quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Nisargadatta Maharaj - Dia 8 de Novembro de 1980


Pergunta: Por que é que nós naturalmente parecemos pensar em nós mesmos como indivíduos separados?
Maharaj: Seus pensamentos sobre individualidade não são realmente seus próprios pensamentos, são todos pensamentos coletivos. Você pensa que você é a pessoa que tem os pensamentos, mas de fato os pensamentos surgem dentro da consciência. Conforme nosso conhecimento espiritual cresce, nossa identificação com um corpo-mente individual diminui, e nossa consciência expande-se na consciência universal. A força da vida continua a atuar, mas seus pensamentos e ações já não são limitados a um indivíduo. Transformam-se na manifestação total. É como a ação do vento - o vento não sopra para nenhum indivíduo em particular, mas para a manifestação total.
Q: Como um indivíduo, é possível retornar à fonte?
M: Não como um indivíduo, o conhecimento “eu sou” deve retornar à sua própria fonte. Agora, a consciência identificou-se com uma forma. Mais tarde, ela compreende que não é essa forma e segue adiante. Em alguns casos ela pode alcançar o espaço, e muito frequentemente, pára ali. Em pouquíssimos casos ela alcança sua fonte real, além de todo condicionamento.
É difícil abandonar essa inclinação de identificar o corpo como sendo o 'Ser' (Self). Eu não estou falando com um indivíduo, estou falando para a consciência. É a consciência que deve procurar sua fonte. Daquele estado de não-ser surge o sentido de existência. Ele surge tão quietamente quanto o crepúsculo, com apenas uma sensação de “eu sou” e então de repente o espaço está lá. No espaço, o movimento começa com o ar, o fogo, a água, e a terra. Todos estes cinco elementos são justamente você. De sua consciência tudo isto aconteceu. Não há nenhum indivíduo. Há somente você, o funcionamento total é você, a consciência é você. Você é a consciência, todos os títulos dos deuses são os seus nomes, mas identificado ao corpo você se entrega ao tempo e à morte - você está impondo isso a você mesmo. Eu sou o universo total. Quando eu sou o universo total não tenho necessidade de nada porque eu sou todas as coisas. Mas abarrotei eu mesmo em uma coisa pequena, um corpo; fiz de mim um fragmento e tornei-me necessitado de coisas. Eu preciso de tantas coisas sendo um corpo. Na ausência de um corpo, você existe; quando não tinha um corpo você existia? Você estava lá ou não? Alcance esse estado que é e era anterior ao corpo. Sua natureza verdadeira está aberta e livre, mas você a encobre, você dá a ela várias formatações.