terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Shri Siddharameshwar Maharaj - O sonho dentro do sonho

O Ser (Atman), que é sem nascimento e sem morte, dormiu; e em seu sonho, ele teve um sonho. Que tipo de sonho era esse? A aparição do mundo foi o sonho, e nesse sonho, ele sonhou que se tornou um indivíduo (Jiva). Então, a ilusão só aumentou. A aparência desta vida como sendo real, é um sonho. Aquele que era Deus, se tornou um servo. Conceber como reais todas as pessoas, como a mãe, o pai, o irmão, os outros e o mundo todo, é o sonho. Todos os seres do mundo estão se revelando neste sonho. É muito raro e muito importante que uma dentre todas as pessoas deva pensar bastante à frente.
Ter confiança em um santo é uma coisa muito rara. Um aspirante assim, age de uma forma não egoísta. Aquele que está cheio de ego não vai nem mesmo jogar um pedaço de pão para um cachorro. Depois de realizar alguma caridade com a ausência do ego, há muitas vezes a experiência de altruísmo ou de pura inteligência que surge. É uma grande coisa sentir respeito pelo Santos. Grande é o fruto das bênçãos de nossos antepassados, os Santos que vieram antes.
Discernimento (Viveka) entre o essencial e o não essencial durante esta vida-sonho é raro.
A riqueza é uma espécie de narcótico como o vinho.
Por causa dos méritos do último nascimento, a pessoa volta-se para o Guru, e fica curiosa a seu respeito. É ela que pode verdadeiramente utilizar o poder de discernimento. Essa pessoa vai até o guru e pensa sobre o que é essencial e o que não é essencial, e chega ao entendimento de que, "eu sou Brahman". Só então ela pode perceber que o mundo é ilusão, e se tornar desperta daquele sonho. Ela experimenta a pura essência do Ensinamento, e entende que o mundo todo é uma ilusão, e que "O Ser Supremo (Paramatman) é a única verdade." Torna-se então aquela "Existência, Consciência e Graça(SatChitAnanda) encarnadas", tornando-se um com Brahman.
Quando você vem a conhecer o significado, e, quando pensa sobre isso, dizendo "Agora, eu tive a experiência, e, agora estou acordado." Quem é esse ‘eu’ que adquiriu a experiência? Quando você diz que você experimentou alguma coisa, existe o ego ou o "eu sou" (Aham). A coisa que diz "eu", ou "Você" não é nada.

Você diz que sabe, mas isso é apenas ego. É engano na ilusão. Por exemplo, você pode pensar que, "ele é", ou "você é" a mesma entidade antiga a quem as pessoas chamavam de Sr. Smith, mas agora "Sr. Smith" tornou-se Brahman. Se você decidir que o antigo Sr. Smith era só ilusão e que aquela "não-entidade" agora se tornou realidade, então a sua ilusão ainda não foi dissipada. O que é naturalmente o seu Ser, é a realidade como ela é. Não existe "eu" ali, mesmo na forma mais sutil. Enquanto for sentido mesmo que no mínimo, que há qualquer necessidade de proteger o corpo, o "eu" não desapareceu. Deveria haver o próprio sentimento efetivo, a experiência, que o universo inteiro está dentro de você. Este é o entendimento de que "Tudo é Ele", e "Eu sou Ele".

O bicho da seda constrói a sua própria casa, um casulo, e depois morre nela. Você também está se atando similarmente. Você se considera ser o corpo físico. Isto em si é o cativeiro. Você tem se tornado como o casulo do bicho da seda. Água morna é derramada sobre o casulo, o bicho da seda é morto e, em seguida, a seda é colhida. Se você mantiver o sentimento que o universo inteiro, bem como o vento e o espaço que estão contidos dentro dele, é o seu corpo, então você automaticamente é Brahman. Existe apenas Brahman, que é apenas Um. Aquele que sabe que não há mais nada, é ele próprio Brahman. Aquele cujos anseios pelos objetos dos sentidos se foram, cujo sentido de "eu", como separado de tudo o resto se foi, e cujo orgulho se foi, é aquele que realmente realizou Brahman.

Shri Sadguru Upasni Maharaj - 'Sat-Chit-Ananda' (existência-consciência-graça)

Todos os objetos que são vistos no mundo, falando realmente, são não-existentes. Eles são transformações da própria mente da pessoa. Isso é o siddhanta. Quando podem os objetos do mundo não serem experimentados? Eles não serão experimentados apenas quando a própria mente da pessoa, que transforma a si mesma naqueles objetos, tornar-se não–existente. No caso da pessoa que atinge esse estado de não-mente, a mente não se transforma em objetos, para tal pessoa o mundo torna-se não-existente.
Se todas as pessoas do mundo atingissem esse estado, então o mundo todo se tornaria completamente não-existente. Todos então permaneceriam num estado de graça infinita e se fundiriam naquele Um sem forma. Eu mesmo estou neste estado. Quando estou neste estado, oposto àquele do mundo, eu me torno um e sigo apreciando aquela pura, singular e infinita graça. Experimento a mim mesmo como permeando tudo, formando tudo. Quando nenhum objeto é visto, então em frente aos olhos outra escuridão é experimentada.
É essa escuridão que traz à tona toda a criação. Essa escuridão que foi chamada de Adi Maya, Adi Shakti, ou o Prakriti primordial.
Quando a mente se torna completamente estável então o mundo não é visto; todos os pensamentos sobre qualquer coisa no mundo e do mundo automaticamente cessam.
Naturalmente o prazer e a dor provenientes das coisas do mundo, e consequentemente o corpo que os sofre, tornam-se não-existentes. Isso significa que a causa raiz de tudo isso se funde no próprio ser da pessoa, e com isso o que permanece é o Ser apenas, nosso Ser sem nenhuma forma ou sentimento.
É para experimentar nosso próprio estado real que temos de nos evoluir na forma do mundo e experimentar o mundo. E, portanto, torna-se essencial experimentar o mundo primeiro e depois experimentar nosso próprio estado real. Nosso Ser original não tinha nenhuma experiência de nós mesmos, mesmo sendo Sat-chit-ananda (existência-consciência-graça). Nós mesmos somos auto-iluminados e nossa natureza real é de infinita graça sem limites. E é isso que experimentamos, é isso o que nos tornamos.
No sono profundo o mundo todo submerge no próprio Ser, e ao acordar podemos novamente ver nosso corpo e o mundo. O estado de graça sem fim lembra o sono profundo, mas difere em um ponto; durante o sono profundo o homem não está consciente de nada, enquanto que nesse estado ele está consciente daquela graça infinita.
Estou explicando para vocês o que estou realmente experimentando. Aqueles que estão qualificados ao escutarem esse discurso irão se beneficiar. Eles experimentarão que suas mentes estão sendo purificadas gradualmente, permitindo assim que se qualifiquem para aquela graça infinita.