terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Trechos do livro: "While the World Slept"

Toda vez que eu ia fazer a vigília noturna, Baba sempre dava três instruções. Elas eram: “Não fazer nenhum barulho. Não se mexer. E manter-se acordado”. Uma noite em Satara Baba repetiu essas instruções umas quatro ou cinco vezes. Então ele me disse para ir sentar lá fora. Eu fui, fechei a porta e sentei como uma estátua na cadeira. Frequentemente, durante a noite, Baba batia palma a cada quinze ou vinte minutos e o vigía da noite abria a porta e entrava para atendê-lo. Mas naquela noite Baba não chamava. Nem depois de quinze minutos, nem depois de meia hora, nem depois de uma hora, nem mesmo depois de duas horas! E havia uma porção de mosquitos furiosamente me importunando! Fiquei cansado de sentar rigidamente na mesma posição, mas continuei tentando me conformar com o pensamento que Baba iria me chamar e eu teria algum alívio. Finalmente escutei Baba roncando bem alto. Eu pensei: “Ah, até que enfim, aqui está a minha chance. Tenho pelo menos que mudar minha posição. Ele está dormindo profundo e não irá me escutar.” Muito cuidadosamente, sem fazer o menor barulho, comecei a levantar a minha perna. No instante que comecei a levantá-la, Baba bateu palma e eu entrei. Baba perguntou: “Por que você se mexeu?” Fiquei pasmo. Eu não tinha feito nenhum barulho. A porta e as janelas estavam completamente fechadas, ele estava dormindo. Como ele podia saber? Baba olhou para mim e explicou: “Você se moveu achando que eu estava dormindo. Mas lembre-se, meus olhos vagueiam pelo universo inteiro mesmo quando estou dormindo! Se posso ver tão longe eu não veria você que está tão perto de mim? Meu sono é um sono consciente. Eu estou sempre desperto.”
Uma outra noite, os mosquitos estavam particularmente irritantes e eu lentamente levantei a mão para espantá-los. Naquele exato momento Baba bateu palma e me repreendeu  por ter me movido! Enquanto vigiávamos, tínhamos que sentar absolutamente imóveis como uma estátua. Era quase impossível estar em vigília fora do quarto de Baba. E depois do acidente de automóvel de 1956, quando o vigia tinha que ficar dentro do quarto do Baba, ficou ainda mais difícil.
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Após o segundo acidente, Baba usava seu quarto que ficava no andar de cima em Meherazad e era carregado todo dia numa cadeira de rodas. O vigia da noite sempre sentava dentro do quarto. Isso era necessário porque Baba frequentemente tinha espasmos em sua perna enquanto descansava e quando isso ocorria quem estava no serviço sentava na cama para massagear seus pés. Uma noite eu estava sentado na cama de Baba com uma perna pendendo para fora da cama enquanto segurava e apertava os pés de Baba. Mesmo já tendo testemunhado a onisciência de Baba em Satara relacionado com isso, ainda assim um pensamento me importunava: “Baba está dormindo como um homem comum. Como pode ser que o Avatar tem sono consciente?”  De repente Baba começou a estalar os dedos agitadamente. Eu levantei e assim que coloquei os pés no chão, vi uma cobra venenosa há apenas alguns centímetros dos meus pés! Certamente eu teria sido mordido se ele não tivesse atraído minha atenção naquela direção. Baba falou para eu matar a cobra, o que consegui fazer com muita dificuldade pois nunca havia matado uma cobra em minha vida. Baba então perguntou: “Que tipo de sono eu tenho?” Eu ri e Baba gesticulou: “Apenas lembre que eu jamais posso dormir como um homem comum. Eu estou sempre desperto. Estou sempre consciente fazendo meu trabalho Universal.”

Um comentário:

Anônimo disse...

Estou inebriado lendo todos esses textos, pq esses santos realmente tem experiências relevantes tiradas de dentro d si mesmo. Como disse Nisargadatta, "em meu caso eu mesmo sou a água e a tiro de dentro de mim".

Com as redes sociais (Facebook, Instagram, Whatsapp) a proeminência da pessoa aumenta. São fotos de perfis, sorrisos condicionados, tudo em demanda da PESSOA, mesmo que essas mesmas pessoas se digam iluminadas e mestres - alguns colocam nomes de gurus indianos no perfil para PARECER que realmente são aquilo que eles mesmos gostariam que fossem.

Como tal, esses perfis de pessoas virtuais são mendigos modernos, verdadeiros pedintes, miserrimos... mesmo os que te procuram para lhe auxiliar, precisam de vc: precisam que de vc para que a pessoa deles possa se regozijar: "eu ajudei ele (veja como sou importante)".

O trabalho de silenciar a mente por completo exige esforço, sinceridade e perseverança. Para isso, é necessário afastar-se dos locais onde são produzidos grandes ruídos do ego (redes sociais) para demandar o encontro consigo mesmo.

Ramana Maharshi continuou fazendo auto indagação mesmo depois de ter se auto realizado; até o silêncio final da Mente.

Mas a pressa e as demandas da proeminência da PESSOA, hoje em dia, faz proliferar gurus de internet do dia para a noite, e mesmo assim eles são úteis à massa ignara que dorme. Mas são, por outro lado, acomodados em uma busca que apenas termine com o cessar dos conflitos internos, se permitindo o apego a bens materiais e posições sociais neste mundo a título de "liberalidade".

Não se trata de uma questão de certo e errado: mas é uma questão que pose ser resumida assim: de que, Eu que Sou, realmente preciso neste mundo?

Que cada um descubra por si mesmo.

O guru é interno. Bakhti Yoga é a devoção à tua própria fé e capacidade de entrega ante as prerrogativas que a vida te coloca.