sexta-feira, 30 de julho de 2010

Meher Baba - Assimilação das Verdades Divinas e a Dinâmica do Progresso Espiritual

Assimilação das Verdades Divinas


O início da vida espiritual é marcado e ajudado pela meditação em geral, que não se preocupa exclusivamente com elementos específicos selecionados da experiência, mas que, em seu escopo abrangente, busca entender e assimilar as Verdades divinas da vida e do universo. Quando o aspirante está interessado em problemas mais amplos da natureza última da vida e do universo e começa a pensar sobre elas, pode-se dizer que ele se lançou em tal meditação.
Muito do que está incluído na filosofia é o resultado de tentar desenvolver uma compreensão intelectual da natureza última da vida e do universo.
A compreensão puramente intelectual das Verdades divinas permanece frágil, incompleta e indecisiva, devido às limitações das experiências que podem estar disponíveis como fundação das estruturas de especulação. A meditação filosófica que consiste num pensar livre e sozinho não conduz a resultados conclusivos. Ela muitas vezes leva a diversos sistemas ou opiniões conflitantes, no entanto, o pensamento filosófico não é sem valor. Além de levar até certa medida o aspirante ao reino do conhecimento, ele provê uma disciplina intelectual que lhe permite receber e compreender as Verdades divinas, quando acontece dele entrar em contato com elas através daqueles que as conhecem. O modo mais fecundo de meditação geral consiste em estudar as verdades reveladas sobre a vida e o universo. Este modo de compreender e assimilar as Verdades divinas pode começar ao ouvir ou ler exposições da Verdade divina, que têm sua fonte nos Mestres de sabedoria.
Os discursos ou os escritos do Avatar e dos Mestres Perfeitos, estejam eles vivos ou sendo do passado, são objetos apropriados para este tipo geral de meditação, porque a assimilação das Verdades divinas reveladas através deles permite que o aspirante traga sua vida a um alinhamento com o propósito de Deus no universo. As verdades divinas são mais facilmente compreendidas e assimiladas quando elas são passadas diretamente para o aspirante por um mestre vivo. Essas comunicações pessoais do Mestre tem um poder e uma eficácia que a informação recebida pelos aspirantes através de outras fontes não podem ter. A palavra torna-se viva e potente por causa da vida e da personalidade do Mestre. Assim, muitas escrituras enfatizam a necessidade de ouvir as Verdades divinas diretamente através da palavra falada de um Mestre. O modo geral de meditação que depende de escutar as exposições das Verdades divinas é, sem dúvida, o melhor, quando o aspirante tem a oportunidade de contactar um mestre vivo e ouvi-lo. Nem sempre é possível, entretanto, para o aspirante contactar e ouvir um mestre vivo. Em tais casos, a meditação através da leitura tem algumas vantagens que lhe são próprias. Para a maioria dos aspirantes, a meditação através da leitura não tem praticamente nenhum substituto adequado, porque começa a partir de exposições escritas que estão disponíveis em qualquer momento que seja conveniente. A meditação que se inicia a partir da leitura sobre as Verdades reveladas tem essa vantagem especial de ser facilmente acessível para a maioria dos aspirantes.
A meditação através da leitura tem suas desvantagens pois a maioria das exposições escritas das Verdades divinas são destinadas para o estudo intelectual ao invés da assimilação através da meditação. As dificuldades que os aspirantes experimentam neste contexto devem-se, ou ao fato de que o método de meditação não está adaptado ao assunto, ou a alguma falha no método, o que o torna mecânico e sem inspiração, ou à falta de manejo ou à imprecisão do objeto utilizado para meditação.
A forma de meditação que começa a partir de leitura sobre as Verdades divinas tem três fases:
1. Na primeira fase, o aspirante terá que ler a exposição diariamente e, simultaneamente, pensar bem sobre ela.
2. Na segunda fase, a leitura propriamente dita torna-se desnecessária, mas o tema do assunto de exposição é revivido mentalmente e pensado a respeito constantemente.
3. Na terceira etapa é completamente desnecessário que a mente reviva as palavras da exposição seja separadamente ou consecutivamente, e todo o pensamento discursivo sobre o assunto chega ao fim. Nesse estágio da meditação, a mente não fica mais ocupada com qualquer linha de pensamento e tem uma percepção clara, espontânea e intuitiva das Verdades sublimes expressas na exposição.


A dinâmica do progresso espiritual

O progresso espiritual começa quando há uma mudança radical no panorama da pessoa mundana. O indivíduo mundano vive principalmente para o corpo e mesmo naquelas atividades que não parecem ter referência direta com o corpo, em última análise, sua força motriz fundamental é encontrada nos desejos relacionados com o corpo. Por exemplo, uma pessoa vive para comer, ela não come para viver. Ela ainda não descobriu qualquer propósito que claramente transcenda o corpo, assim, o corpo e seus confortos se tornam o centro de todas as suas atividades. Mas quando ela descobre valores nos quais a alma é predominante, o corpo prontamente é relegado a segundo plano. A manutenção do corpo torna-se então para ela meramente instrumental para a realização de um propósito maior. Seu corpo, que tinha sido anteriormente um obstáculo à verdadeira vida espiritual, torna-se um instrumento para a liberação da vida superior. Nesta fase, a pessoa atende suas necessidades corporais, sem sentimento especial de auto-identificação, como o motorista de um carro que coloca combustível e água no carro para que ela possa continuar indo. O início do avanço espiritual é condicionado pela busca daquele objetivo para o qual o homem vive, objetivo para o qual ele, inconscientemente, ama e odeia e para o qual ele passa por diferentes alegrias e sofrimentos. Embora ele possa se sentir mexido pela força do incompreensível e irresistível destino divino, pode levar um longo tempo antes que ele chegue ao topo da montanha da Realização da Verdade, e o caminho está sempre cheio de armadilhas e precipícios escorregadios. Aqueles que tentam chegar a esse topo da montanha tem que subir cada vez mais alto. E mesmo que uma pessoa consiga escalar grandes alturas, o menor erro de sua parte pode mandá-lo para o início novamente. Portanto, o aspirante nunca está seguro a menos que ele tenha a vantagem da ajuda e da orientação de um mestre perfeito, que conhece os meandros do caminho espiritual e que pode não apenas proteger o aspirante de uma possível queda, mas conduzi-lo para a meta da Realização sem recaídas desnecessárias. O aspirante que tenta alcançar a meta carrega consigo todos os Sanskaras que ele acumulou no passado. Mas durante a intensidade de seu desejo espiritual, eles permanecem em suspenso e ineficazes por aquele período. Vez por outra, porém, quando há um afrouxamento dos esforços espirituais, os Sanskaras até agora suspensos de ação reúnem forças novas e, se arrumando em uma nova formação, constituem grandes obstáculos para o avanço espiritual do aspirante.
Isto pode ser ilustrado pela analogia de um rio. A poderosa corrente de um rio carrega consigo grandes quantidades de lodo do fundo e das margens. Enquanto essas quantidades estão suspensas na água elas não prejudicam o fluxo do rio, embora possam retardá-lo. Quando a corrente se torna mais lenta nas planícies, e particularmente na direção da foz, esse volume tende a se depositar no leito do rio e formar enormes ilhas ou deltas. Esses últimos não só obstruem a corrente, mas muitas vezes desviam-na ou mesmo dividem-na em pequenos córregos e, em geral, enfraquecem a força do poderoso rio. Ou ainda, quando o rio está em cheia, ele varre todos os obstáculos de árvores, arbustos e lixo em seu caminho, mas quando esses se acumulam até um certo grau, podem constituir um sério obstáculo para o fluxo do rio. Da mesma forma, o caminho do progresso espiritual é frequentemente bloqueado por obstáculos de sua própria criação e esses só podem ser retirados com a ajuda do Mestre.
A ajuda do Mestre é mais eficaz quando o aspirante renuncia a sua vida-ego em favor da vida plena que o Mestre representa. Uma completa auto-rendição é muito difícil de conseguir, e ainda assim a condição mais essencial do progresso espiritual é a diminuição do egoísmo para o mínimo. O objetivo do progresso espiritual não é a quantidade de "trabalhos", mas a qualidade da vida livre da consciência-ego. Se o aspirante tem muitas coisas boas a seu crédito, que ele reivindica como sendo suas, o seu ego prende-se aos resultados e isso constitui um obstáculo formidável para a vida ilimitada. Daí vem a futilidade de rituais e cerimônias, atos de caridade e boas obras, renúncia externa e penitências, quando esses estão enraizados na consciência-ego.
Por conseguinte, é mais necessário para o aspirante manter-se livre da idéia de "eu faço isso e eu faço aquilo.” Isso não significa que o aspirante deva evitar todas as atividades por medo de desenvolver essa forma de ego. Ele pode ter que assumir uma vida de ação para desgastar o ego que ele já desenvolveu. Dessa forma, ele fica preso em um dilema: se ficar inativo, não fará nada para romper a prisão de sua vida centrada no ego, e se levar a uma vida de ação, ele será confrontado com a possibilidade do ego ser transferido para esses novos atos. Para o avanço espiritual o aspirante tem de evitar esses dois extremos e ainda assim levar uma vida de ação criativa.
Trilhar o caminho espiritual não é como montar um cavalo selado, mas é como caminhar sobre o fio de uma espada. Uma vez que um cavaleiro está montado no cavalo, ele fica praticamente em repouso, sentado com certa facilidade lhe é requerido muito pouco esforço ou atenção para prosseguir. Trilhar o caminho espiritual, no entanto, requer máxima atenção e cuidado já que o caminho não oferece lugares de parada ou espaço para a expansão da vida centrada no ego. Quem entra no caminho não pode nem permanecer onde está, nem pode se dar ao luxo de perder o equilíbrio. Ele é, portanto, como alguém que tenta andar no fio afiado de uma espada. Para evitar a inação de um lado e o orgulho da ação do outro, é necessário que o aspirante construa da seguinte forma um ego provisório e de trabalho que irá ser totalmente subserviente ao Mestre. Antes de começar qualquer coisa, o aspirante pensa que não é ele quem está fazendo aquilo, mas é o Mestre que está fazendo com que as coisas sejam feitas usando-o como meio. Depois de fazer a tarefa ele não ficará reivindicando os resultados da ação ou irá apreciá-los, mas ficará livre deles, oferecendo-lhes ao Mestre. Ao treinar sua mente dessa maneira, ele consegue criar um novo ego que, embora seja apenas provisório e de trabalho, é amplamente capaz de se tornar uma fonte de confiança, sentimento, entusiasmo e "espírito" que a ação verdadeira deve expressar. Esse novo ego é espiritualmente inofensivo, uma vez que retira sua vida e ser do Mestre, o qual representa o Infinito. E quando chega o momento, ele pode ser jogado fora como um traje.
Existem, portanto, dois tipos de ego – um que só pode acrescentar às limitações da alma e o outro que ajuda na sua emancipação. A passagem do ego limitante mundano para o estado de ausência de ego da vida infinita, reside inteiramente na construção de um ego provisório gerado pela fidelidade incondicional ao Mestre. A construção de um novo ego totalmente subserviente ao Mestre é indispensável para a dinâmica do progresso espiritual. O aspirante estava acostumado a derivar prazer na vida de seu ego limitado e uma transição imediata da vida de ação egoísta para e essa vida de ação sem ego é impossível de ser feita sozinho e também não é aconselhável. Se fosse requerido que o aspirante imediatamente evitasse todas as formas de consciência-ego, ele teria que voltar a um estado de passividade negativa, sem qualquer expressão de alegria. Ou, teria que procurar expressão através de atividade que seria apenas automática, como a de uma máquina sem vida e, portanto, ele não poderia derivar qualquer sentido de satisfação. O problema real é que o aspirante tem que abandonar a sua vida do ego limitado e entrar na ilimitada vida sem ego, sem cair em um coma, onde haveria um declínio da vida. Tal coma poderia dar um alívio temporário da limitação da vida centrada no ego, mas não poderia iniciar o aspirante na infinidade da atividade sem ego. Esta é a razão pela qual na maioria dos casos o avanço espiritual tem de ser muito gradual e, muitas vezes, leva várias vidas. Quando uma pessoa parece ter tomado passos largos em sua evolução espiritual, às vezes ela apenas limitou-se a recapitular o avanço já conseguido em vidas anteriores, ou tenha havido a intervenção especial de um Sadguru. Em situações normais, o avanço do aspirante tem que ser gradual. A distância entre a vida limitada do ego e a vida ilimitada sem ego tem de ser coberta por estágios graduais de transformação do ego, de modo que o egoísmo seja substituído por humildade, os desejos surgentes substituídos por um crescente contentamento e o egoísmo seja substituído por amor altruísta.
Quando o ego é totalmente subserviente ao mestre, ele não apenas é espiritualmente inofensivo, mas é indispensável e contribui diretamente para o avanço espiritual do aspirante, porque ele lhe traz cada vez mais perto do Mestre através da vida de serviço altruísta e amor. O contato interior constante com o Mestre que ele assegura, torna-o particularmente receptivo à ajuda especial que somente o Mestre pode dar.
O aspirante que renuncia a vida de um ego desenfreado e separatista em favor de uma vida de auto-rendição ao Mestre está operando, através deste novo ego subserviente, como um instrumento nas mãos do Mestre.
Na realidade, o Mestre está trabalhando através dele. Assim como um instrumento tem uma tendência a ficar fora de ordem enquanto está sendo colocado em uso, o aspirante também fica suscetível a dar errado no seu trabalho no mundo. De vez em quando o instrumento tem que ser limpado, revisado, reparado e corrigido. Da mesma forma, o aspirante, que durante o seu trabalho vem a desenvolver novos problemas, complicações e abrigos para o ego-pessoal tem de ser colocado em funcionamento para que possa avançar. O aspirante que se alista no serviço do Mestre pode ser comparado com uma vassoura com a qual o Mestre varre o mundo limpando suas impurezas. A vassoura está fadada a acumular a sujeira do mundo, a menos que seja limpada de novo e de novo e receba uma nova base ela torna-se menos eficiente no decurso do tempo. Cada vez que o aspirante vai ao Mestre, é com novos problemas espirituais. Ele pode se ver capturado em novas complicações relacionadas com um desejo por honra, riquezas ou outras coisas mundanas que fascinam o homem. Se ele as perseguir, poderá obtê-las, mas ele poderá se distanciar da meta de experimentar Deus, na qual ele colocou seu coração. Somente através da intervenção do Mestre tais doenças espirituais podem ser curadas. Essa tarefa de curar as doenças espirituais é comparável à realização de uma operação por um cirurgião que remove imediatamente a própria causa que vinha minando as energias vitais de um paciente. Se uma pessoa desenvolve doenças físicas e se queixa, ela deve ir ao médico; e se ela desenvolve problemas espirituais, deve ir ao Mestre. Assim, o contato periódico com o Mestre é muito necessário ao longo do processo do avanço espiritual. O Mestre ajuda o aspirante de suas próprias maneiras invencíveis, que não têm paralelo nas maneiras do mundo. De modo a ser o destinatário dessa ajuda, o aspirante deve fazer um esforço real para se render à vontade divina do Mestre. O ego pessoal, que o aspirante renunciou em sua primeira rendição ao Mestre, pode reaparecer em um novo aspecto mesmo dentro do ego artificial cujo propósito é ser completamente subserviente ao Mestre e criar desordem em seu trabalho regular. Assim, essa nova ressurreição do ego-pessoal limitado do aspirante precisa ser combatida através de nova rendição ao Mestre. A série de ressurreições sucessivas do ego pessoal tem que ser acompanhada por uma série de novos atos de rendição ao Mestre. O progresso de uma rendição para outra rendição ainda maior é um progresso de uma conquista menor para uma maior. As formas mais completas de rendição representam os estados superiores de consciência, uma vez que asseguram uma maior harmonia entre o aspirante e o Mestre. Assim, a vida infinita do Mestre Perfeito pode fluir através do aspirante em medida mais abundante. O avanço espiritual é uma sucessão de uma rendição atrás de outra até que a meta da rendição final da vida centrada no ego separada é completamente alcançada. Apenas a rendição final é completa. É a contrapartida da união definitiva em que o aspirante torna-se um com o Mestre. Portanto, num certo sentido, a rendição mais completa ao Mestre é equivalente à realização da Verdade, que é o objetivo final de todo o avanço espiritual.

Philokalia - Nikitas Stithatos - Três estágios do caminho espirital


Existem três estágios no caminho espirital: o purgativo, o iluminativo e finalmente o místico, através dos quais somos aperfeiçoados. O primeiro diz respeito aos iniciantes, o segundo àqueles no estágio intermediário e o terceiro aos perfeitos. É através desses três estágios consecutivos que ascendemos, crescendo em estatura de acordo com Cristo e atingindo 'o estado de Homem Perfeito, à medida da estatura da plenitude de Cristo.' (Ef. 4:13)


O estágio purgativo refere-se àqueles recentemente engajados na batalha espiritual. Ele é caracterizado pela rejeição do ser materialista, libertação do mal material e empossamento do ser regenerado renovado pelo Espírito Santo (Col. 3:10). Ele envolve aversão pela materialidade, a atenuação da carne, o evitamento de qualquer coisa que ative a mente para as paixões, arrependimento pelos pecados cometidos, o dissolvimento com lágrimas do sedimento amargo deixado pelo pecado, a regulação de nossa vida de acordo com a generosidade do Espírito e a limpeza do interior do copo através do remorso (Mat.23:26) – o intelecto – de toda mancha da carne e do espírito (2Cor.7:1), para que ele possa então ser preenchido com o vinho do Logos que alegra o coração do purificado (Sal.104:15), e possa ser trazido ao rei dos poderes celestiais para Ele saboreá-lo. Seu objetivo final é que deveríamos ser forjados no fogo da luta ascética, lavando a ferrugem do pecado e escaldando com aço e temperando na água do remorso, para que como espadas possamos efetivamente cortar as paixões e os demônios. Atingindo esse ponto por meio de longa luta ascética, apagamos o fogo dentro de nós, amordaçamos as paixões brutas, tornamo-nos fortes em Espírito em vez de fracos (Heb.11:33), e como outro Jó conquistamos o tentador através de nossa resistência paciente.


O estágio iluminativo refere-se àqueles que como resultado de suas lutas atingiram o primeiro estágio de dissipação. Ele é caracterizado pelo conhecimento espiritual dos seres criados, pela contemplação de suas essências interiores e comunhão no Espírito Santo. Envolve a purificação do intelecto pelo fogo divino, a abertura noética dos olhos do coração e o nascimento do Logos acompanhado pelas sublimes intelecções do conhecimento espiritual. Seu objetivo final é a elucidação da natureza das coisas criadas pelo Logos da Sabedoria, a compreensão dos assuntos humanos e divinos e a revelação dos mistérios do reino dos Céus (Luc.8:10). Aquele que atingiu esse ponto através da atividade interior do intelecto, como outro Elias (2Reis2:1), conduz a carruagem de fogo através da quaternidade das virtudes e enquanto ainda vivo é elevado ao reino noético e atravessa os céus, uma vez que ele elevou-se acima da solidão do corpo.


O estágio místico e perfeito refere-se àqueles que já passaram por todas as coisas e chegaram 'à medida da estatura da plenitude de Cristo'. Ele é caracterizado pela transcendência da esfera dos poderes demoníacos e de todas as coisas entre a terra e a lua, através do alcance das mais altas posições celestiais, aproximando-se da luz primordial e compreendendo as profundezas de Deus através do Espirito. Ele envolve imergir nosso intelecto contemplativo nos princípios interiores da providência, justiça e verdade, e também a interpretação do simbolismo arcano, parábolas e passagens obscuras nas Escrituras Sagradas. Seu objetivo final é a nossa iniciação nos mistérios ocultos de Deus e sermos preenchidos pela inefável sabedoria através da união com o Espírito Santo, de modo que cada um se torne um sábio teólogo na grande Igreja de Deus, iluminando os outros com o significado interior da teologia. Aquele que atingiu esse ponto através da mais profunda humildade e compunção, como outro Paulo, foi apanhado no terceiro céu da teologia e ouviu coisas indescritíveis as quais aquele que ainda está dominado pelo mundo sensorial não é permitido ouvir (2Cor12:4); e ele experimenta bênçãos indizíveis, que nenhum olho viu e nenhuma ouvido ouviu (1Cor4:1), pois ele é porta-voz de Deus, e através das palavras ele comunica esses mistérios para as outras pessoas; e nisso ele encontra abençoado repouso. Pois ele está agora aperfeiçoado no Deus perfeito, unido na companhia dos outros teólogos com os poderes angélicos supremos dos Querubins e Serafins, nos quais reside o princípio da sabedoria e do conhecimento espiritual.