sábado, 20 de fevereiro de 2010

Meher Baba - A Remoção dos Sanskaras (parte 1)


O Cessar, o desgaste e o desenrolamento dos Sanskaras

Os seres humanos não têm iluminação de Si mesmos porque sua consciência está apoiada nos Sanskaras, ou nas impressões acumuladas de experiências passadas. Na forma humana a vontade-de-ser-consciente (lahar-o impulso do absoluto de conhecer a si mesmo) com a qual a evolução começou, teve sucesso em criar consciência. Entretanto, a consciência não chega ao conhecimento da Sobre-alma (Paramatma), porque a alma individual (atman) está impelida a usá-la para experimentar os Sanskaras em vez de utilizá-la para experimentar a própria natureza da alma como a Sobre-alma. A experiência dos Sanskaras mantém-na confinada à ilusão de ser um corpo finito tentando se ajustar ao mundo das coisas e das pessoas. As almas individuais são como gotas no oceano. Assim como cada gota no oceano é fundamentalmente idêntica ao oceano, a alma (que é individualizada devido à ilusão, ou bhas) ainda é a Sobre-alma e realmente não se separa da Sobre-alma. Todavia, o invólucro dos Sanskaras, pelo qual a consciência está coberta, impede a gota-alma de ter a iluminação de Si mesma e mantém-na dentro do domínio da dualidade.
Para que a alma conscientemente realize sua identidade com a Sobre-alma, seria necessário que a consciência fosse retida e que os Sanskaras fossem inteiramente removidos.
Os Sanskaras, que contribuem na evolução da consciência, tornam-se impedimentos à sua eficácia em iluminar a natureza da Sobre-alma. Daqui por diante o problema com o qual a vontade-de-ser-consciente é confrontada não é o de evoluir a consciência, mas sim o de liberá-la dos Sanskaras.

A liberação dos Sanskaras acontece das cinco maneiras seguintes:

1. Cessar a criação de novos Sanskaras.
Isso consiste em colocar um fim à atividade sempre renovadora de criar novos Sanskaras. Se a formação dos Sanskaras for comparada ao enrolamento de uma corda em volta de um bastão, este passo atinge a cessação do enrolamento da corda.

2. O desgaste dos velhos Sanskaras.
Se os Sanskaras são impedidos de expressarem a si mesmos em ação e em experiência, eles são gradualmente desgastados. Na analogia da corda, este processo é comparável ao desgaste da corda no lugar em que ela está.

3. O desenrolamento dos Sanskaras passados.
Este processo consiste em anular Sanskaras passados ao reverter mentalmente o processo que leva à sua formação. Continuando nossa analogia, é como desenrolar a corda.

4. A dispersão e exaustão de alguns Sanskaras.
Se a energia mental que estiver encerrada nos Sanskaras for sublimada e desviada para outros canais, eles serão dispersados e exauridos e tenderão a desaparecer.

5. O apagamento dos Sanskaras.
Isso consiste em aniquilar completamente os Sanskaras. Na analogia da corda, é comparável a cortar a corda com uma tesoura. O apagamento final dos Sanskaras pode ser efetuado apenas pela graça de um Mestre Perfeito.

Deve-se notar cuidadosamente que muitos dos métodos concretos para desfazer os Sanskaras mostram-se efetivos em mais de uma maneira e as cinco maneiras mencionadas acima não visam classificar esses métodos em tipos precisamente distintos, mas sim, representam os princípios diferentes de caracterizar os processos espirituais que acontecem enquanto os Sanskaras estão sendo removidos.
Por melhor convir, esta parte irá lidar apenas com aqueles métodos que de forma preeminente ilustram os primeiros três princípios (particularmente, a cessação da criação de novos Sanskaras e o desgaste e o desenrolamento de Sanskaras passados). Os métodos que ilustram predominantemente os dois últimos princípios (a dispersão e a exaustão através da sublimação dos Sanskaras e do apagamento dos Sanskaras) serão explicados nas Partes II e III.

Para a mente ser libertada das amarras dos Sanskaras que estão sempre sendo acumulados, é necessário que haja um fim na criação de novos Sanskaras.
As novas multiplicações de Sanskaras podem ser cessadas através da renúncia. Renúncia pode ser externa ou interna. A renúncia externa, ou física, consiste em abandonar tudo aquilo que a mente é apegada - casa, parentes, casamento, filhos, amigos, riqueza, confortos e prazeres grosseiros. A renúncia interna, ou mental, consiste em abandonar todos os desejos ardentes, particularmente o desejo por objetos sensuais. Embora a renúncia externa em si mesma não seja necessariamente acompanhada pela renúncia interna, ela frequentemente prepara o caminho para a renúncia interna.
A liberdade espiritual consiste na renúncia interna e não na renúncia externa, mas a renúncia externa é uma grande ajuda para alcançar a renúncia interna. A pessoa que renuncia suas posses desconecta-se de tudo que ela possuiu ou possui. Isso significa que as coisas que ela renuncia não são mais uma fonte de novos Sanskaras. Ela então dá um importante passo na direção de emancipar-se de seus Sanskaras ao colocar um fim no processo de formar novos Sanskaras.
Isso não é tudo que é alcançado através da renúncia externa. Com a renúncia de todas as coisas, ela também renuncia suas ligações passadas. Os velhos Sanskaras conectados com suas posses desapegam-se de sua mente e uma vez que são impedidos de expressarem a si mesmos, eles são desgastados. Para a maioria das pessoas, renúncia externa cria uma atmosfera favorável para o desgaste dos Sanskaras.
Um indivíduo que possua riqueza e poder está exposto a uma vida de indulgência e extravagância. Suas circunstâncias são mais favoráveis para as tentações. O homem é principalmente o que ele se torna ao ser talhado, cinzelado e esculpido pelo escultor do ambiente. Se ele pode ou não sobrepujar seu ambiente, depende da sua força de caráter. Se ele é forte, ele permanece livre em seu pensamento e ação, mesmo no meio da ação e reação com seu meio. Se ele é fraco, ele sucumbe a estas influências. Mesmo se ele é forte, ele está sujeito a seus pés serem varridos por uma poderosa onda do modo coletivo de vida e de pensamento. É difícil resistir às investidas de uma corrente de idéias e evitar virar presa das circunstâncias. Se ele resiste às circunstâncias, ele está sujeito a ser levado embora por alguma onda selvagem da paixão coletiva e ser pego pelos moldes de pensamento que ele não consegue renunciar. Embora seja difícil resistir e superar essas influências e arredores, é mais fácil escapar delas. Muitas pessoas viveriam uma vida casta e honesta se não fossem circundadas por luxúrias e tentações. A renúncia de todas as coisas supérfluas ajuda a exaurir os Sanskaras e é, portanto, contribuinte para a vida de liberdade.

As duas formas importantes de renúncia externa que têm valor espiritual especial são a solidão e o jejum. O afastar-se da tempestade e do esforço das múltiplas atividades mundanas e um ocasional retiro em solidão são valiosos para gastar os Sanskaras conectados com o instinto gregário. Mas isso não deve ser visto como um objetivo em si.
Assim como a solidão, jejuar tem igualmente grande valor espiritual. Comer é satisfação; jejuar é negação. Jejuar é físico quando o alimento não é consumido, apesar da ânsia pela apreciação de comer; e é mental quando o alimento é consumido não para seus prazeres e apegos, mas meramente para a sobrevivência do corpo. O jejum externo consiste em evitar o contato direto com o alimento a fim de conseguir o jejum mental.
A comida é uma necessidade direta da vida e sua negação continuada está fadada a ser desastrosa à saúde. Portanto, o jejum externo deve ser periódico e somente por um curto período de tempo. Tem de ser continuado até que haja uma vitória completa sobre o anseio pelo alimento. Trazendo em ação as forças vitais para suportar o anseio pela comida, é possível livrar a mente do apego à comida.
O jejum externo não tem nenhum valor espiritual quando é empreendido com a intenção de assegurar a saúde do corpo ou para a auto-afirmação. Não deveria ser usado como um instrumento para a auto-afirmação. Da mesma maneira, não deve ser levado ao extremo - a auto-mortificação proveniente do jejum prolongado não promove necessariamente a liberdade do anseio pela comida. Ao contrário, é passível de convidar uma reação subsequente a uma vida de extravagante indulgência na comida.
Se, entretanto, o jejum externo for empreendido com moderação e para finalidades espirituais, ele facilita a realização do jejum interno. Quando o jejum externo e interno são sinceros e fiéis, causam o desenrolamento dos Sanskaras conectados com o anseio por comida.

O desenrolamento de muitos outros Sanskaras pode ser provocado através de penitências. Isto consiste em aumentar e expressar o sentimento de remorso que um indivíduo sente após ter percebido que fez algum ato errôneo.
O arrependimento consiste em reavivar mentalmente os erros com severa auto-condenação. É facilitado ao aproveitar-se das diferentes circunstâncias e situações que a penitência incita, ou ao permanecer vulnerável durante períodos de irrupções emocionais, ou por esforços deliberados para recordar os incidentes passados com um coração imbuído de remorso e uma desaprovação aguda. Tal penitência desgasta os Sanskaras que são responsáveis pelas ações.
A auto-condenação acompanhada de um sentimento profundo pode negar os Sanskaras de raiva, avidez e luxúria.
Suponha que uma pessoa tenha cometido um erro irreparável a alguém por meio da avidez, da raiva, ou da luxúria descontroladas. Uma hora ou outra ela estará fadada a ter a reação de um remorso auto-mortificante e experimentar os ferrões da consciência. Se nessa hora ela percebe vividamente o mal pelo qual ela foi responsável, a intensidade de ciência emocional pela qual ela é acompanhada consome as tendências pelas quais ela fica auto-condenada. A auto-condenação algumas vezes expressa-se através de diferentes formas de auto-mortificação. Alguns aspirantes até mesmo fazem feridas em seus corpos quando estão dispostos a cumprir penitência, mas tal expressão drástica de remorso deve ser desencorajada como um uso geral.
Alguns aspirantes Hindus tentam cultivar humildade ao tornar uma regra cair aos pés de todos a quem encontram.
Para aqueles de vontade forte e caráter estável, a penitência pode trazer o efeito desejado pela auto-humilhação, que desenrola e erradica os diferentes Sanskaras conectados com as ações boas e más. Outras pessoas que são fracas na sua força de vontade também derivam benefícios da penitência se estiverem sobre uma direção solidária e amorosa.
Quando a penitência é nutrida cuidadosamente e praticada, ela inevitavelmente resulta na revogação mental das indesejáveis formas de conduta e pensamento, e torna a pessoa sujeita a uma vida de pureza e serviço.
Deve-se, entretanto, notar cuidadosamente que há sempre o perigo na penitência que a mente possa ficar muito tempo voltada para os males feitos e assim desenvolver o hábito mórbido de choramingar e lamentar por coisas insignificantes. Tal extravagância sentimental é frequentemente uma perda indiscriminada de energia e de maneira nenhuma é de ajuda no desgaste e desenrolar dos Sanskaras.
A penitência não deveria ser como o arrependimento diário que acompanha as fraquezas diárias. Não deveria tornar-se um habito tedioso e estéril de imoderada e obscura ponderação sobre suas falhas. A penitência sincera não consiste em perpetuar o pesar por causa dos erros, mas em resolver evitar no futuro aqueles atos que trazem remorso. Se levar à falta de auto-respeito ou de auto-confiança ela não serviu seu propósito, que é meramente tornar impossível a repetição de certos tipos de ação.

O desgaste e desenrolamento dos Sanskaras podem ser também efetuados ao negarmos os desejos e suas expressões e satisfações. As pessoas diferem na sua capacidade e aptidão de rejeitar os desejos. Aquelas nas quais os desejos surgem com grande velocidade impulsiva, ficam inaptas a refreá-los em sua origem, mas podem refrearem-se de buscar a satisfação deles através de ações.
Mesmo se a pessoa não tem controle sobre o surgimento dos desejos, pode preveni-los de serem traduzidos para ação. A rejeição dos desejos ao controlar as ações evita a possibilidade de plantar sementes de futuros desejos. Por outro lado, se uma pessoa traduz seus desejos em ação, ela pode desgastar e desenrolar algumas impressões. Mas ela está criando novas impressões durante o próprio processo de satisfazer os desejos e está assim semeando sementes para desejos futuros, que por sua vez estão fadados a demandar sua própria satisfação.
O processo de desgastar e desenrolar as impressões pela expressão e satisfação em si não contribue para assegurar a liberação dos Sanskaras. Quando os desejos surgem e sua liberação em ação é barrada, existe abundante oportunidade para cogitação espontânea sobre esses desejos. Essa reflexão resulta na exaustão dos Sanskaras correspondentes. Deve ser notado, entretanto, que tal reflexão espontânea não traz os resultados desejados se toma a forma de indulgência mental nos desejos.
Quando há uma tentativa deliberada e dissoluta de receber e abrigar os desejos na mente, tal reflexão não apenas não terá valor espiritual como pode ser responsável por criar Sanskaras sutis. A reflexão não deveria ser acompanhada por nenhuma sanção consciente para os desejos que surjam na consciência, e não deveria haver nenhum esforço para perpetuar a memória desses desejos. Quando os desejos são negados de se expressarem e satisfazerem-se e são permitidos passarem pela intensidade do fogo de uma consciência reflexiva que não os sanciona, as sementes desses desejos são consumidas. A rejeição dos desejos e a inibição da resposta física efetuam, com o tempo, uma negação automática e natural dos Sanskaras.
A rejeição dos desejos é uma preparação para o estado de ausência dos desejos, ou o estado do não querer, que unicamente pode trazer a liberdade real. As vontades são necessariamente um fator limitador, sejam elas satisfeitas e atendidas ou não. Quando são satisfeitas, levam a vontades subsequentes e assim perpetuam a prisão do espírito. Quando as vontades não são satisfeitas, levam ao desapontamento e sofrimento, que - através de seus Sanskaras - acorrenta a liberdade do espírito à sua própria maneira.
Não há fim para as vontades porque os estímulos externos e internos da mente estão constantemente atraindo-a para um estado de ter vontade de algo ou de desgostar (que é uma outra forma de vontade) de algo.
Os estímulos externos são as sensações da visão, audição, olfato, paladar e tato. Os estímulos internos são aqueles que surgem na mente do homem das memórias desta vida presente e da totalidade de Sanskaras agrupados pela consciência durante o período evolucionário e durante as vidas como ser humano.
Quando a mente é treinada a permanecer imóvel e equilibrada na presença de todos os estímulos externos e internos, ela chega ao estado do não-querer. E ao não querer nada (exceto a Realidade absoluta, que está além dos opostos dos estímulos) é possível desenrolar os Sanskaras das vontades. Ter desejos é um estado de equilíbrio perturbado da mente, e o não-querer é um estado de equilíbrio estável.

O equilíbrio do não-querer só pode ser mantido através de um incessante desapego de todos os estímulos, sejam eles prazerosos ou dolorosos, agradáveis ou desagradáveis.
Para poder permanecer imobilizada pelas alegrias e tristezas deste mundo, a mente deve estar completamente desapegada dos estímulos externos e internos. Embora a mente esteja constantemente fortificando-se através de suas próprias reflexões construtivas, há sempre a chance dessas produções de defesa serem apagadas por uma repentina onda inesperada surgindo no oceano do entorno natural e mental. Quando isso acontece você pode, por um tempo, sentir-se completamente perdido, mas a atitude de não-apego pode mantê-lo a salvo. Essa atitude consiste na aplicação do princípio do neti-neti (não-isto, não-aquilo). Ela implica um constante esforço para manter um desapego zeloso em relação às seduções dos opostos da experiência limitada.
Não é possível negar apenas os estímulos desagradáveis e permanecer internamente apegado aos estímulos agradáveis. Para a mente não ser afetada pelas investidas dos opostos, ela não pode continuar apegada às expressões dos estímulos agradáveis e ser influenciada por eles. O equilíbrio consiste em encarar ambas as alternativas com completo desapego.
A idéia “Sim, sim” dos Sanskaras positivos pode somente ser anulada com a defesa negativa “não, não”. Esse elemento negativo está necessariamente presente em todos os aspectos do ascetismo, quando expressado através da renúncia, solidão, jejum, penitência, de impedir a satisfação dos desejos e do não-querer. A mistura feliz de todos esses métodos e atitudes cria uma forma saudável de ascetismo em que não há nenhuma labuta ou esforço. Mas para assegurar tudo isso, o elemento negativo neles deve vir naturalmente sem causar nenhuma perversão ou limitações futuras. Tentar forçar a mente a uma vida de ascetismo não tem utilidade. Todo o ajuste forçoso da vida em linhas ascéticas é provável de atrofiar o crescimento de certas boas qualidades. Quando as qualidades saudáveis da natureza humana são permitidas de desenvolverem-se natural e lentamente, elas abrem o conhecimento de valores relativos e, desse modo, pavimentam o caminho para uma vida espontânea de ascetismo. Enquanto que toda a tentativa de forçar ou acelerar a mente para uma vida ascética é passível de atrair reação.

O processo de ser libertado de alguns apegos é frequentemente acompanhado pelo processo de formar alguns outros novos apegos.
A forma mais grosseira de apego é aquela que é dirigida ao mundo dos objetos; mas quando a mente está sendo desapegada do mundo dos objetos, ela tem uma tendência de chegar em alguns apegos mais finos de um tipo subjetivo. Depois que a mente sucedeu em cultivar um determinado grau de desapego, ela pode facilmente desenvolver aquela forma sutil de egoísmo que se expressa através de uma distância e de um ar superior. O desapego não deve receber permissão de formar nenhum núcleo sob o qual o ego possa se ligar; e ao mesmo tempo, não deve ser uma expressão de sua inabilidade de lidar com as tempestades e o estresse da vida mundana.
As coisas que limitam o Ser puro e infinito deveriam ser abandonadas através de uma atitude de imensa força, que é nascida da pureza e da iluminação, e não de um sentido de desamparo face aos conflitos e esforços. Ademais, o desapego verdadeiro não consiste em apegar-se à mera fórmula do neti neti, que se transforma às vezes numa obsessão da mente sem nenhum sentimento profundo de anseio pela iluminação.
Tal interesse em uma mera fórmula de negação frequentemente existe lado a lado com uma permanência interna nas tentações. O desapego pode ser integral e sincero somente quando se transforma em uma parte inseparável da natureza da pessoa.
A afirmação negativa do “não, não” é a única maneira de desenrolar os Sanskaras positivos reunidos durante a evolução e as vidas na forma humana. Embora este processo destrua os Sanskaras positivos, conduz à formação dos Sanskaras negativos, que de suas próprias maneiras condicionam a mente e criam um novo problema. A afirmação do “não, não” tem de ser suficientemente poderosa para efetuar a erradicação de todos os Sanskaras físicos, sutis e mentais; mas depois que tenha servido seu propósito, tem de finalmente ser abandonada. A finalidade da experiência espiritual não consiste na simples negação. Trazê-la para uma fórmula negativa é limitá-la por meio de um conceito intelectual. A fórmula negativa tem de ser usada pela mente para descondicionar a si mesma e deve ser renunciada antes que o objetivo último da vida possa ser alcançado. O pensamento tem de ser usado a fim de superar as limitações impostas por seu próprio movimento; mas quando isso é feito, ele próprio tem de ser abandonado. Isso se eleva ao processo de ir além da mente e torna-se possível com a não-identificação com a mente ou seus desejos. Olhar objetivamente para o corpo, bem como para todos os pensamentos e impulsos mais baixos, é estabelecer-se num desapego feliz e negar todos os Sanskaras. Isso significa libertar a alma de suas ilusões auto-impostas - como “eu sou o corpo,” “eu sou a mente,” ou “eu sou desejo” - e ganhar terreno na direção do estágio iluminado do “eu sou Deus” (“Anal Haqq,” ou “AhamBrahmasmi").