sábado, 24 de outubro de 2009

São Teófanes o Recluso - O Reino do Coração

Quando atingirmos uma interioridade constante, seremos então, capacitados a habitar o mundo de Deus. O reverso é igualmente verdadeiro: apenas quando o habitar no outro mundo tornar-se habitual, a interioridade constante será assegurada.

Se quisermos que nossa mente e coração sejam corretamente guiados no caminho da salvação, existem duas precondições essenciais e inevitáveis – interioridade e visão do mundo espiritual. A primeira condição introduz o homem numa certa atmosfera espiritual e a segunda planta-o mais firme ali, num clima favorável para a chama da vida. Portanto, pode ser dito que temos apenas que produzir esses dois estados preparatórios e o que se segue virá por conta própria. As pessoas frequentemente reclamam que o coração está endurecido e isso não é surpresa. O homem não coleta a si mesmo interiormente e também está desacostumado à auto-consciência interior; ele falha em estabelecer-se onde deveria e não conhece o lugar do coração. Então como podem sua vida e suas atividades serem direcionadas corretamente? É como se alguém removesse o coração de seu lugar e quisesse que a vida continuasse.

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O propósito do espírito, como mostra sua manifestação, é manter o homem em contato com Deus e com a ordem divina das coisas, independente de todos os fenômenos visíveis que o circundam e fluem por ele. Para estar apto a cumprir tal propósito, o espírito deve estar naturalmente imbuído com o conhecimento de Deus e da ordem divina, juntamente com o sentido de uma forma de existência mais abençoada, que se mostra numa falta de contentamento com todas as coisas materiais. Essa visão espiritual existia no primeiro homem, devemos supor, até sua Queda. Seu espírito via claramente Deus e todas as coisas divinas – tão claramente como com olhos comuns vemos hoje um objeto diante de nós. Mas após a Queda, os olhos do espírito foram fechados e o homem deixou de ver o que era natural que ele visse. O espírito em si permanece e tem olhos – mas eles estão fechados. Sua condição é como a de um homem cujas pálpebras se grudaram. O olho está intacto, ele anseia por luz, ele almeja ver a luz, sentindo que a luz existe, mas as pálpebras, estando grudadas, não permitem que ele se abra e entre em contato direto com a luz. Tal é a condição do espírito no homem desde a Queda, obviamente. O homem tem tentado substituir a visão do espírito pela visão da mente, através de construções mentais abstratas e ideologias, mas isso nunca deu resultados, como podemos ver em todas as teorias metafisicas dos filósofos.

Então você começou a perceber o que a paz real significa. Glória a Deus! Então qual é a questão? Agora você deve prosseguir para o Reino onde essa paz é encontrada. Busque o Paraíso perdido, para cantar o louvor do Paraíso reconquistado. Isso é tudo o que conta. Tudo aparte e fora dessa paz é vazio. E essa paz não está longe, está quase ao seu alcance, embora você tenha de desejá-la, e desejar não é tão fácil. Possam a mãe de Deus e seu Anjo da Guarda ajudá-lo!