, 15 de abril de 2009

Farid ud-Din Attar - Uma história em alegoria



Uma criança caiu nas águas de um rio e sua mãe caiu na agitação e na angústia. Em seu terror, a criança debatia os braços e as pernas; porém a água levou-a para perto do barco do moinho. A água arrastava-a, e a bem amada criança afastou-se dali, deslizando pela superfície da água. A mãe vendo aquilo, desejou estar naquele barco. Contudo, ela atirou-se na água e salvou a criança; tomou-a então em seus braços e amamentou-a com seu leite e apertou-a contra seu peito.

Ó Tu cuja ternura é parecida com a das mães! És para mim neste redemoinho, um barco protetor. Quando caí neste abismo de estupefação, encontrei-me ante ao barco no oceano dos suspiros. Tendo sido presa da vertigem como essa criança na água, agitando em meu desconcerto os pés e as mãos.

Ó tu que estás cheio de ternura para com as crianças de Teu caminho! Lança neste momento com benevolência um olhar sob aqueles que submergiram, tem piedade de nossos corações cheios de angústias, vem em nossa ajuda ao ver que as águas nos arrastam, faz-nos saborear o leite do seio de tua graça, não retires de nossa frente a mesa de tua generosidade.

Ó tu que estás além da inteligência e a quem não se pode definir! Tu a quem os relatos dos narradores não saberiam descrever; a mão de nenhum de nós poderá alcançar a brida de teu corcel, e necessariamente não somos mais que a poeira da tua poeira; Teus santos amigos chegaram a ser tua poeira, e os habitantes do mundo não são mais que a poeira de tua poeira.