O mistério de todos os dias: Todo o poder do pai e de seus pais está na semente. Os genes nos cromossomos carregam toda a hereditariedade do pai em forma e em substância, bem como todas as suas características. Então essa semente fixa a hereditariedade da mãe com a substância que provê sua nutrição. A semente, sem forma tangível ou visível e o padrão, a Idea daquilo que ela engendra, é um poder transcendente. Ao redor de um padrão incorpóreo uma substância amorfa coagula-se em um ser vivo, completo, complexo e pensado pelo Poder.
Na ação esotérica da Idea para a forma, sua finalidade, vêm as finalidades exotéricas, transitórias, os estágios aparentes e formais.
Essa é a maravilha do mundo: tudo o que existe, tudo o que há: tem semente. Assim como a vontade e o pensamento são as sementes da criação mental.
Um pensamento de poder transcendental compele uma substância da substância universal passiva, esperando qualquer semente, a tornar-se um produto específico, um herdeiro, um mundo que sucede, resulta sobre um mundo. Um único poder em uma única substância trabalha através de todas as finalidades transitórias em direção da finalidade prevista: o homem.
E ao final da humanidade surge o homem sem corpo, a substância dentro do poder.
Não ser e depois ser e depois não ser mais é a pulsação que constitui o universo aparente, as finalidades transitórias. A Idea-Poder, a finalidade, forma poderes sem forma, esses são as alternâncias vitais, as pulsações cósmicas.
A lei da gênese estabelece um ritmo invariável na sucessão de estágios. As finalidades transitórias entre a Idea e a coisa. Também, os órgãos que assimilam (pelo ar, líquidos e sólidos) bem como os órgãos que informam (através da inteligência e dos sentidos) são uma questão de uma energia da mesma natureza que a do objeto que eles assimilam ou experimentam.
A realidade incontestável do mistério evidente que torna visível o invisível e ponderável o imponderável é o Verbo da sabedoria. A invariabilidade da lei da gênese é a base da filosofia tradicional. Qualquer pesquisa conduzida sem essas diretrizes conduz a um impasse ou a nada.
Todos as coisas ou são criadas ou geradas, o que importa assim o que é manifestado? O conhecimento está dentro daquilo que ele cria e daquilo que causa a geração.
O ternário está no início. Por exemplo, o impacto de corpos faz um som, há um impulso, uma resistência e um efeito. Esse processo é repetido uma terceira vez com aquele que recebe. O som expande-se em volume, em esferas concêntricas de densidade alternante que determina o eixo vertical e as duas dimensões do plano horizontal. Dentro de si o som carrega o volume, as orientações, o prisma das oitavas, as espirais das progressões harmônicas na expansão das camadas de densidades em espirais esféricas. Também dentro do som existem interferências e sincronismos de números e tempos, as especificações do som. Eles são materializados em instrumentos que juntos constituem o ouvido.
O ouvido não é feito para ouvir, poderia ser dito que as encostas dos rios e suas margens são feitas do rio? O som produziu o ouvido. Essa é a razão pela qual o ouvido detecta o som.
Similarmente, no curso da “evolução” as energias dentro dos diferentes estados de matéria criaram os sentidos informativos. O pensamento do poder cria o órgão de uma função particular e o pensamento é a consciência em ação.
A doutrina do Antropocosmos diz: estude o ouvido para entender o som, estude o olho para entender a luz.
A gestação preenche a lacuna entre a Idea, a forma e a matéria. Inspiração e expiração, pulsação e alteração, constituem o outro mistério de cada momento – a gestação. A relação proporcional e regular entre as diferentes durações criam o ritmo. A hora, o dia, o mês, o ano e a coincidência do movimento dos céus são os receptáculos dos ritmos dos átomos, das células e de tudo o que existe.
E a desordem cria o mundo e evoca a harmonia. A desordem espalha as partes, as quais se reúnem novamente de acordo com suas afinidades. Desordem, caos, ordem e harmonia: a alternação dos ritmos. Gestar não é nada além de fazer e desfazer, criar e destruir, afirmar e negar, contrair e dilatar. O que foi é a semente do que será, a forma destruída serve como fundação da forma por surgir – gênese.
A finalidade para cada fase da gênese é a consciência inata daquilo que a precedeu. Para a humanidade, a finalidade da gênese é o homem. Para a sabedoria, é o Homem Cósmico libertado da gênese de seus elementos: consciência inata total.
Portanto, o universo está encarnado no homem e não é nada além do Homem potencial – Antropocosmo. E o homem é o diagrama, o mapa cosmográfico no qual a sabedoria lê o universo, a gênese, as funções.
A fundação antropocósmica libera a filosofia do ambiente limitado da simples especulação de ideas ao oferecer-lhe o objeto para aplicações experimentais. É uma síntese da arte e da ciência, da fé e da razão, do pensamento e da experiência, do sentimento e da demonstração.
A energia causal torna-se mineral, a mineral torna-se planta, a planta torna-se animal, a animal torna-se homem e homem torna-se o Homem Cósmico, o santo, o Buda, o Cristo. O mineral sofreu a separação da Causa, a planta sofreu o mineral, o animal sofreu a planta, o homem sofreu o animal e o Homem Cósmico terá sofrido a humanidade. O sofrimento vital é a consciência passando pelo processo de superar a si mesma.
A Gênese é a expansão da consciência.
Crer, aprender e conhecer são os três portões de entrada do Templo.
“Aprender” é estabelecer através dos sentidos a realidade daquilo em que se acredita. “Crer” é ter convicção sobre a realidade daquilo que não pode ser demonstrado. Mas a verdade é a congruência daquilo que aprendemos e/ou cremos com aquilo que é. Essa identificação é conhecimento, o portão que leva além do Templo, o ser dentro do Ser.
Podemos acreditar no Universo dentro do homem, podemos estudar o universo através do homem, porque o homem está unido com o universo no homem. A identidade do Universo e o homem é a fonte de sua fé, a fonte de sua ciência, a promessa da sua libertação, é o conhecimento da “árvore no centro”
A unidade da Fonte, a unidade de propósito e a unidade de função criam uma solidariedade que dá fundação à moralidade da pessoa superior. A qualquer momento na superfície da esfera universal eclode uma partícula imponderável da energia causal. Ela projeta inúmeras fagulhas em todas as direções. Essas fagulhas viajam, afastando-se umas das outras lenta ou rapidamente, e elas irão todas se reagrupar no anti-polo. Cada uma delas estava livre, mas a superfície esférica conduze-as.
As condições da vida pertencem a uma ordem cósmica. A vontade e o livre arbítrio pertencem a uma ordem individual e não podem de forma alguma afetar as condições da vida. As condições da vida são sagradas e relacionam-se a sabedoria. Apenas o conhecimento chega perto da sabedoria. A purificação, a unção e a coroação são rituais a serem completados para ganhar o direito de se aproximar do “sagrado dos sagrados”.
Os meios de revelar a particularidade de um ser para o outro é o símbolo. É a especificação dedo ser. Especificações são afinidades e aparências formais no tempo, no espaço e no movimento. Mas o conhecimento não requer nenhum meio de transmissão, pois os seres não são separados do Ser. O homem não é um símbolo do universo, ele é o Universo.
O reinado do espírito é a consciência da Unidade e a ordem governada por sua certeza.
A consciência é a identificação de uma natureza com uma natureza similar, de um ser especificado com a especificação de outro ser.
Energia não é mecânica. Massa é energia coagulada pela semente, seu movimento é mecânico, é o poder de revolta, a reação libertadora contra o aprisionamento.
O antropocosmo é a realidade, uma fundação indisputável. O universo não é nem uma “imaginação” nem uma “vontade”, mas sim uma “projeção” da consciência humana.
O homem dentro do humano é o Colosso do Universo. Tudo aquilo que pode ser reconhecido pelo homem está dentro dele ou vem através dele. A “lógica” através da qual ele consegue buscar ou construir todos os edifícios do pensamento é o resultado de sua posição presente como um ser sensível face a face com aquilo que se imprime nele dentro dos presentes limites da sua percepção.
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