quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Kabir - Oito Poemas



Conte para mim, Cisne, seu antigo conto.
De que terra você vem, Cisne? Para que costa você vai voar?
Em que lugar você gostaria de descansar, Cisne, e o que você procura?
Ainda esta manhã, Cisne, desperta, levanta e siga-me!
Há uma terra onde nem a dúvida e nem a tristeza governam:
onde o terror da morte não existe mais.
Lá os bosques da primavera são floridos e o aroma perfumado

"Ele sou Eu" é trazido pelo vento:
Lá a abelha do coração está profundamente imersa

e não deseja nenhuma outra alegria.


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Ó meu coração! o Espírito Supremo, o grande Mestre, está perto de você:
despete, desperte!
Corra para os pés de seu Amado: pois o seu Senhor está perto de sua
cabeça.
Você tem dormido por incontáveis séculos, nesta manhã você não vai
acordar?


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Para qual margem você haveria de atravessar, meu coração?

Nunca houve um viajante antes de você, não existe estrada:
Onde está o movimento, onde está o repouso nessa margem?
Não há água ali, não há barco e nem barqueiro;
Nem mesmo uma corda para prender o barco, nem um homem para puxá-lo.
Não há terra, nem céu, nem tempo, nem coisa alguma lá:

não há praia e nem banco de areia!
Lá não há nem corpo nem mente: e onde fica o lugar
que poderá saciar a sede da alma? Você não encontrará nada
nesse vazio.
Seja forte e entre em seu próprio corpo: pois aí o seu chão é firme.

Pense bem, ó meu coração! não vá para outro lugar,
Kabir diz: "Afaste todas as imaginações e permaneça firme nisso que
que você é. "


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Ó irmão, meu coração anseia por aquele Guru real que preenche o copo
do amor verdadeiro e bebe-o ele próprio e então oferece-o para mim.
Ele remove o véu dos olhos e dá a verdadeira Visão de Brahma:
Ele revela os mundos Nele e faz-me ouvir a Música não tocada:
Ele mostra a alegria e a tristeza como sendo uma:
Ele preenche toda a palavra com amor.
Kabir diz: "Na verdade aquele que tem tal guru para condizí-lo

ao abrigo da segurança, não tem medo! "


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As sombras da noite caem de maneira espessa e profunda,

e a escuridão do amor envolve o corpo e a mente.
Abra a janela para o oeste e perca-se no céu do amor;
Beba o doce mel que embebe as pétalas da flor de lótus do coração.
Receba as ondas em seu corpo: que esplendorosa é essa região do mar!
Hark! os sons dos búzios e dos sinos estão surgindo.
Kabir diz: "Ó irmão, eis que o Senhor está nesta embarcação do meu corpo. "


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Mais do que todas as coisas, eu guardo no coração esse amor que me faz
viver uma vida sem limites neste mundo.
Ele é como o lótus que vive na água e floresce na água

e ainda assim a água não pode tocar suas pétalas,

elas abrem além de seu alcance.
É como uma mulher que entra no fogo sob as ordens do amor.
Ela queima e deixa os outros sofrerem, mas nunca desonra o amor.
Este oceano do mundo é difícil de atravessar: suas águas são muito
profundas. Kabir diz: "Ouça-me, ó Sadhu, poucos são os que
chegaram ao fim dele. "


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Ó amigo, acorde e não durma mais!
A noite acabou e se foi, você vai perder o seu dia também?
Aqueles que despertaram receberam jóias;
Ó mulher tola! você perdeu tudo enquanto dormia.
Seu amante é sábio e você é tola mulher!
Você nunca preparou a cama de seu marido:
Ó louca! você passou o seu tempo num jogo bobo.
Sua juventude foi passada em vão, pois você não conheceu o seu Senhor;
Acorde, acorde! Veja! sua cama está vazia: Ele a deixou durante a noite.
Kabir diz: "Só acorda aquela cujo coração é perfurado com a flecha
da música Dele. "


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Para onde a noite vai quando o sol está brilhando?

Se é noite, o sol retira sua luz. Onde o conhecimento está,


pode a ignorância durar?
Se há ignorância, o conhecimento deve morrer.
Se há luxúria, como o amor pode estar presente?


Onde há amor, não há luxúria.