sexta-feira, 9 de abril de 2010

Jalaluddin Rumi - O Rubi do Nascer do Sol / Água da sua Fonte / Você Esfrega o Chão / Cada Nota / Granito e Taça de Vinho



Na primeira hora da manhã,


um pouco antes do amanhecer, o amante e a amada acordam


e tomam um gole de água.



Ela pergunta, “Você ama mais a mim ou a si mesmo?


Realmente, diga a verdade absoluta.”



Ele diz, “Não sobrou nada de mim.


Sou como um rubi erguido para o nascer do sol.


Ele ainda é uma pedra, ou um mundo


de vermelhidão? Ele não resiste


à luz do sol.”



Foi assim que Hallaj disse, eu sou Deus,


e disse a verdade!



O rubi e o nascer do sol são um.


Seja corajoso e discipline-se.



Torne-se completamente audição e orelha,


e use como brinco este sol-rubi.



Trabalhe, continue cavando o seu poço.


Não pense sobre largar o trabalho.


A água está lá em algum lugar.



Submeta-se a uma prática diária.


Sua lealdade a isso


é uma campainha na porta.



Continue tocando, e a alegria que está dentro


eventualmente abrirá uma janela


e olhará para fora para ver quem está lá.


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O que há na luz daquela vela


que abriu e consumiu-me tão rapidamente?



Volte, meu amigo! A forma do nosso amor


não é uma forma criada.



Nada pode me ajudar além daquela beleza.


Lembro-me de um amanhecer



em que minha alma ouviu algo


de sua alma. Eu bebi água



da sua fonte e senti


a correnteza me levar.


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O senhor da beleza entra na alma


conforme um homem caminha num pomar


na primavera.



Vem em mim daquele jeito de novo!



Acende a lâmpada


no olho de José. Cura a tristeza


de Jacó. Embora você nunca tenha partido,


venha e sente aqui e pergunte,


“Por que você está tão confuso?”



Como uma idéia nova na mente de um artista,


você forma as coisas antes delas surgirem.



Você varre o chão como o homem


que zela o portão.


Quando você esfrega


uma forma deixando-a limpa, ela se torna


o que ela realmente é.



Você guarda seu silêncio perfeitamente


como uma bolsa de água que não vaza.



Você vive onde Shams vive,


porque seu coração-asno foi forte o bastante para levá-lo até lá


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Conselhos não ajudam os amantes!


Eles não são o tipo de riacho da montanha


no qual você pode construir uma represa.



Um intelectual não sabe


o que o ébrio está sentindo!



Não tente adivinhar qual é a próxima coisa


que aqueles perdidos dentro do amor irão fazer!



Alguém no comando abandonaria todo seu poder,


se recebesse uma baforada do vinho almiscarado


do quarto onde os amantes


estão fazendo sabe-se lá o quê!



Um deles tenta cavar um buraco através de uma montanha.


Um foge das honras acadêmicas.


Outro ri de bigodes famosos!



A vida congela se ela não consegue ter um gosto


deste bolo de amêndoas.



As estrelas erguem-se girando


toda noite aturdidas de amor.



Elas se cansariam desse revolver,


se não estivessem nesse estado.



Elas diriam,


“Quanto tempo mais temos que fazer isto!”



Deus apanha a flauta de bambu do mundo e sopra.


Cada nota é uma necessidade surgida através de cada um de nós,


uma paixão, uma dor ardente.



Lembre-se dos lábios


de onde o sopro da respiração se originou,


e deixe sua nota ser clara.


Não tente terminá-la.


Seja sua nota.


Vou lhe mostrar como isso é o suficiente.



Suba no telhado esta noite


nesta cidade da alma.



Que todos subam em seus telhados


e cantem suas notas!



Cantem alto!


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Você é granito.


Eu sou uma taça de vinho vazia.



Você sabe o que acontece quando nos tocamos!


Você ri do mesmo modo que o sol nascendo ri


de uma estrela que desaparece nele.



O amor abre meu peito e o pensamento


retorna para seus confins.



A paciência e as considerações racionais se vão.


Apenas as paixões ficam, choramingando e febris.



Alguns homens caem na estrada como restos descartados.


Então, totalmente indiferentes, na manhã seguinte



eles saem galopando com novos propósitos. O amor


é a realidade e a poesia é o tambor



que nos chama para ele. Não fique reclamando


sobre a solidão! Deixe abrir uma fenda na linguagem


medrosa desse assunto fazendo-a flutuar para longe.



Que o sacerdote desça de sua torre,


e não volte para lá novamente.