terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Nisargadatta Maharaj - O Supremo está acima de tudo


Maharaj: A pessoa nunca é o sujeito. Você pode ver uma pessoa, mas você não é a pessoa. Você é sempre o Supremo que aparece em um dado ponto do tempo e do espaço como a testemunha, uma ponte entre a pura consciência do Supremo e a multifacetada consciência da pessoa.
Pergunta: Quando eu olho para mim, descubro que eu sou várias pessoas lutando entre si para a utilização do corpo.
M: Elas correspondem às diversas tendências (sanskaras) da mente.
P: Eu posso criar a paz entre elas?
M: Como poderia? Elas são tão contraditórias! Veja-as como são - simples hábitos de pensamentos e sentimentos, leques de memórias e anseios.
P: No entanto, todas dizem 'eu sou'.
M: Apenas porque você se identifica com elas. Uma vez que você percebe que o que quer que apareça diante de você não pode ser você mesmo, e não pode dizer 'eu sou', você fica livre de todas as "pessoas" e de suas exigências. O senso de 'eu sou' é próprio de você. Não é possível separar-se dele, mas você pode conectá-lo a qualquer coisa, como ao dizer: “eu sou jovem”, “eu sou rico” etc. Mas tais auto-identificações são manifestamente falsas e causa de escravidão.
P: Eu posso agora entender que não sou a pessoa, mas aquele, que quando refletido na pessoa, lhe dá um senso de ser. Agora, e a respeito do Supremo? De que forma me conhecer como sendo o Supremo?
M: A fonte da consciência não pode ser um objeto na consciência. Conhecer a fonte é Ser a fonte. Quando você percebe que você não é a pessoa, mas a pura e calma testemunha, e que aquela consciência sem medo é o seu próprio Ser, você É o Ser. É a fonte, a inesgotável possibilidade.
P: Existem muitas fontes ou uma para todos?
M: Isso depende de como você olha para isso, a partir de que ponta. Os objetos do mundo são muitos, mas o olho que os vê é um. Aquilo que é mais alto sempre aparece como um para o que é mais baixo e o mais baixo como muitos para o mais alto.
P: As formas e todos os nomes são todos de um e mesmo Deus?
M: Mais uma vez, tudo depende de como você olha para isso. No nível verbal tudo é relativo. Absolutos deveriam ser experimentados, não discutidos.
P: Como o Absoluto é experimentado?
M: Não é um objeto a ser reconhecido e armazenado na memória. Em vez disso, está no presente e no sentimento. Tem mais a ver com o 'como' do que com o "o quê". Está na qualidade, no valor; sendo a fonte de tudo, está em tudo.
P: Se é a fonte, por que e como é que ela se manifesta?
M: Ela dá a luz à consciência. Todo o resto está na consciência.
P: Por que existem tantos centros de consciência?
M: O universo objetivo (mahadakash) está em constante movimento, projetando e dissolvendo inúmeras formas. Sempre que uma forma é infundida com a vida (Prana), a consciência (chetana) aparece através do reflexo da consciência na matéria.
P: Como é o Supremo afetado?
M: O que poderia afetá-lo, e como? A fonte não é afetada pelos caprichos do rio, nem é o metal afetado pela forma da jóia. A luz é afetada pela imagem na tela? O Supremo torna tudo possível, isso é tudo.

Um comentário:

Caixas Kundo disse...

estava dialogando comigo ontem sobre isso....