Devoto: Como podemos realizar o Ser (o Si mesmo real)?
Este espaço foi criado para compartilhar ensinamentos espirituais de mestres e homens santos de várias épocas e origens mas que têm o mesmo objetivo. Façam bom proveito !



Todo este vasto mundo é apenas a forma
na qual mostras a Ti mesmo a nós,
É apenas a voz
Na qual falas a Ti mesmo para nós.
Qual a necessidade de palavras?
Venha, Mestre, venha,
E preencha-me totalmente com Ti.
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Leva, Senhor, para Ti
Meu sentido de ser e faça-o esvair-se completamente.
Leva, Senhor, minha vida,
Vivas Tu minha vida através de mim.
Não vivo mais, Senhor
Mas agora em mim
Tu vives.
Sim, entre Tu e eu, meu Deus,
Não há mais espaço para “eu” e “meu”.
Todas as pessoas têm de passar pelo estado de aprisionamento, mas este período de escravidão não deve ser encarado como um episódio sem sentido na evolução da vida. A pessoa tem de experimentar estar encarcerada para poder apreciar a liberdade. Se em todo o período de sua vida um peixe não saiu da água ao menos uma vez, ele não tem oportunidade de apreciar o valor da água. Desde o seu nascimento até sua morte, ele tem vivido apenas na água, e não está em posição de compreender o que a água realmente significa para a sua existência. Mas se ele é retirado da água, mesmo que por um momento, ele anseia por água e torna-se qualificado por meio dessa experiência a apreciar a importância da água. Da mesma forma, se a vida fosse constantemente livre e não manifestasse nenhuma limitação, o homem perderia o verdadeiro significado da liberdade. Experimentar o aprisionamento espiritual e conhecer o intenso desejo de ser livre dele são ambos uma preparação para a plena apreciação da liberdade que está por vir.

Gurdjieff: Saiba, “Justiça” é uma palavra muito grande – é uma grande coisa no mundo. Coisas objetivas não são como micróbios, elas seguem de acordo com a lei, como a lei as acostumou seguir. Lembre-se: você colhe o que você planta. Não apenas pessoas colhem, mas também famílias e nações. Acontece frequentemente que aquilo que ocorre na Terra vem de algo que foi feito pelo pai ou por um avô. Os resultados convergem em você, o filho ou o neto, é você que tem de regulá-los. Isso não é uma injustiça, é uma honra muito grande para você, será um meio que lhe permitirá regular o passado do seu pai, avô e bisavô. Se infortúnios surgiram para você na sua juventude, isso significa que alguém os trouxe – por isso você deve colher. Ele está morto, é outro na Terra que colhe. Você não deve olhar para si egoisticamente. Você é um elo da corrente do seu sangue. Seja orgulhoso disso, é uma honra ser esse elo. Quanto mais você está obrigado a reparar o passado, mais você terá remorso de consciência. Você terá sucesso em lembrar tudo que você não fez como deveria no passado. Essas coisas que você fez contrárias à JUSTIÇA têm mortificado o seu avô. Assim você pode ter dez vezes mais remorso de consciência e o seu valor aumentará em proporção. Você não é o rabo de um burro. Você tem responsabilidades, uma família. Toda a sua família, passada e futura, depende de você. Sua família toda depende da maneira como você reparar o seu passado. Se você reparar por todos, isso é bom. Se você não reparar por todos, é ruim. Você vê sua situação. Logicamente, você vê o que é a Justiça? A Justiça não está ocupada com seus pequenos assuntos, promessas não cumpridas, ela está ocupada com coisas grandes. É idiotice acreditar que Deus pensa em coisas pequenas. É o mesmo com a Justiça. A Justiça não toca tudo isso e ao mesmo tempo nada é feito na Terra sem ela. Procure pelas razões. Você está obrigado a ter uma posição de responsabilidade na linha do seu sangue, você deve trabalhar mais para reparar o passado. É difícil entender tudo de uma vez.
Janaka: 1. Como é que se adquire o conhecimento? Como se atinge a liberação? E como é chegar à ausência de paixões? Diga-me isso, Senhor.

Todo trabalho espiritual será em vão sem esta atividade, sem a lembrança de Deus, esse é o começo do silêncio pelo amor de Deus, e é também o fim. Esse Nome mais desejável é a alma da quietude e do silêncio. Ao chamá-lo na mente ganhamos alegria e contentamento, perdão dos pecados e fartura de virtudes. Poucos estiveram aptos a descobrir esse Nome mais glorioso, salvo apenas em quietude e silêncio. O homem não pode alcançá-lo de outra maneira, mesmo que com grande esforço. Portanto, conhecendo o poder desse conselho, eu suplico-lhe pelo amor de Cristo a sempre estar em quietude e silêncio, sendo que essas virtudes enriquecem a lembrança de Deus dentro de nós.
Em toda a parte e sempre, Deus está conosco, perto de nós e dentro de nós. Mas nós não estamos sempre com Ele, sendo que não lembramos Dele; e porque não lembramos Dele permitimo-nos muitas coisas as quais não permitiríamos se lembrássemos. Assuma para si esta tarefa – tornar um hábito tal recordação.
Faça uma regra para si mesmo - sempre estar com o Senhor, mantendo a sua mente no seu coração e não deixe seus pensamentos divagarem tão frequentemente quanto devaneiam; traga-os de volta novamente e mantenha-os em casa no armário do seu coração, deleitando-se na conversa com o Senhor.
Quanto mais firme você estiver estabelecido na lembrança de Deus – ao ficar mentalmente diante de Deus em seu coração – mais quietos seus pensamentos se tornarão e menos eles divagarão. A ordem interior e o sucesso na oração caminham juntos.
Dessa maneira nosso espírito é restaurado a seus direitos justos. Quando estiver assim restabelecido, ele iniciará uma transformação ativa e vital da alma e do corpo e dos relacionamentos externos, até que eles finalmente sejam purificados. E você se tornará um homem real.
Quando você se estabiliza no homem interior através da lembrança de Deus, então Cristo, o Senhor, entrará e habitará dentro de você. As duas coisas vão juntas.
E aqui há um sinal para você, através do qual, esteja certo, este trabalho glorioso se iniciou dentro de você: você experimentará um sentimento de entusiasmo para com Deus. Se você cumprir todo o prescrito, então esse sentimento logo vai começar a aparecer, cada vez com mais frequência e com o tempo se tonará contínuo. Esse sentimento é doce e beatífico e com seu primeiro aparecimento ele nos estimula a desejá-lo e a buscá-lo, a fim de que não deixe o coração: pois nele está o Paraíso.
Você deseja entrar nesse Paraíso o mais rápido possível? Aqui, então, está o que você deve fazer. Quando você rezar, não termine sua oração sem ter despertado no seu coração algum sentimento para com Deus, seja ele reverência ou devoção, ou gratidão, ou glorificação, ou humildade e contrição, ou esperança e confiança. Também quando depois da oração você começar a ler, não termine a leitura sem ter sentido no seu coração a verdade daquilo que você leu. Esses dois sentimentos – aquele inspirado pela oração e o outro pela leitura – aquecem mutuamente um ao outro; e se você prestar atenção a si mesmo, eles irão manter você sob sua influência durante o dia todo. Cuide de praticar esses dois métodos exatamente e você verá por si mesmo o que acontecerá.