segunda-feira, 20 de julho de 2009

G. I. Gurdjieff - 10 de maio de 1945

Pergunta: Como deveríamos entender o que significa reparar o passado? É através do remorso?
Gurdjieff: Você é muito complicado. É muito mais simples. O presente é o resultado do passado. Se você adquiriu um mau hábito no passado, você deve pará-lo. Vejo que eu tenho o hábito de virar meus polegares sempre na mesma posição. Pare. Isso é reparar. Não cometa o mesmo erro novamente e prepare para o futuro, prepare para o futuro. Pratique, pratique como se praticasse para tocar piano. Você deve desenvolver a força dos seus dedos. Repita, repita.
Pergunta: Vejo como passo horas por dia ocupado com sentimentos muito pequenos, insignificantes, muito indignos. Eu deveria me propor uma tarefa de remediar isso, ou existe algo para ser feito a esse respeito?
Gurdjieff: É o mesmo para todo mundo. Sempre foi assim. Para você, é apenas agora que você vê isso. É isso que queremos mudar. Faça tudo o que você faz, bem. Até ao comer. Se você come bem, você reza bem. Seja sincero e dê o melhor de si em tudo o que você faz. Deve-se trabalhar precisamente em algo preciso. O trabalho não deveria ser um desejo, mas uma necessidade, uma necessidade. Quando ele se tornar uma necessidade, você terá uma resposta. Você não tem o direito de ter um desejo apenas. Isso não é o bastante. Não lhe dará nada. Crie uma necessidade em si mesmo. Repita, repita, repita. Você nunca repete o bastante. Tudo que vem facilmente para você, não dura, é destruído. Escolha alguma coisa que lhe custe algo, que seja um esforço. Aquilo que é fácil é ruim para a sua vida interior.
A META. Tenha sempre uma meta imediata. Esse é o seu objetivo. Você deve atingir isso. Existem muitos ziguezagues no caminho. Não atrase. Sempre veja a meta. Saiba para onde você está indo e você encontrará os meios de chegar lá. Depois eu indicarei uma outra meta. Você deve atingir a primeira antes; a meta deveria ser clara e estar sempre diante de você.
Pergunta: Quando eu tento trabalhar com o remorso, há sempre uma parte de mim que se recusa, que me diz que isso é inútil, que isso não irá me levar a lugar nenhum ou a nada. Eu gostaria de entender melhor o uso do remorso, a necessidade dele, para permitir que eu convença a mim mesmo e que lute contra essa recusa.
Gurdjieff: É muito simples. Olhe isto (ele pega um gomo de uma tangerina de seu prato). Isto está destinado a se tornar geléia, tem que se tornar geléia, foi feito para isso. Mas está cheio de sal. O que deveria ser feito? Ele deve ser lavado, colocado de molho, limpo para tirar o sal. Posteriormente ele pode virar geléia. Com o sal é impossível. O remorso é o que remove o sal. É o que purifica. Você entende?

Um comentário:

Caixas Kundo disse...

é boa mesmo essa ai einh...