segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Meher Baba - O Caminho do Amor

Deus como Verdade


Em última análise, cada um e cada coisa é Deus. E esse Deus como a verdade pode ser realizado por meio de um Guru ou de um Mestre. Geralmente, neste país, o Vedantismo está associado a esta realização do Altíssimo. Porém, agora não estou preocupado com o Vedantismo, com o Sufismo ou qualquer outro "ismo", mas somente com Deus como a Verdade, em como Ele entra em nossa experiência após o desaparecimento da mente-ego limitada e limitante. Deus é uma Verdade inabalável e eterna. Ele se comunica e revela a Si memso para aqueles que amam-No, que buscam-No e que se entregam a Ele, tanto em seu aspecto impessoal que está além de forma, nome e tempo, ou em Seu aspecto pessoal. Ele é mais facilmente acessível ao homem comum através dos homens-Deus, que sempre vêm e sempre virão para transmitir luz e verdade para a sofrida humanidade, a qual em sua maioria está tateando no escuro.
Por causa de sua completa união com Deus, o homem-Deus desfruta eternamente do estado "eu-sou-Deus",
que também corresponde ao termo Vedanta Aham Brahmasmi e ao termo Sufi Anal-Haq ou à declaração de Cristo: "Eu e meu Pai somos um." Na experiência dos Sufis, Anal-Haq, ou o estado "eu-sou-Deus", é a culminação de Hama-Oost, que significa que tudo é Deus e nada mais existe. E uma vez que nesta abordagem só “Deus sem um segundo" é contemplado, não há espaço para o amor por Deus ou o anseio por Deus. A alma tem a convicção intelectual de que ela é Deus. Mas para realmente experimentar esse estado, ela passa por uma intensa concentração ou meditação sobre esse pensamento. "Eu não sou o corpo, não sou a mente, não sou isto nem aquilo, eu sou Deus." A alma, em seguida, experimenta através da meditação aquilo que ela assumiu ser ela mesma. Mas essa maneira de experimentar Deus não é apenas difícil, mas é também seca.
O Caminho é mais realista e alegre quando há um amplo jogo de amor e devoção a Deus, quando postula a
separação temporária e aparente de Deus e o desejo de unir-se a Ele. Tal separação aparente e provisória
de Deusé afirmada pela alma nas duas concepções da tradição Sufi: Hamaaz Oost, que significa que tudo é de Deus e Hama Doost, que significa que tudo é para o Amado Deus. Em ambas as concepções a alma percebe que sua separação de Deus é apenas temporária e aparente e ela busca restaurar essa unidade perdida com Deus através de um intenso amor que consome toda a dualidade. A única diferença entre esses dois estados é que enquanto a alma, no estado de HamaDoost, contenta-se com a Vontade de Deus como o Bem-Amado, no estado de Hama az Oost, a alma não anseia por nada além da união com Deus.
Sendo que a alma, que está em aprisionamento, pode ser resgatada somente através do Amor Divino, até
mesmo os Mestres Perfeitos, os quais alcançam a completa unidade com Deus e experimentam-no como a única Realidade, muitas vezes, aparentemente, entram no domínio da dualidade e falam a linguagem do amor, da adoração e do serviço a Deus em Seu Ser não-manifesto bem como em todas as inumeráveis formas ​​através das quais Ele se manifesta.
O Amor Divino, como cantado por santos hindus como Tukaram, como ensinado por místicos Cristãos como São Francisco, como pregado por santos Zoroastristas comoAzer Kaivan e tornado imortal por poetas sufis como Hafiz, nunca abriga nenhum pensamento autocentrado. Ele consome todos os desejos e fraquezas que nutrem a servidão e a ilusão da dualidade. Por fim, ele une a alma a Deus, trazendo assim para a alma o verdadeiro autoconhecimento, a felicidade duradoura, a paz inatacável, a compreensão sem fronteiras e o poder ilimitado. Sejam vocês os herdeiros dessa vida eterna que vem para aqueles que buscam!


Deus como a Bem-aventurança

Em todos os lugares, em todos os estilos de vida, o homem, sem exceção, tem sede de felicidade. Ele tenta saciá-la nas diversas seduções da vida sensual e nas muitas posses e conquistas que alimentam e agradam o ego, bem como também nas inumeráveis experiênciasque estimulam o intelecto, que excitam a mente, acalmam o coração ou energizam o espírito. De tudo isso, o que ele procura é a felicidade de diversos tipos. Mas ele procura-a no mundo da dualidade e nas sombras passageiras da Ilusão de Maya, a qual chamamos de universo. E ele descobre que a felicidade que consegue ali é tão passageira que quase desaparece no próprio momento da experiência. E depois que desaparece, o que resta é um vazio sem fundo que nenhuma multiplicação de experiências similares jamais poderá preencher completamente. Mas a verdadeira bem-aventurança só pode vir para alguém que tenha em suas mãos a coragem de se tornar livre de todo apego às formas, que por sua vez não são nada além de ilusões da dualidade. Só então ele pode ser unido com seu verdadeiro Amado, que é Deus como a Verdade eterna e permanente por trás de todas as formas, incluindo o que ele considera como sendo seu próprio corpo.
O infinito e insondável oceano da Bem-aventurança está dentro de todos. Não há nenhum indivíduo inteiramente desprovido de felicidade de alguma forma, pois não há nenhum indivíduo que esteja totalmente separado de Deus como o Oceano da Bem-aventurança. Cada tipo de prazer que ele já teve é em última instância um reflexo parcial e ilusório de Deus como Ananda (bem-aventurança). Mas o prazer que é procurado e experimentado na ignorância, finalmente aprisiona a alma numa continuação interminável da falsa vida do ego e deixa a alma exposta aos muitos sofrimentos da vida egóica. Os prazeres do mundo ilusório são comparáveis ​​aos muitos rios de miragem que aparentemente derramam-se no oceano. A felicidade divina é semrpe nova, eterna, contínua e é infinitamente experimentada como a alegria autosustentável e infinita de Deus.

Unam-se ao seu verdadeiro Amado, o qual é Deus na forma de Ananda ou Bem-aventurança!

Deus

Na fase sub-humana, a consciência do falso serou do falso "eu", que é muito leve, oferece possibilidades
de evolução. Na forma humana, a evolução da consciência é completada e a consciência torna-se plena. O
amor entra em cena ativamente pela primeira vez. Quando o amor desempenha o papel de forma mais ativa e plena, o falso "eu" passa a ser cada vez e mais consumido. Eventualmente, quando o amor está em seu apogeu, o falso "eu" é totalmente consumido pelo amor, o que resulta na consumação do amante e do amor no altar do Amado. Nem o amante permanece no amor, nem o amor reina soberano sobre o amante: o objetivo é atingido. O Amado é supremo sobre seu ser: não há nada exceto o Amado: todo o resto é consumido.


A respeito de ser o Avatar

Quando digo que sou o Avatar, há alguns que se sentem felizes, alguns que se sentem chocados e muitos que, ao me ouvirem afirmar isso, consideram-me como um hipócrita, uma fraude, um egoísta supremo, ou simplesmente um louco. Se eu dissesse que cada um de vocês é um Avatar, alguns ficariam contentes e muitos considerariam uma blasfêmia ou uma piada. O fato é que sendo Deus Um, indivisível e estando igualmente em todos nós, não podemos ser nada mais além de um, porém é demais para a mente consciente da dualidade aceitar isso. No entanto, cada um de nós é o que o outro é. Sei que eu sou o Avatar em todos os sentidos da palavra e sei que cada um de vocês é um Avatar em um sentido ou outro. É um fato inalterável e universalmente reconhecido desde tempos imemoriais que Deus sabe tudo, Deus faz tudo e que nada acontece senão pela vontade de Deus. Portanto, é Deus que me faz dizer que eu sou o Avatar e que cada um de vocês é um Avatar. Novamente, é Ele que é alegrado através de alguns e que através de outros fica chocado. É Deus que age e é Deus que reage. É Ele quem zomba e aquele que responde. Ele é o Criador, o Produtor, o Ator e a Platéia na Sua própria peça Divina.


A respeito de manter silêncio*

Se você me perguntasse por que eu não falo, eu diria que não estou em silêncio e que eu falo mais eloquentemente através de gestos e da tábua do alfabeto. Se você me perguntasse por que eu não falo, eu diria que talvez por três razões: em primeiro lugar, sinto que através de todos vocês eu estou falando eternamente. Em segundo lugar, para aliviar o tédio de falar incessantemente através de suas formas eu mantenho silêncio em minha forma física pessoal. E em terceiro lugar, porque toda a conversa é em si conversa fiada. Palestras, mensagens, declarações, discursos de qualquer natureza, espirituais ou não, transmitidos através declarações ou escritos, são apenas conversa fiada quando não se age em conformidade ou se vive aquilo. Se você perguntar quando irei quebrar meu silêncio, direi que será quando eu quiser proferir a única Palavra real que foi falada no princípio sem começo, pois essa Palavra apenas é digna de ser proferida. O momento de quebrar o meu silêncio externo para proferir essa Palavra está muito próximo.

* Meher Baba guardou silêncio por 44 anos