terça-feira, 19 de outubro de 2010

Hazrat Inayat Khan - O Objetivo Principal

O objetivo principal da vida não pode ser senão um único objetivo, já no que diz respeito ao objetivo externo da vida, há tantos objetivos quanto há seres. E há somente um objetivo da vida pela razão de que há uma única vida. A despeito das aparentemente muitas vidas que aparecem exteriormente, existe uma vida única. É nesse pensamento que podemos reunir e é a partir deste pensamento que a verdadeira sabedoria é aprendida. Não há dúvida de que o objetivo principal da vida não possa ser entendido de imediato e, portanto, a melhor coisa para cada pessoa é perseguir seu objetivo particular na vida em primeiro lugar, e no processo de realizar seus objetivos pessoais, algum dia ela chegará a realizar esse objetivo interno.
Quando o homem não entende isso ele acha que há algo mais para realizar em tudo o que está diante dele que não foi realizado e, portanto, ele permanece num tipo de fracasso. A pessoa que não é definida sobre seu objetivo ainda não começou sua jornada no caminho da vida. Portanto, a primeira coisa a ser feita é determinar definitivamente o seu objetivo diante de si. Não importa o quanto aquele objetivo seja pequeno, uma vez a que pessoa determinou-o ela começou sua vida.
Encontramos exemplos na vida de muitas pessoas, por vezes, durante toda a sua vida elas não encontram sua vocação e o que acontece?
No final, consideram a sua vida um fracasso.
Durante toda a vida seguem de uma coisa a outra, ainda assim, não sabendo o objetivo de sua vida, podem realizar muito pouco.
Quando as pessoas dizem: 'Por que não tenho êxito?' Em resposta sempre digo: 'Porque você ainda não encontrou seu objetivo.' Assim que a pessoa encontra o objetivo de sua vida ela começa a sentir-se em casa neste mundo. Antes disso ela se sente em um mundo estranho. Tão logo encontra seu caminho, ela se mostra afortunada, pois todas as coisas que ela deseja realizar, vêm a ela por si mesmas. Ela adquire tal poder que mesmo se o mundo inteiro estivesse contra, ela poderia menter-se em seu objetivo. Adquire uma paciência tamanha, que não disanima diantede de nenhuma desventura que apareça em seu caminho. Sem dúvida, enquanto não tiver encontrado seu objetivo, a pessoa vai de coisa em coisa e acha que a vida está contra ela. Então, ela começa a achar defeitos nos indivíduos, nas condições, nos planos, no clima, em todas as coisas. Portanto, o que é chamado de sorte, o que é chamado de sucesso, é ter o objetivo correto.

Quando uma pessoa não está usando as roupas feitas para si, ela diz que estão largas ou muito curtas. Quando são suas roupas ela se sente confortável, pois são suas. A coisa real, portanto, é dar liberdade a cada alma para escolher o seu objetivo na vida e se ela sentir-se em casa em seu objetivo, saberá que está no caminho certo. Quando uma pessoa está no caminho, também há certas coisas que devem ser consideradas.

Quando uma pessoa tem um nó para desatar, para soltar, ao mesmo tempo alguém dá a ela uma faca para cortá-lo. Se não usá-la, ela perderá muita coisa em sua vida por causa disso. É uma coisa pequena, mas se não realizar isso a pessoa volta para trás. É como dar um passo para trás. Este é um pequeno exemplo que dei, mas em tudo o que fazemos, se não tivermos a paciência e a confiança para seguir em frente, perdemos muito. Não importa o quão pequeno é o trabalho que a pessoa se comprometeu, se ela o realiza, consegue uma grande coisa. Não é qual trabalho que uma pessoa fez, mas é o próprio fato de concluí-lo que lhe dá força.

E agora indo para a questão desse objetivo, que é o objetivo de cada alma, ele pode ser chamado de Realização Espiritual. Uma pessoa pode passar toda a sua vida sem ele, mas vai chegar um momento que, mesmo ela não admitindo, ela vai começar a procurá-lo. Isso porque a realização espiritual não é apenas um conhecimento adquirido, é o apetite inato da alma. E haverá algum dia na vida em que uma pessoa irá sentir o apetite da alma mais do que qualquer apetite. Sem dúvida, cada alma tem um desejo inconsciente de satisfazer esse apetite, mas ao mesmo tempo sua absorção na vida cotidiana mantém-na tão ocupada que ela não tem tempo para isso, para que preste atenção nesse apetite da alma.
O destino da Realização Espiritual pode ser encontrado ao estudar a natureza humana, pois a natureza do homem é uma e a mesma, seja ele espiritual ou material. Há cinco coisas pelas quais o homem anseia: vida, conhecimento, poder, felicidade e paz. O apetite contínuo que é formado no ser mais profundo anseia por uma ou outra dessas cinco coisas. Agora, para atender seu apetite, o que o homem faz? A fim de atender a vontade de viver, ele come, bebe e se protege de todos os perigos da vida. E ainda assim, esse apetite não é totalmente saciado porque de todos os perigos ele pode escapar, mas do último perigo ele não pode escapar, o qual o homem chama de morte.
Para atender o próximo anseio, que se chama poder, um homem faz tudo para ganhar força física, influência, status, todo tipo de poder ele procura a fim de tornar-se poderoso. E sempre se defronta com decepções, porque sempre vê que se há um poder de dez graus, haverá um outro de vinte graus para confrontá-lo.
Basta pensar nas grandes nações cujos poderes militares uma vez foram tão grandiosos; não poderiamos ter pensado que de um momento para o outro elas cairíam. Poderíamos pensar que se elas fossem cair isso levaria milhares de anos para acontecer de tão grande que era seu poder. Nem precisamos procurar exemplos na história, acabamos de ver nesses últimos poucos anos, temos apenas de olhar no mapa.
O terceiro tipo de apetite é a felicidade. Homem tenta atendê-lo através dos prazeres, não sabendo que os prazeres deste mundo não respondem àquela felicidade que sua alma procura realmente. Suas tentativas são em vão. Ele descobre no final que todo o esforço que fez pelo prazer, lhe gerou perda maior do que ganho. Além do que não é duradouro, aquilo que não é real em sua natureza, não é satisfatório.
Em seguida há esse desejo por conhecimento. Esse conhecimento cria uma tendência de estudar. E a humanidade estuda e estuda durante toda sua vida. Se a pessoa ler todas as grandes bibliotecas, todos os livros, ainda permanecerá a pergunta: "por que?"
Esse "por que" não será respondido pelos livros que ela estuda, ao explorar os fatos que estão fora da vida. Em primeiro lugar, a profundidade da natureza é tão grande que a vida limitada do homem não é longa o suficiente para possibilitá-lo de sondar as profundezas da vida. Sim, comparativamente ou relativamente você pode dizer que uma pessoa é mais instruída que outra, mas ninguém pelo estudo exterior de vida chega à satisfação da vida.
E por fim, há o apetite pela paz. A fim de encontrar a paz a pessoa deixa os ambientes que a incomodam. Quer ir para longe das pessoas. Quer sentar-se calma e descansar. Mas uma pessoa que não está pronta para a paz, mesmo se fosse para as cavernas no Himalaia, para longe do mundo inteiro, não iria encontrar a paz. Pela explicação desses cinco aspectos de apetites, no que diz respeito ao apetite mais profundo do homem, descobre-se que todos os esforços feitos para satisfazer esses apetites parecem ser em vão. E como esses cinco desejos serão saciados? Eles podem ser saciados pela realização espiritual, pois essa é a única coisa que responde a esses cinco diferentes apetites.
Para explicar como esses cinco apetites são respondidos pela realização espiritual, analizaremos cada um. O desejo de viver, só pode ser satisfeito quando a alma percebe sua vida eterna, pois a mortalidade existe mais na concepção do que na realidade de um ponto de vista espiritual. A mortalidade, é a falta de compreensão da alma do seu próprio Ser. Por exemplo, uma pessoa que sempre pensou que seu casaco era ela mesma, viveu toda sua vida nessa concepção, quando esse casaco foi rasgado, ela pensou que ela mesma tinha morrido. O mesmo se experimenta na vida. É uma espécie de ilusão que a alma recebe deste corpo físico e se identifica com este ser mortal. É como nos identificarmos com nosso casaco, e ao perdermos o casaco pensamos: 'Estou perdido.' No entanto, um conhecimento intelectual disso é de pouca utilidade, q
uando o ser interior se identificou com o corpo e quando em imaginação a pessoa pensar: 'Não, o corpo é apenas meu casaco', não mudará sua situação.
É por isso que as meditações são feitas pelos sábios de todos os tempos, a fim de dar uma chance para a alma encontrar a si mesma independente do corpo físico. Uma vez que a alma começa a sentir-se, a sentir sua própria vida independentemente de sua roupagem exterior, ela está começando a ter a confiança em sua vida, ela começa a não ter mais medo do que é chamado de morte. Tão logo este fenômeno é concedido, ela já não chama a morte de uma morte, chama de uma mudança.
E agora indo para a idéia de poder, o verdadeiro poder não está em tentar ganhar poder. O verdadeiro poder está em se tornar poder. Mas como se tornar poder? Isso exige uma tentativa de fazer uma mudança definida em si mesmo e essa mudança é uma espécie de luta com um falso ser, é quando esse falso ser é crucificado que o verdadeiro Ser é ressuscitado. Aparentemente, para o mundo, esta crucificação é a falta de poder, na verdade, todo o poder é alcançado por essa ressurreição.
Quanto ao conhecimento, há dois aspectos. Um conhecimento é o que se aprende ao conhecer os nomes e as formas da vida, o que chamamos de saber. Ele não pode ser a resposta para esse apetite. Esse é apenas um ponto de partida para que aquele apetite mas não pode satisfazê-lo. Esse conhecimento exterior ajuda a pessoa chegar ao conhecimento interior, mas o conhecimento interior é bastante diferente do exterior; e como ele é obtido? É aprendido ao estudar a si mesmo. A pessoa descobre que todo o conhecimento que ela se esforça para aprender e que tudo o que existe para se estudar, está tudo nela mesma. Portanto, ela encontra uma espécie de universo em si mesma e pelo estudo de si ela chega àquele conhecimento espiritual que é o apetite da alma.
E então vem a questão da felicidade. Pensamos assim: 'Se o meu amigo for muito bom para mim, então eu serei feliz; quando as pessoas me corresponderem, ou quando receber dinheiro, serei feliz.' Mas esse não é o caminho para tornar-se e para ser feliz. É um erro, porque a falta de felicidade faz a pessoa culpar os outros, faz pensar que os outros estão impedindo o caminho para essa pessoa ser feliz. Mas na realidade não é assim. A verdadeira felicidade não se ganha, ela é descoberta. O caminho do homem em si é a felicidade. É por isso que ele anseia pela felicidade. O que mantém a felicidade fora de nossa vida é o fechamento das portas do coração. Quando o coração não está ativo, a felicidade não está morando lá. Às vezes o coração não está totalmente vivo, mas um pouco vivo. E ele espera que a vida que falta venha de outro coração. Mas a vida real do coração é viver de forma independente na sua própria felicidade. E isso é obtido através da realização espiritual. A pessoa que encontrou sua paz dentro de si, pode estar em uma caverna da montanha ou no meio da multidão, em cada lugar ela vai experimentar a sua paz.
A questão é: como essas cinco coisas podem ser adquiridas? Como eu disse, a primeira coisa necessária é realizar o objetivo que está imediatamente diante de você. Não importa o quão pequeno. É ao realizá-lo que se ganha a força. Conforme avançar por esse caminho nesta vida, sempre buscando o real, você vai chegar à Realidade. A Verdade é atingida pelo amor a verdade.
A verdade foge daquele que foge da verdade. A verdade é mais próxima da pessoa do que aquilo que é sem verdade. Não há nada mais precioso na vida do que a própria verdade, e ao amar a verdade e alcançar a verdade a pessoa atinge aquela religião que é a religião de todos os povos e de todas as igrejas. Não importa então a qual igreja ela pertença, que religião ela professe, que raça ou nação ela pertença, uma vez que percebeu a verdade ela é todos porque ela está com todos. Se há discordância e mal-entendido, é antes da pessoa alcançar a Verdade. Uma vez que tenha atingido a verdade, não há mal-entendido. As disputas surgem entre aqueles que aprenderam o conhecimento exterior. Os que atingiram a verdade, sejam eles do pólo norte ou o pólo sul, qualquer país, não importa. Quando compreenderam a verdade, eles tornam-se reparação. E é esse objetivo que devemos manter diante de nós, a fim de unir as seções divididas da humanidade. Pois a verdadeira felicidade da humanidade está naquela unidade que pode ser adquirida ao se elevar acima das barreiras que dividem o homem.
Pergunta: Você acredita na imortalidade da alma?
Resposta: Bem, minha palestra foi toda sobre esse assunto.
Pergunta: Em que base está fundamentada sua crença na imortalidade da alma?
Resposta: Não pode haver melhor base do que a própria realização da pessoa.
Pergunta: Eu estou acreditando, mas eu quero ser fortificado em minhas idéias. Eu gostaria de saber a razão para a imortalidade da alma.
Resposta: O que eu quero dizer é que todas as religiões do mundo apóiam esta ideia. Portanto, para alguém que crê, há tudo para apoiar essa crença.
Pergunta: Ela existe em sua instrução do Sufismo? O que pode fortalecer essa crença?
Resposta: Sim, toda a nossa instrução é para perceber isso, não apenas para fortalecer. Nosso trabalho, o trabalho da filosofia Sufi, não é apenas reforçar a crença de uma pessoa, mas tornar sua crença uma convicção. Portanto, não ensinamos às pessoas qualquer crença.
Pergunta: Como o Murshid propõe a percepção do conhecimento de si mesmo?
Resposta: Existem quatro caminhos pelos quais chega-se à realização do autoconhecimento: pelo caminho do conhecimento, pelo caminho da boa ação, pelo caminho da meditação e pelo caminho da devoção.
Qualquer que seja o temperamento, quando uma dessas quatro coisas estiver próxima de sua natureza, entre nesse caminho e no final você encontrará a resposta de sua alma.
Pergunta: A meditação é o principal, eu acho. Os outros três são interessantes, mas, por favor, dê uma explicação do quarto.
Resposta: A devoção é a natureza original do homem. Porque como diz a Bíblia: "Deus é amor" (João 4:8) e, portanto, na pessoa que há amor, há Deus.
Pergunta: Se porventura um ateu tem devoção, amor, como se pode conciliar isso?
Resposta: Ele não pode ser em lugar algum um ateu, quando ele tem devoção ou amor, é porque este princípio do amor em desenvolvimento vai fazê-lo acreditar. Se não em Deus, então numa pessoa que ele ama. E se uma pessoa ama verdadeiramente alguém, ela deve no final amar todas as pessoas. Quando uma pessoa diz: 'Eu amo essa pessoa mas odeio aquela outra', ela ainda não sabe o que é amor. Porque o amor não é limitado, ele é divino e é ilimitado. Ao abrirmos o elemento do amor em nós mesmos, abrimos o elemento divino em nós mesmos.
E quando a fonte divina começar a brotar do coração, todas as realizações que são divinas se elevarão como uma fonte. Os grandes santos que tinham amor, mesmo pelos mais pequenos insetos e seres vivos, obtiveram a realização divina sem grande estudo ou meditações, somente o amor ensinou-lhes isso.
Pergunta: Como conceber o elemento divino?
Resposta: O amor é divino desde seu início, em todos os seus aspectos. O grande poeta da Pérsia, Rumi, diz: "Se você ama uma pessoa humana ou se você ama a Deus, se você viaja por todo o caminho do amor, no final você chegará na presença do soberano do amor".
Pergunta: A realização do conhecimento do nosso ser é a realização do espírito ou da alma?
Resposta: O Ser é a alma. Por isso, é a realização da alma, bem como do corpo e da mente de todo o ser. Mesmo na realização do Ser, a realização de Deus vem.
Pergunta: Todos na vida têm de ter um objetivo, cada um tem de encontrar seu caminho. Existe um meio de encontrar nosso caminho na vida?
Resposta: Sim, se viver uma vida correta, uma vida natural, intuitivamente você encontrará o caminho direto a ser seguido. Além disso, quando a pessoa encontrou seu objetivo, ela se sente em casa. Sente que tudo lhe ajuda, ela se sente esperançosa e corajosa.
Pergunta: Eu ainda não encontrei um objetivo na vida.
Resposta: É preciso desenvolver a intuição.
Pergunta: Como posso desenvolver a intuição se não possuo nenhuma?
Resposta: Tenha autoconfiança. Em primeiro lugar deve-se estar pronto para arriscar de cometer erros. Porque você pode não ter sempre a intuição certa e se não acreditar na intuição não a terá jamais.
Pergunta: Então é um grande risco?
Resposta: Nada é atingido sem um risco. Quando as pessoas dizem que há um risco em algo, muitas vezes eu lhes digo que em não assumir um risco há um risco maior ainda.

Pergunta: A crença hindu admite a reencarnação?
Resposta: Certamente. Não só aceita a reencarnação, mas foi a crença hindu que deu ao mundo essa crença.
Pergunta: Mas a reencarnação sem distinção de raças?
Resposta: As almas devem ter a liberdade para reencarnar.
Pergunta: A intuição é superior à inteligência?
Resposta: Superioridade e inferioridade são termos relativos. Naturalmente, a intuição, por vezes, vem de uma fonte mais profunda do que o intelecto. Mas além disso, é difícil de traduzir na língua inglesa a diferença entre o intelecto e a inteligência. Porque se eu fosse explicar o que quero dizer com inteligência, quero apenas dizer a capacidade de conhecer, e por intelecto quero dizer o que se conhece. Inteligência é a capacidade e o intelecto é o conhecimento. Portanto, a inteligência é uma substância pura, algo muito puro. E, portanto, a inteligência é a substância divina que podemos traçar em nós mesmos. Se houver qualquer sinal de alma em uma pessoa, é a inteligência. Portanto, para mim, quanto mais inteligente é uma pessoa, mais brilhante é a alma que ela possui. Mas por isso eu não quero dizer que uma pessoa intelectual é inteligente.
Pergunta: A vontade não é o mais próxima da divindade?
Resposta: Sim, se eu fosse dar uma definição de vontade eu a chamaria de amor. Eu Vou fazer isso, significa que amo fazer isso. É poético.
Pergunta: Eu tenho feito muitas coisas que gostaria de não fazer.
Resposta: Então você não tem vontade de fazê-lo. Você é uma máquina. Então não há vontade aí. Quando uma pessoa quer fazer, então ela ama fazer. Para mim a força de vontade e a força do amor são a mesma coisa.

Pergunta: Mas é uma forma de desenvolver a vontade fazer aquilo que não gostamos de fazer?
Resposta: Sim, desenvolvemos nossa força ao fazê-lo. Desenvolvemos um poder sobre uma parte do nosso ser que não está disposta. Isso significa apenas que uma parte de nosso ser é relutante e uma parte de nosso ser ama fazê-lo. E, portanto, a parte que conquista-a chamamos de vontade.
Pergunta: Se eu troco o bem pelo mal, o primeiro impulso é para não fazer isso.
Resposta: Eu chamaria isso de amor, amor na forma de perdão, de tolerância.
Se você não estiver disposto a fazê-lo, é outra coisa. É preferível um homem amar agir de acordo com uma certa virtude ou então não fazê-lo. Mas fazer sem vontade não é bom. Por exemplo, se alguém veio visitar uma pessoa e a visita ao sair disse: 'Você me empresta sua capa de chuva?' E a pessoa diz: 'Tudo bem.'
Mas em seguida ela tem que sair também, e então se diz: 'Que um homem chato, ele pegou minha capa de chuva. Eu teria preferido não ter dado a ele'. Seria melhor ter dito: 'Sinto muito, eu não posso empresta-la, senhor.' Cada boa ação que fazemos, se vem através do nosso amor, então só tem a sua virtude. Se não, é uma ação morta. Não é viva.

Pergunta: A filosofia Sufi em sua essência acredita em reencarnação?
Resposta: A filosofia dos Sufis não oferece qualquer crença e não se opõe a qualquer crença. O que ele faz é interpretar da melhor maneira toda a crença do jeito mais favorável para o seguidor dessa crença. Por exemplo, se uma pessoa faz uma pergunta sobre Buda a um sufi, sobre o Bramanismo ou a religião Cristã, o Sufi permanece para essa pessoa como se estivesse no tribunal, dando seu argumento perante a lei. Mas o Sufismo não oferece qualquer crença, por sua própria convicção. E, portanto, talvez haja um Sufi que acredite em uma doutrina, o outro apenas não a compreende agora. Para se tornar Sufi, não é preciso ter essa ou aquela crença, essa ou aquela doutrina. A única maneira que um Sufi ajuda é a pessoa a se elevar acima das coisas e olhar para a vida a partir de um ponto de vista superior.
O Sufismo segue exatamente esta idéia que está na Bíblia: "Buscai o reino de Deus em primeiro lugar e todas estas coisas vos serão acrescentadas" (Mat. 06:33). Em vez de preocupar-se com essa crença da reencarnação, o Sufi quer em primeiro lugar ir direto à idéia central e quando está lá, ele vê a verdade de todas as coisas.
Porque o mistério da vida é que quando a lanterna divina é levada nas mãos, onde quer que você leve essa lanterna todas as coisas se tornarão claras para você. Portanto, o Sufismo dá liberdade a cada membro de crer por si mesmo e descobrir as coisas por si mesmo.
Agora, para terminar a reunião eu gostaria de dizer uma última frase: A maior necessidade da nossa vida é Deus. E às vezes, para nossa grande decepção, descobrimos esse próprio ideal se perder. Quer se trate de um ganho espiritual ou um ganho material, toda a inspiração e o poder está no amor de Deus, no conhecimento de Deus e na compreensão da relação entre o Ser e Deus.