sexta-feira, 12 de março de 2010

Nisargadatta Maharaj - O Maior Milagre de Todos

Maharaj: O que quer que apareça não tem existência realmente. E o que não apareceu também, menos ainda; o que resta é Aquilo, o Absoluto. “Aquilo” é como Mumbai.
Visitante: Mumbai certamente parece estar aparecendo no momento. Deveríamos sugerir para ele outra cidade.
M: Mas eu normalmente coloco esse tipo de questão - se Mumbai dorme, se ela acorda de manhã, se tem preocupações, se tem prazer ou dor. Não me refiro às pessoas de Mumbai, nem à terra, mas àquilo que sobra.
Agora você sabe que você é. Antes deste momento, você tinha o conhecimento de que você existe? Esta consciência, o sentido de ser, que você está experimentando agora, estava aí anteriormente?
V: Tem estado; tem ido e vindo.
M: Esta confiança de que você é, o conhecimento de sua existência, estava aí anteriormente?
V: Quando faço o que o Maharaj me fala, isso é muito claro. Está ainda num estágio infantil, mas meu sentido de “mim” se desfaz completamente e surge uma grande felicidade, paz e claridade; mas isso vai e vem e eu esqueço.
M: A natureza inata disso é limitada ao tempo. Apareceu com a infância e está aí agora; mas não estava aí uns anos atrás. Portanto, você não pode dizer que é o Eterno. Então não acredite que é verdadeiro. E enquanto você estiver tendo esta consciência - “eu”, você estará tentando adquirir coisas; enquanto você souber que você é, as coisas que você possui têm uma significância emocional para você. Agora há o fato de que sua consciência–'eu' é ela própria limitada ao tempo. Então quando ela se dissolve, qual é o valor de todas essas coisas que você possuiu?
V: Nenhum.
M: Enquanto você não tiver entendido essa consciência-criança, você irá se envolver no mundo e nas suas atividades. Portanto, a liberação real é apenas quando você entende essa consciência-criança. Você concorda?
V: Eu concordo sim.
M: Durante toda a sua vida, você não teve nenhuma identidade permanente. O que quer que você se considere ser, muda de momento a momento. Nada é constante.
V: E o que pensamos que vamos nos tornar muda também com o tempo, a despeito de nós.
M: Essa mudança também se faz possível através dessa consciência-criança. Por causa dela, todas essas mudanças acontecem. É por isso que você deve compreender esse princípio.
Se você realmente quer entender isso, você deve abandonar sua identificação com o corpo. De todo modo, faça uso do corpo, mas não considere a si mesmo ser o corpo enquanto age no mundo. Identifique-se com a consciência que reside no corpo; com essa identidade você deveria agir no mundo. Será isso possível?
Enquanto você identificar a si mesmo como o corpo, suas experiências de pesar e dor aumentarão dia a dia. É por isso que você deve abandonar essa identificação e deveria considerar-se como a consciência. Se você se considera como o corpo, isso significa que você esqueceu seu verdadeiro Ser, que é o Atman. E, pesar é o resultado para aquele que esquece de si mesmo. Quando o corpo cai, o princípio que sempre permanece é Você. Se você identifica a si mesmo como o corpo, você sentirá que você está morrendo, mas na realidade não há morte, pois você não é o corpo. Esteja o corpo lá ou não, sua existência está sempre ali, ela é eterna.
Agora quem ou o que escutou minha fala? Não foi a orelha, nem o corpo físico, mas esse conhecimento que está no corpo; aquilo escutou-me. Portanto, identifique a si mesmo com aquele conhecimento, com aquela consciência. Qualquer felicidade que desfrutemos neste mundo é apenas imaginária. A felicidade verdadeira é saber da sua existência, que é aparte do corpo. Você não deveria nunca esquecer a verdadeira identidade que você possui. Considere, por exemplo, um paciente em seu leito de morte, certo de que irá morrer. Quando ele vem a saber a respeito de sua doença, digamos, câncer, ele recebe um tamanho choque que isso fica permanentemente gravado em sua memória. Dessa mesma maneira, você não deveria esquecer sua verdadeira natureza – a verdadeira identidade que eu lhe falei a respeito.
Um paciente que está sofrendo de câncer está o tempo todo cantando, por assim dizer, “estou morrendo de câncer”; e esse canto prossegue sem nenhum esforço. Similarmente, no seu caso: Assuma este canto “eu sou a consciência”. Esse canto, também, deveria prosseguir sem nenhum esforço. Uma pessoa que está constantemente desperta em sua verdadeira natureza – tendo esse conhecimento sobre si mesma – é liberada.
Um paciente sofrendo de câncer terminal sempre lembra de seu estado e finalmente experimenta aquele fim; isso é certo. Similarmente, aquele que se lembra que ele é o conhecimento, que ele é a consciência, tem este fim, ele torna-se Parabrahman.
Portanto, se você for fotografar esta cidade, eu diria, não fotografe … tire uma foto dela mas sem a terra. O que quer que seja Mumbai, tire uma foto dela e me mostre. Você pode?
V: Eu não poderia fazer isso.
M: Desse mesmo modo, é como fotografar você mesmo sem o corpo. Você é aquilo, como Mumbai. Lembrar que você é a consciência deveria ser sem nenhum esforço. Quando você diz “eu”, não se refira a este “eu” do corpo, mas àquele “eu” que representa a consciência. A consciência é “eu”, e faça uso desse conhecimento quando você age.
O prazer ou felicidade que você tem experimentado, devem-se às palavras que você escutou ou por que você teve um lampejo de seu Atman?
V: Tenho estudado muito, durante todo o tempo fazendo sadhana (práticas espirituais). Desde que encontrei Maharaj, as coisas estão se tornando claras e também estou tendo confirmação do que eu aprendi.
M: Qual deveria ser sua conclusão final depois de ter lido muito, feito sadhana e escutado estes discursos? É que este que ouve, o conhecedor, não está embaraçado com o upadhi – isto é, o corpo, a mente e a consciência- e que ele está separado desse upadhi que surgiu sobre ele.
V: Isso significa sakshivan - a consciência-testemunha?
M: Você usa a palavra sakshivan, mas o que realmente você quer dizer com isso? Que há senciência, através da qual você vê o que está acontecendo. Mas fora isso, algo é necessário para que o testemunho aconteça? O sol nasceu, e há a luz do dia. Você colocou-se para fora para testemunhar? Ou você vê sem esforço? Portanto, o processo de testemunhar simplesmente acontece. Não há nada que aquilo que você chama de “testemunha” tenha que fazer, o testemunho acontece puramente por si mesmo.
Esse conhecimento “eu sou” emergiu em você. Desde então, qualquer outro conhecimento que você adquiriu, qualquer experiência que você tenha tido, o que quer que você tenha visto do mundo, foi tudo testemunhado. Mas aquele para quem o testemunho acontece está totalmente separado daquilo que é testemunhado. Nesse testemunho, nessas experiências, você tem assumido que você é o corpo, e você está envolvido nisso. Portanto, você tem as reações do que quer que você tenha visto apenas através dessa identificação com o corpo. Mas na verdade, você não está concernido com aquilo que torna possível você ver e torna possível aquilo que foi visto. Você está aparte de ambos.
V: Vivendo a vida mundana e sendo um pai de família, dando duro, trabalhando, dormindo, dando risada, se misturando com as pessoas de todas as nacionalidades, é possível apenas ser, e totalmente não se identificar com o corpo?
M: Mostre-me uma amostra disso que você pensa que está se identificando com o corpo.
V: Geralmente, nos identificamos com o corpo. Não deveríamos fazer isso. Não somos o corpo, a consciência ou o intelecto. Somos algo diferente. O “eu” é algo diferente. Mas nos identificamos vivendo no mundo. É possível não se identificar completamente?
Interprete: Essa pergunta já foi colocada. Mas Maharaj está perguntando: “o que é esse 'eu' que não consegue evitar de se identificar com ...”
V: O mesmo “eu” do qual Maharaj fala.
M: Por que existe qualquer relação entre você e o que acontece no mundo? Como surge a relação entre você e o mundo?
V: Porque o “eu” está revestido pelo corpo. E é o corpo que continua tendo contato com seres materiais, com outros corpos, animados e inanimados.
M: Você pensa que é o corpo que está entrando em contato. Se essa consciência não tivesse estado ali, como o corpo teria tido contato com o resto do mundo? O que na verdade é isso que entra em contato com o mundo?
V: O “eu” entra em contato com o mundo através do corpo.
M: O que quer que seja madhyama, se essa consciência não estivesse ali, o que aconteceria com a mente ou com aquilo que ela entra em contato? Se a consciência não estivesse ali, existiria o corpo ou mesmo o mundo?
V: Correto.
M: Então considere esse sentido de ser ou essa consciência como o Deus supremo. E mesmo assim, você como o conhecedor disso está separado da consciência e do corpo.
V: Entendo.
M: Isso que você entendeu não pode mais causar dano a você. Não é?
V: Entendi com meu intelecto.
M: O que significa que você pode apenas usar o instrumento do intelecto para entender. Mas o que está antes do intelecto?
V: O Atman.
M: Você entende o Atman. Portanto, isso que entende o Atman deve ser anterior até mesmo ao Atman.
V: Quer dizer, o intelecto?
M: O Atman é anterior ao intelecto e você entende o intelecto e também que o Atman é anterior ao intelecto.
V: Eu entendo o Atman com o intelecto; meu intelecto me diz que existe o Atman. Eu quero entender o atman-jnana. Com o budhi-janana veio o atma-jnana. Quero atma-janana e não budhi-janana.
M: Não deve haver confusão. Entenda um simples fato, que qualquer tipo de experiência pode apenas vir sobre a consciência que está aí. E que você está separado tanto da consciência quanto das experiências que surgem nessa consciência.
A menos que haja a consciência, chame de Buddhi, de mente ou do que quer que seja, pode qualquer coisa existir? Obviamente, a resposta é não. Portanto, naquela consciência eu posso ver meu corpo e o mundo; e é basicamente apenas naquela consciência que qualquer movimento ou experiência pode ocorrer.
V: Então essa consciência tem o poder de pensar? Ou de sentir?
M: Naquela consciência algo acontece. Qualquer movimento, pensamento ou experiência que houver podem ocorrer apenas nessa consciência. E você é anterior a essa consciência; portanto, você não é nem a consciência - ou seja, o instrumento- nem nenhum pensamento ou experiência, ou o que quer que esteja acontecendo naquele instrumento. Você é totalmente aparte disso. Agora atenha-se a isso.
V: Aterme-me a quê?
M: Ao fato de que você está aparte disso.
V: E você é Isso. Isso eu sei. Mas muitas vezes, não conseguimos esquecer que estamos no corpo.
M: Lembre-se que este corpo é feito dos cinco elementos; é um corpo material; eu chamo-o de corpo-comida, e nele está essa consciência através da qual o corpo possui sua senciência, permitindo que os sentidos funcionem. Pois, estes sentidos no corpo operam apenas graças à consciência. Essa é a única coisa para se lembrar.
Tudo que você tem é a respiração vital, a força da vida. E parte do prana é o Atman. Fora isso, o que você tem? Eu continuo retornando à mesma coisa. Além disso, não há absolutamente nada.
[Maharaj está comentando sobre uma senhora que está com um monte de problemas]
Todas essas dificuldades que vêm e vão deveriam ser meramente assistidas como algo numa peça. Quando uma cena termina, outra cena acontece, seguindo na forma de um ato. Então, todo o ato e a peça toda, acontecem em algum outro lugar que não seja em você? Se ela não tivesse essa consciência, ela estaria ciente dessa peça que está acontecendo? Portanto, finalmente, qualquer que seja a peça, quaisquer cenas e atos que aconteçam, são meramente movimentos na própria consciência dela.
[Uma senhora pede que Maharaj (que estava com câncer terminal) se cuide]
Quem é para cuidar do que? Eu conheço o que surgiu sobre meu estado original, e não há nada para tomar conta daquilo. É um acontecimento que surgiu e irá tomar conta de si mesmo. E o que quer que tenha acontecido, eu não fui afetado. Portanto, novamente, quem é para tomar conta do que? Não estou preocupado em tomar conta de coisa alguma. O mundo tem existido por milhões de anos. Houveram milhares de grandes homens, avatares e personalidades importantes. Algum deles teve êxito em fazer algo para mudar o curso dos eventos no mundo?
O que quer que tenha surgido sobre meu estado original está limitado ao tempo, mas meu estado original é sem tempo e sem espaço. E ele é um todo, uma Totalidade. Na verdade não um, pois se você diz “um”, imediatamente existem dois.
V: O que Ramakrishna disse e o que Maharaj está dizendo são a mesma coisa?
M: Eu já disse a você, a essência básica é apenas o Todo. Todas essas diferenças são subsequentes, devem-se aos conceitos. Portanto, basicamente, quando na Totalidade, como pode haver pecado ou mérito, ou qualquer tipo de dualidade?
Existe algo através do qual você está apto a dizer que você entende. E você está separado daquilo. O que você pensa que você entendeu é apenas um movimento na sua consciência. E você está separado dessa consciência. No que diz respeito a você, não existe a questão de entender ou não entender.
V: Quando temos alguma compreensão mental do ensinamento de alguém, pensamos sempre que, de fato, realizamos aquele ensinamento. Mas na verdade esse não é o caso, somos essencialmente a mesma pessoa, sofrendo da mesma maneira.
M: Como aquela criação original assumiu o lugar do corpo quando criança? E mesmo antes do seu nascimento: Como a concepção aconteceu? Como a criança veio à existência, sem ter pedido por isso? Entenda isso. Entenda completamente aquela gota de material que eventualmente desenvolveu-se num corpo, e então você entenderá todo o mistério de que você não é aquilo. Este corpo está agora ocupando um certo espaço, quanto espaço ele ocupava no momento de sua concepção? E o que ele era naquela ocasião? Se você entender isso, você entenderá o mistério do Ser.
Você se baseia no corpo que você é agora e não entende a raiz dele. É por isso que pensamos que somos este corpo. E para isso, você precisa fazer meditação. O que é meditação? Meditação não é este corpo-mente meditando como um individuo, mas é esse conhecimento “eu sou”, esta consciência, meditando sobre si mesma. Desse modo, a consciência vai revelar seu próprio início.
Identificação com o quê? Com este corpo que está agora. Mas ele entende a sua origem? Se você entender o aspecto temporal, então você não vai se orgulhar tanto do corpo que está existindo agora.
[Maharaj falando a respeito dele mesmo] O corpo está totalmente velho, minha missão está cumprida. Agora vocês vêm aqui, o que está certo, mas minha missão está feita. Minha alma está quase para abandonar este corpo. Estou feliz. Eu bato palmas! (batendo as mãos). Estou num humor como o bater das palmas, por estar quase para morrer. Eu não estou mais apaixonado, ou atado por alguém ou alguma coisa, nenhum apego.
Esquecimento – aquele nobre e mais elevado esquecimento – não irá chegar até que todas as dúvidas sejam dissipadas. A menos que todas dúvidas sejam erradicadas, essa paz não prevalecerá.
Enquanto eu permanecer identificado com o corpo, quero estar ocupado com ações, pois não estou apto a sustentar aquele “eu” puro sem elas. Não posso suportá-lo porque eu o identifico com o corpo-mente, com todos os tipos de atividades. Chamo isso de jiva-atman, que significa “condicionado pelo corpo-mente”, ele é o ser que está ocupado com todas as atividades. E o “eu” que não é condicionado por, e não está identificado com o corpo-mente – que portanto não tem forma, desenho ou nome – é paramatman. O jiva-atman está sendo testemunhado pelo paramatman, que é nosso verdadeiro Ser apenas.
V: O que ele está fazendo? Ele está participando do funcionamento do mundo?
M: Paramatman não precisa participar das atividades do mundo, mas sem esse princípio nenhuma atividade pode acontecer de maneira alguma. Assim como no caso do espaço (akash): sem ele, nenhuma atividade é possível.
As atividades estão se desenrolando naturalmente, espontaneamente, da mesma maneira que no mundo dos seus sonhos a noite, não há nenhum autor ou fazedor. Entretanto, você coloca em uso seu mundo de sonhos totalmente. Você não vai conseguir compreender isso enquanto tentar entender as coisas como um indivíduo. Mas, uma vez que você é a consciência universal manifesta e reside naquele espírito paramatman - “eu sou” sem forma e distinção – desse modo você irá realizar como as coisas são.
V: Pode-se duvidar se Krishna era mesmo a encarnação de Deus na forma humana. Se realmente foi assim, entretanto, devemos dar importância ao que ele nos disse.
M: O que Krishna disse está perfeitamente correto. Para aquele momento, aquele período particular na história, foi o mais apropriado. Mas aquele momento, aquele tempo se foram. Ele também se foi. A elevação espiritual aconteceu nele, é por isso que ele é grande.
Você está vendo e compreendendo as coisas através dos conceitos que você absorveu. Mas, na verdade, a real situação é bem diferente. Você está se apegando a isso como sendo a verdade, mas o que quer que você tenha ouvido não permanecerá como autoridade ou como permanente; irá desaparecer. Dessa forma, depois do desaparecimento de tudo, o que sobra - aquilo é você: neti-neti.
Você tem mudado continuamente, você está num estado de fluxo. Nenhuma identidade sua tem permanecido como um traço permanente. E no devido tempo você também vai ficar bem velho. Desse modo, há alguma constância em tudo isso?
V: A verdade é que o corpo é perecível, mas o Atman é imperecível, eterno.
Outro Visitante: Você realmente experimenta isso ou leu a respeito?
V: Estou experimentando e também li. Estou ficando velho e tenho visto as pessoas perecerem.
M: Ainda assim, deve haver algum autor autorizando todas essas atividades. Considere os quatro elementos mais grosseiros que estão engajados em atividades. Esses quatro elementos são presididos pelo espaço. Em que atividade o espaço está envolvido? Se você for investigar o mundo da sua observação, você nunca vai chegar ao seu destino. A menos que você abandonar tudo que você ouviu e permanecer no seu Ser, você não entenderá tudo isso. Você pode assumir a tarefa de investigar todo este mundo manifesto e tudo o que você escutou, mas você irá ficar cada vez mais preso num atoleiro.
Quando a encarnação acontece, qual é a causa dela? E de que forma ela ocorre? As histórias você já escutou …
V: Por que todos não se tornam Krishna?
M: O que é aquela infância? O que é aquele princípio-criança? Investigue aquilo. O toque daquela qualidade, a qualidade criança, entenda e perceba isso. Quando você descobriu a si mesmo? Desde quando e como? Depois de coletar todas as mensagens e conceitos no mundo, você não pode investigar a si mesmo. Quando Krishna nasceu, ele tinha aquele toque de “eu-sou-ência”. O mesmo acontece em você. Entenda isso! O que é esse toque do sentido de “eu-sou”, esse toque de criança em você? Desde quando você sabe que você é? E com o que você soube que você é? Se você tentar empregar qualquer coisa que tenha escutado, você nunca vai conseguir entender isso. Você sabe que você não era, mas agora você sabe que você é. Como isso aconteceu, essa confluência? Você não era e de repente você é. Isso é o que queremos descobrir.
V: Acho que vou desistir disso tudo.
M: Você deve descobrir e inquirir sobre o seu próprio ser. Desde quando você veio a conhecer o seu ser? E como? Alguém lhe disse que você é? Ou você veio a saber espontaneamente?
V: Foi falado para mim e também isso seguidamente ocorreu a mim quando eu li as perguntas do Ramana Maharshi, “Quem é esse que sonha, quem é esse que dorme?”
M: Abandone sua identidade com o corpo. Desde quando você começou a conhecer-se? Concentre-se nisso apenas.
V: Quem é aquele que dormia?
M: Abandone essa pergunta, pois isso não é relevante. Não há valor na sua pergunta. Neste momento eu não quero responder nenhuma pergunta. Estou lhe direcionando para a fonte e ficaria satisfeito com seu conhecimento do que você é. Confine-se a essa área. Foque apenas no conhecimento de que “você é”. Como você sabe que você é? Apenas fique ali. Você tem lutado sozinho com os muitos conceitos que coletou do mundo – você está lutando com tudo isso. Para quê?
Você sabe que você é. Como você sabe isso? E com o que você veio a saber disso? Essa é a soma total do meu ensinamento necessária para colocar você no caminho correto, é a própria quintessência do ensinamento.
Quando suas perguntas são respondidas, meus discursos ficam muito fáceis de entender. E quando você entende, todas as perguntas se esvaem. É um círculo vicioso: Enquanto você tiver perguntas, não pode acompanhar o que está sendo dito.
V: O que acontece é que algumas questões continuam surgido.
M: Eu vou para as questões básicas apenas: O que é você? Desde quando você é? Com aconteceu de você ser? E devido a quê você é? Não quero lidar com uma porção de questões áridas; elas não têm valor para mim. Se você gosta do meu ensinamento, você pode sentar-se aqui, senão, sem exitar, vá embora.
Em qualquer busca espiritual verdadeira, o que quer que você tenha escutado, que você tenha feito, não tem utilidade nenhuma para chegar na verdade real. O conhecimento “eu sou” aconteceu. Devido a quê?
Primeiramente, você testemunha que você é. Atenha-se ali apenas, somente com esse “você é”. Esteja ali apenas. Então com a ajuda desse “você é”, você está testemunhando o mundo. Se você não estiver testemunhando o “você é”, você também não estará testemunhado o mundo.
Quando você não souber que você é, as pessoas também não saberão que você é e irão crema-lo. Enquanto você souber que você é, as pessoas respeitarão você, você é algo. Quando você não souber que você é, as pessoas irão aliená-lo. Fique aí. Você deve ficar presente ali apenas, neste ponto – o ponto “você é”, desprovido de todos os conceitos, de toda heresia. Quando você reconhecer e realizar o conhecimento que você é, você também saberá o que Krishna é. Um número de incarnações vieram e foram. Mas quando você entende a si mesmo, você realiza todas as incarnações.
Por saber que você é, você sabe que o mundo é. Você também sabe que Deus é. Se você não sabe que você é, onde está o mundo e onde está Deus?
Houveram muitas encarnações e agora você sabe que você é. Esse “você é” é o princípio divino por causa do qual as encarnações existiram. Muitas pessoas vieram aqui, mas raramente alguém, após ter me escutado, chegou mais perto de si mesmo; raramente alguém irá entender à quê estou conduzindo. Mas essa rara pessoa, no processo de entender-me, vai chegar mais perto de si mesma, aquele que escuta. Aqueles que realmente entenderem irão permanecer em si mesmos.
Você não conhecia seus pais antes do seu nascimento, nem seus pais conheciam você. A despeito disso, como o conhecimento “eu sou” brotou naquela situação particular? O que é essa coisa incrível? Estou novamente colocando a mesma questão. Os pais não conheciam a criança e a criança não conhecia seus pais antes do seu nascimento. Agora a criança diz, 'aqui estou eu', Como é isso?
Isso em si é o mais grandioso milagre - que eu recebi a notícia “eu sou”. Você tem alguma dúvida de que você é?
V: Não, isso é auto-evidente.
M: Antes de saber que você é, que conhecimento você tinha? Que questões você pode colocar aqui, neste ponto? O que você sabe?
Dhyana significa ter um objetivo. Você quer considerar algo. Você é esse algo. Apenas para ser, você é. Apenas para ser o ser, o “eu sou”. Você medita em algo. Aquele conhecimento “eu sou” é você mesmo. Permaneça apenas ali. Como você pode fazer qualquer pergunta neste ponto? Porque esse é o começo do conhecimento.
V: Não deveríamos fazer nenhuma pergunta até que tenhamos atingido o objetivo. Quando o atingirmos, as perguntas se dissolverão.
M: Isso é exatamente o que estou lhe falando. Você saber que “você é” é um milagre muito grande. Esse tipo de discurso não está sendo exposto em nenhum outro lugar. A própria fonte, a semente desta filosofia, ninguém irá expor. Eles vão falar para você ir adorar um certo Deus e você obterá sua bênção – você vai ter benefícios de modos diferentes. Faça isso e você obterá aquilo.
Aquela profunda necessidade de compreender definidamente a verdade vai ocorrer. Mas se você desejar inquirir neste mundo externo inteiro e for cativado por ele, você nunca vai alcançar o objetivo.
Ao tentar aprender toda a história de Rama, de Krishna, de Cristo, etc. você também não vai alcançá-lo, nunca ficará satisfeito. Você terá aquela paz e quietude apenas quando você conhecer a si mesmo, quando você tiver aquele conhecimento íntimo “eu sou”. Você sabe que você é. Como aconteceu de você ser como você é? Por causa do quê você é? Qual é a causa disso? Descubra isso.
Atualmente seu capital é o que você leu – tudo que você escutou e leu. Mas esse tipo de investimento não tem nenhuma utilidade no campo espiritual.
Como lhe digo, resida em si mesmo, seja o seu próprio ser, apenas dessa maneira você conseguirá aquela paz e quietude.
V: Então eu não deveria fazer nenhuma pergunta?
M: Correto, nenhuma pergunta. Apenas seja o que você é. Da maneira como lhe digo, quando você residir no seu próprio ser, todas as suas questões serão dissolvidas pelo conhecimento “eu sou”.
O manifesto estende-se além de qualquer limite, expande-se por toda parte, é amplo. Se esse conhecimento “eu sou” não estiver aí, aonde estará o mundo? E aonde estarão os deuses?
Ao ler vários livros e escutar uma porção de coisas, você não pode tornar-se um Mahatma, mas apenas através desse conhecimento “eu sou”. Não se concentre no corpo. Por causa do corpo vocês chamam a si mesmos de homem ou de mulher. Apenas segure-se nesse conhecimento “eu sou” somente, sem o sentido do corpo – além do nome, da forma ou do desenho. Mas você tem de empregar nomes, formas e desenho por causa das atividades mundanas.
Vocês têm sorte, eu não tenho exposto isso em grandes detalhes para as outras pessoas. Para elas eu simplesmente digo: 'Você é “você”, esse conhecimento “você é”. Aceite apenas isso e siga seu caminho'.
Não medite em ninguém, em nenhum deus ou sábio. E esse conhecimento “você é”, não o enfeite com o corpo. Eu não falo para as pessoas mais do que elas necessitam e posso não entrar em grandes detalhes. Porque seus pais chegaram à fruição, você está aqui neste momento. O conhecimento “você é” não tem forma e nem nome; ele é puramente conhecimento “eu sou”. Um nome e uma forma são bons apenas para os propósitos do mundo. Atualmente você é ajustável por esse nome, o nome significa “eu mesmo”. E para esse nome, você deu o disfarce do corpo. Após renunciar o nome que foi imposto a você, diga-me o seu nome. Sem escutar de ninguém, qual pode ser o seu nome?
V: Sem nome!
M: Similarmente você aceita este corpo como sua identidade. Bem aqui e agora, abandone sua identidade com o corpo e sente-se quieto. Abandone este corpo como um traje descartado; abandone também a identidade com o nome. E agora me conte a respeito de você mesmo. O que quer que você seja é o mais adequado - aquele princípio mais grandioso que você é, a respeito do qual você não pode dar nenhuma informação. Mas você é.
Contanto que você mostre que você está ficando mais íntimo consigo mesmo e começando a conhecer esse ser, seus comentários são bem vindos. O amor por esse conhecimento “eu sou”, o princípio mais adorável, é o próprio conhecimento “eu sou”. Não é assim? Esse ser, esse conhecimento “eu sou”, tem um imenso amor pelo ser apenas. Mas quando esse ser ou esse amor do ser tornam-se misturado ou associado com o corpo, as misérias começam.