quinta-feira, 10 de junho de 2010

Nisargadatta Maharaj - A Grande Descoberta



Pergunta: Eu estive aqui no ano passado. Agora estou novamente diante de você. O que me faz vir realmente não sei, mas de alguma forma não consigo lhe esquecer.
Maharaj: Alguns esquecem, outros não, de acordo com os seus destinos, o qual você pode chamar de acaso, se preferir.
P: Entre o acaso e o destino há uma diferença básica.
M: Só na sua mente. Na verdade, você não sabe o quê causa o quê. Destino é apenas uma palavra que funciona como um cobertor para cobrir a sua ignorância. Acaso é uma outra palavra.
P: Sem conhecimento das causas e dos seus resultados pode haver liberdade?
M: As causas e os resultados são infinitos em número e variedade. Tudo afeta tudo. Neste universo, quando uma coisa muda, tudo muda. Daí o grande poder do homem em mudar o mundo ao mudar a si mesmo.
P: De acordo com suas próprias palavras, você, pela graça de seu Guru, mudou radicalmente cerca de quarenta anos atrás. No entanto, o mundo permanece tal como era antes.
M: Meu mundo mudou completamente. O seu permanece o mesmo porque você não mudou.
P: Como é que a sua mudança não afetou a mim?
M: Porque não havia comunhão entre nós. Não considere a si mesmo como separado de mim e de imediato partilharemos de um estado comum.

P: Tenho uma propriedade nos Estados Unidos que eu pretendo vender e comprar um terreno no Himalaia. Vou construir uma casa, arrumar um jardim, conseguir duas ou três vacas e viver tranquilamente. As pessoas me dizem que propriedade e tranquilidade não são compatíveis, que logo eu terei problemas com oficiais, vizinhos e ladrões. Isso é inevitável?
M: O mínimo que você pode esperar é uma sucessão interminável de visitantes que irão fazer de sua moradia uma casa de hóspedes livre e aberta. É melhor aceitar a sua vida como ela se molda, vá para casa e cuide de sua esposa com amor e carinho. Ninguém mais precisa de você. Seus sonhos de glória irão lhe colocar em mais problemas.
P: Não é glória que eu busco. Eu busco a Realidade.
M: Para isso você precisa de uma vida bem ordenada e calma, paz de espírito e uma sinceridade imensa. A cada momento, o que quer que venha a você espontaneamente vem de Deus e certamente irá lhe ajudar, se você tirar o máximo proveito disso. É apenas aquilo pelo qual você se esforça, que vem de sua própria imaginação e desejo o que lhe dá problemas.
P: O destino é o mesmo que a graça?
M: Com certeza. Aceite a vida como ela vier e você vai descobrí-la ser uma bênção.
P: Eu posso aceitar minha própria vida. Mas como aceitar o tipo de vida que os outros são obrigados a viver?
M: Você está aceitando isso de qualquer maneira. As tristezas dos outros não interferem com os seus prazeres. Se você fosse realmente compassivo, teria abandonado há muito tempo toda a preocupação consigo mesmo e teria entrado no estado a partir do qual e somente do qual você realmente pode ajudar.
P: Se eu tiver uma casa grande e terreno bastante, posso criar um Ashram, com quartos individuais, uma sala comum para meditação, cantina, biblioteca, escritório, etc.
M: Ashrams não são feitos, eles acontecem. Você não pode nem começar a fazê-los nem impedi-los de serem feitos, do mesmo modo que você não pode iniciar ou terminar um rio. Muitos fatores estão envolvidos na criação de um Ashram de sucesso e sua maturidade interior é apenas um deles. Claro, se você é ignorante de seu verdadeiro ser, o que quer que você faça se tornará cinzas. Você não pode imitar um Guru e se dar bem com isso. Toda a hipocrisia vai terminar em desastre.
P: Qual é o mal em se comportar como um santo, mesmo antes de ser um?
M: Ensaiar a santidade é um sadhana. Está perfeitamente correto, desde que nenhum mérito seja reivindicado.
P: Como posso saber se sou capaz de iniciar um Ashram se eu não tentar?
M: Enquanto você se considera uma pessoa, um corpo e uma mente, separado do rio da vida, tendo uma vontade própria, perseguindo seus próprios objetivos, você estará vivendo apenas na superfície e tudo o que você fizer será de curta duração e de pouco valor, mera palha para alimentar as chamas da vaidade. Você deve agregar valor verdadeiro antes que possa esperar algo real. Qual é o seu valor?

P: Baseado em que medida posso avaliar isso?
M: Olhe para o conteúdo de sua mente. Você é o que você pensa. Você não está na maioria do tempo ocupado com a sua própria pequena pessoa e as necessidades diárias dela?
O valor da meditação regular é que ela leva você para longe da monotonia da rotina diária, fazendo-o lembrar que você não é o que você acredita ser. Mas mesmo lembrar não é suficiente - ação deve vir depois da convicção. Não seja como o homem rico que fez um testamento detalhado mas se recusou a morrer.
P: A gradualidade não é uma lei da vida?
M: Oh, não. Apenas a preparação é gradual, a mudança em si é súbita e completa. A mudança gradual não o leva a um novo nível de ser consciente. É preciso coragem para abrir mão.
P: Eu admito que é coragem que me falta.
M: É porque você não está totalmente convencido. Convicção total gera desejo e coragem. E a meditação é a arte de alcançar a fé por meio do entendimento. Na meditação você considera os ensinamentos recebidos em todos os seus aspectos e repetidamente, até que da clareza nasça a confiança e da confiança nasça a ação. Convicção e ação são inseparáveis. Se a ação não segue a convicção, examine suas convicções, não se acuse de ter falta de coragem. A auto-depreciação não o levará a lugar algum. Sem clareza e consentimento emocional de que serve a vontade?

P: O que você quer dizer com consentimento emocional? Não devo agir contra meus desejos?
M: Você não vai agir contra os seus desejos. Clareza não é suficiente. A energia vem do amor - você deve amar para agir - seja qual for a forma e o objeto de seu amor. Sem clareza e caridade a coragem é destrutiva. Pessoas em guerra muitas vezes são maravilhosamente corajosas, mas e daí?
P: Eu vejo claramente que tudo o que eu quero é uma casa em um jardim, onde eu possa viver em paz. Por que eu não deveria agir de acordo com meu desejo?
M: De qualquer maneira, aja. Mas não se esqueça do inevitável, do inesperado. Sem chuva o seu jardim não florescerá. Você precisa de coragem para se aventurar.
P: Eu preciso de tempo para coletar minha coragem, não me apresse. Deixe-me amadurecer para a ação.
M: Toda a maneira de se aproximar da questão está errada. Ação postergada significa ação abandonada. Pode haver outras chances para outras ações, mas o momento presente é perdido - irremediavelmente perdido. Toda a preparação é para o futuro - você não pode preparar para o presente.

P: O que há de errado em preparar para o futuro?
M: Atuar no agora não é muito ajudado pelas suas preparações. Clareza é agora, ação é agora. Pensar em se preparar impede a ação. E a ação é o critério da realidade.
P: Mesmo quando agimos sem convicção?
M: Você não pode viver sem ação, e por trás de cada ação há algum medo ou desejo. Em última análise, tudo o que você faz está baseado em sua convicção de que o mundo é real e independente de você mesmo. Se estivesse convencido do contrário, seu comportamento teria sido completamente diferente.
P: Não há nada de errado com minhas convicções, minhas ações são moldadas pelas circunstâncias.
M: Em outras palavras, você está convencido da realidade de suas circunstâncias, do mundo em que você vive. Trace o mundo de volta para sua fonte e você vai descobrir que antes do mundo existir, você existia e quando o mundo já não existir, você permanecerá. Encontre o seu ser atemporal e sua ação será testemunhada por ele. Você o encontrou?

P: Não, não encontrei.
M: Então o que mais você tem de fazer? Certamente, essa é a tarefa mais urgente. Você não pode ver a si mesmo como independente de todas as coisas, a menos que largue tudo e fique sem suporte e indefinido. Uma vez que você conhece a si mesmo, é irrelevante o que você faz, mas para perceber a sua independência, você deve testá-la ao abandonar tudo do qual você era dependente. O homem realizado vive no nível dos absolutos; sua sabedoria, seu amor e sua coragem são completos, não há nada relativo a seu respeito. Portanto, ele deve provar-se através dos testes mais rigorosos, passar por provações mais exigentes. O testador, o testado e o local do teste estão todos dentro, é um drama interior no qual nenhum deles pode ser um partido.
P: Crucificação, morte e ressurreição – estamos em terrenos familiares! Tenho lido, ouvido e falado sobre isso incessantemente, mas para fazer isso eu me acho incapaz.
M: Fique quieto, imperturbável e a sabedoria e o poder virão por conta própria. Você não precisa ansiar. Espere no silêncio do coração e da mente. É muito fácil ficar quieto, mas ter uma vontade sincera é raro. Vocês querem se tornar super-homens da noite para o dia. Fique sem ambição, sem o menor desejo, exposto, vulnerável, desprotegido, incerto e sozinho, completamente aberto e acolhedor para a vida de acordo como ela acontece, sem a convicção egoísta de que todos devem conceder-lhe prazer ou benefício, material ou supostamente espiritual.

P: Sinto ressonância com o que você diz, mas não vejo como isso pode ser feito.
M: Se você soubesse como fazer, você não faria. Abandone todas as a tentativas, apenas seja; não se esforce, não lute, desprovenha-se de todos os apoios, segure no secreto sentido de ser, varrendo todo o resto. Isso é o suficiente.
P: Como esse varrer é feito? Quanto mais eu varro, mais coisa vem para a superfície.
M: Recuse a atenção a elas, deixe as coisas virem e irem. Desejos e pensamentos também são coisas. Ignore-os. Desde tempos imemoriais a poeira dos eventos esteve cobrindo o espelho claro de sua mente, de modo que você podia ver apenas memórias. Varra a poeira antes que ela tenha tempo de cair, isso irá desnudar as antigas camadas até que a verdadeira natureza de sua mente seja descoberta. É tudo muito simples e relativamente fácil, seja sincero e paciente, isso é tudo. Desapego, desprendimento, liberdade dos desejos e medos, de toda preocupação consigo mesmo; simplesmente esteja ciente - livre de memória e expectativa - esse é o estado da mente para o qual a descoberta pode acontecer. Afinal, a libertação não é nada além de liberdade para descobrir.



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Pergunta: Sou americano de nascimento e durante o último ano estive hospedado em um Ashram em Madhya Pradesh, estudando Yoga em seus múltiplos aspectos. Tivemos um professor, cujo guru é um discípulo do grande Sivananda Saraswati. Eu fiquei no Ramanashram também. Quando estive em Mumbai fiz um curso intensivo de meditação birmanesa ministrado por um Goenka. Ainda assim, não encontrei paz. Houve uma melhora no auto-controle e na disciplina no dia-a-dia, mas isso é tudo. Eu não posso dizer exatamente o quê causou o quê. Visitei muitos lugares sagrados. Como cada um agiu em mim, não posso dizer.
Maharaj: Bons resultados virão, mais cedo ou mais tarde. No Sri Ramanashram você recebeu algumas instruções?
P: Sim, algumas pessoas inglesas estavam ensinando e também um indiano seguidor do Jnana Yoga que reside lá permanentemente, me deu aulas.
M: Quais são seus planos?
P: Tenho de voltar para os Estados Unidos por causa de problemas com o visto de permanência. Pretendo completar o meu bacharelado no estudo da Cura Natural e fazer disso minha profissão.
M: É uma boa profissão, sem dúvida.
P: Existe algum perigo em buscar o caminho do Yoga a todo o custo?
M: Um palito de fósforo é perigoso quando a casa está pegando fogo? A busca pela realidade é a mais perigosa de todas as empreitadas, pois ela irá destruir o mundo em que você vive. Mas se a sua motivação é o amor pela verdade e pela vida, você não precisa ter medo.
P: Eu tenho medo da minha própria mente. Ela é tão instável!
M: No espelho de sua mente as imagens aparecem e desaparecem. O espelho permanece. Aprenda a distinguir o imóvel no móvel, o imutável na mudança, até que você perceba que todas as diferenças são só na aparência e que a unidade é um fato. Esta identidade básica - você pode chamar de Deus, ou Brahman, ou a matriz (Prakriti); as palavras pouco importam - é apenas a compreensão de que tudo é um. Uma vez que você puder dizer com confiança nascida de experiência direta: "Eu sou o mundo, o mundo é eu”, você de um lado estará livre do desejo e do medo e do outro se tornará totalmente responsável pelo mundo. A tristeza sem sentido da humanidade será a sua única preocupação.
P: Então até mesmo um Jnani tem seus problemas!?
M: Sim, mas eles já não são criação dele. Seu sofrimento não é contaminado por um sentimento de culpa. Não há nada de errado com o sofrimento pelos pecados dos outros. Seu cristianismo está baseado nisso.
P: Não é todo sofrimento auto-criado?
M: Sim, desde que haja um 'eu' separado para criá-lo. No final, você descobre que não há nenhum pecado, nem culpa, nem castigo, há apenas a vida em suas transformações infinitas. Com a dissolução do 'eu' pessoal o sofrimento desaparece. O que resta é a grande tristeza da compaixão, o horror da dor desnecessária.
P: Existe alguma coisa desnecessária no esquema das coisas?
M: Nada é necessário, nada é inevitável. Os hábitos e as paixões cegam e induzem ao erro. Consciência (awareness) compassiva, cura e redime. Não há nada que possamos fazer, só podemos deixar as coisas acontecerem de acordo com sua natureza.
P: Você defende uma completa passividade?
M: Clareza e caridade são ação. O amor não é preguiçoso e a clareza direciona. Você não precisa se preocupar com a ação, cuide de sua mente e de seu coração. A estupidez e o egoísmo são o único mal.
P: Qual é melhor - a repetição do nome de Deus ou a meditação?
M: A repetição vai estabilizar sua respiração. Com respiração profunda e tranquila a vitalidade vai melhorar e ela irá influenciar o cérebro e ajudará a mente a ficar pura, estável e apta para meditar. Sem vitalidade pouco pode ser feito; daí a importância de protegê-la e aumentá-la. Postura e respiração são uma parte do Yoga, pois o corpo deve estar saudável e sob controle, mas concentração demasiada no corpo derrota sua própria finalidade, pois é a mente que é fundamental afinal. Quando a mente é colocada em repouso e não perturba mais o espaço interior (chidakash), o corpo adquire um novo significado e sua transformação torna-se necessária e possível.
P: Eu estive vagando por toda a Índia, encontrando muitos gurus e aprendendo partes de vários Yogas. Está correto experimentar um pouco de tudo?
M: Não, isso é apenas uma introdução. Você vai encontrar um homem que irá ajudá-lo a encontrar o seu próprio caminho.


P: Sinto que um Guru que seja de minha escolha, não pode ser meu verdadeiro Guru. Para ser real, ele deve vir inesperadamente e ser irresistível.
M: O melhor é não antecipar. A maneira como você responde é que é decisiva.
P: Eu sou o mestre de minhas respostas?
M: Discriminação e desapego praticados agora renderão seus frutos na hora certa. Se as raízes estão saudáveis e bem regadas, os frutos certamente serão doces. Seja puro, esteja alerta, mantenha-se pronto.
P: As austeridades e penitências são de alguma utilidade?
M: Enfrentar todas as vicissitudes da vida já é penitência o bastante! Você não precisa inventar problemas. Receber com alegria o que a vida traz é tudo o que você precisa de austeridade.
P: E com relação ao sacrifício?
M: Compartilhe de bom grado e alegremente tudo o que você tem com quem precisa - não invente crueldades auto-infligidas.
P: O que é a auto-entrega?
M: Aceite o que vier.
P: Sinto que estou fraco demais para me apoiar em minhas próprias pernas. Preciso da companhia santa de um Guru e de pessoas boas. A equanimidade está além de mim. Aceitar o que vem como vem, me assusta. Penso no meu retorno aos Estados Unidos com horror.
M: Volte e faça o melhor uso de suas oportunidades. Obtenha o seu bacharelado primeiro. Você sempre pode voltar para a Índia para seus estudos de Cura Natural.
P: Eu estou completamente ciente das oportunidades nos Estados Unidos. É a solidão que me assusta.
M: Você tem sempre a companhia de seu próprio Ser - você não precisa se sentir sozinho. Apartado dele, mesmo na Índia você vai se sentir solitário. Toda a felicidade vem de agradar o Ser. Agrade-o, depois de retornar para os Estados Unidos, não faça nada que possa ser indigno da gloriosa realidade dentro do seu coração e você será feliz e permanecerá feliz. Mas você deve procurar o Ser e, tendo encontrado, deve ficar com ele.
P: A solidão é de algum benefício?
M: Depende do seu temperamento. Você pode trabalhar com os outros e para os outros de maneira alerta e amigavel e crescer mais plenamente do que em solidão, a qual pode torná-lo aborrecido ou deixá-lo à mercê das intermináveis conversas de sua mente. Não pense que você pode mudar através de tal esforço. Violência, mesmo se voltada contra si mesmo, como nas austeridades e penitências, permanecerá infrutífera.
P: Há alguma maneira de descobrir quem é realizado e quem não é?
M: A única prova está em você mesmo. Se você descobrir que transformou-se em ouro, será um sinal de que você tocou a pedra filosofal. Fique com a pessoa e veja o que acontece com você. Não pergunte aos outros. O homem deles pode não ser o seu Guru. O Guru pode ser universal em sua essência, mas não em suas expressões. Ele pode parecer ser bravo ou ganancioso ou ansioso demais em relação a seu Ashram ou sua família, e você pode ser enganado pelas aparências, enquanto os outros não são.
P: Não tenho o direito de esperar a perfeição total, tanto interna quanto externa?
M: Interna - sim. Mas a perfeição exterior depende das circunstâncias, do estado do corpo, do estado pessoal, social e outros inúmeros fatores.
P: Foi-me dito para encontrar um Jnani para que eu pudesse aprender com ele a arte de alcançar o Jnana e agora me é dito que toda essa abordagem é falsa, que eu não posso reconhecer um Jnani e nem pode o Jnana ser conquistado pelos meios adequados. É tudo tão confuso!
M: É tudo devido à sua completa incompreensão da realidade. Sua mente está mergulhada em hábitos de avaliação e aquisição e não vai admitir que o incomparável e inalcançável está
esperando eternamente dentro do seu coração para ser reconhecido. Tudo o que você tem a fazer é abandonar todas as memórias e expectativas. Apenas mantenha-se pronto em total nudez e nulidade.
P: Quem irá realizar o ato de abandonar?
M: Deus o fará. Apenas veja a necessidade de ser abandonado. Não resista, não se segure à pessoa que você se considera ser. Porque você imagina ser uma pessoa você considera o Jnani ser uma pessoa também, apenas um pouco diferente, mais bem informado e mais poderoso. Você pode dizer que ele é eternamente consciente e feliz, mas isso está longe de expressar toda a verdade. Não confie em definições e descrições - elas são grosseiramente enganosas.
P: Se não me é dito o que fazer e como fazê-lo, me sinto perdido.
M: De todo jeito, sinta-se perdido mesmo! Enquanto você se sente competente e confiante, a realidade está além de seu alcance. A menos que você aceite a aventura interior como um modo de vida, a descoberta não virá para você.
P: A descoberta do que?
M: Do centro de seu Ser, que é livre de todas as direções, de todos os meios e fins.
P: Ser tudo, saber tudo, ter tudo?
M: Ser nada, saber nada, não ter nada. Essa é a única vida que vale a pena viver, a única felicidade que vale a pena ter.
P: Posso admitir que o objetivo está além da minha compreensão. Deixe-me saber pelo menos o caminho.
M: Você deve encontrar seu próprio caminho. A menos que você o descubra por si mesmo ele não será o seu próprio caminho e levará você a lugar nenhum. Ardentemente viva a sua verdade, da maneira como você a encontrou - aja de acordo com o pouco que você entendeu. É a seriedade e a sinceridade que irão levá-lo do princípio ao fim, não a astúcia - a sua própria ou a de outra pessoa.
P: Tenho medo de cometer erros. Tantas coisas eu tentei - nada resultou delas.
M: Você deu muito pouco de si mesmo, você estava apenas curioso, não sério.
P: Eu não conheço nenhum jeito melhor.
M: Ao menos esse tanto você conhece. Saber que suas experiências são superficiais não dá valor a elas, esqueça-as assim que tiverem terminado. Viva uma vida limpa, abnegada, isso é tudo.
P: A moralidade é tão importante?
M: Não trair, não ferir - não é importante? Acima de tudo você precisa de paz interior - o que exige harmonia entre o interior e o exterior. Faça o que você acredita e acredite no que você faz. Tudo o mais é desperdício de energia e de tempo.