Chegar ao verdadeiro autoconhecimento (conhecimento do Ser) é chegar à Realização de Deus. A Realização de Deus é um estado único de consciência. É diferente de todos os outros estados de consciência, porque todos os outros estados de consciência são experimentados por meio da mente individual. O estado de consciência de Deus não é de maneira nenhuma dependente da mente individual ou de qualquer outro meio. Um meio é necessário para conhecer algo diferente de nosso próprio Ser. Para conhecer nosso próprio Ser nenhum meio é necessário.
Na verdade, a associação da consciência com a mente é definitivamente um obstáculo ao invés de uma ajuda para se atingir a Realização. A mente individual é a sede do ego (ou a consciência de estar isolado). Ela cria a individualidade limitada, que imediatamente se alimenta e é alimentada pelas ilusões da dualidade, do tempo e da mudança. Assim, a fim conhecer o Ser como ele é, a consciência tem de ser livrada completamente da limitação da mente individual. Em outras palavras, a mente individual tem de desaparecer, mas a consciência tem de ser mantida.
Ao longo da história da vida passada da alma, sua consciência tem crescido com a mente individual, e todo o funcionamento da consciência tem procedido contra o pano de fundo da mente individual. A Consciência, portanto, passou a estar firmemente arraigada na mente individual e não pode ser desenredada dessa moldura na qual foi tecida. O resultado é que se a mente for silenciada, a consciência também desaparece. O entrelaçamento da mente individual e da consciência é ilustrado amplamente pela tendência de ficar inconsciente quando há algum esforço de parar a atividade mental através da meditação.
O fenômeno diário de ir dormir essencialmente não é diferente da pausa vivida durante a meditação, mas é ligeiramente diferente em sua origem. Sendo que a mente individual é confrontada continuamente com o mundo da dualidade, ela está envolvida num incessante conflito; e quando fica cansada de sua luta sem alívio, ela quer perder a sua identidade como uma entidade separada e voltar para o Infinito. Ela então se afasta do mundo da sua própria criação e experimenta um período de pausa e essa pausa também é invariavelmente acompanhada pelo cessar da consciência.
A quietude da atividade mental durante o sono implica a submersão total da consciência; mas esse cessar da vida mental e do funcionamento consciente é apenas temporário, pois as impressões armazenadas na mente incitam-na a uma renovada atividade. Depois de um tempo os estímulos das impressões resultam no agitar a mente e revitalizar o funcionamento consciente que é realizado por meio dela. Assim, o período de sono é seguido por um período de vigília e o período de vigília é seguido por um período de sono, de acordo com a lei da alternância da atividade e do repouso. Entretanto, enquanto as impressões latentes na mente não são completamente desfeitas, não há aniquilação final da mente individual ou a emancipação da consciência. No sono a mente esquece temporariamente a sua identidade, mas ela não perde, finalmente, sua existência individual. Quando a pessoa acorda, ela encontra-se sujeita às suas antigas limitações. Há uma ressurreição da consciência mas ela ainda está escondida na mente.
A mente limitada é o solo no qual o ego está seguramente enraizado, e esse ego perpetua a ignorância através das muitas ilusões às quais ele está preso. O ego impede a manifestação do conhecimento infinito, que já está latente na alma; ele é o mais formidável obstáculo para a Realização de Deus. Um poema persa diz verdadeiramente: "É extremamente difícil de perfurar o véu da ignorância, pois há uma pedra sobre o fogo". Assim como uma chama não pode subir muito alto se uma pedra é colocada sobre ela, o desejo de conhecer nossa própria natureza verdadeira não pode conduzir à Verdade enquanto o peso do ego estiver colocado sobre a consciência.
O sucesso em encontrar o nosso Ser é impossibilitado pela continuação do ego, que persiste durante toda a jornada da alma.
Na velhice, um dente dolorido pode causar um aborrecimento imenso, pois embora esteja solto em seu encaixe, ele não é extraído facilmente. Da mesma forma, o ego, que pode tornar-se mais fraco por meio do amor ou de penitência, é ainda difícil de se erradicar. Ele persiste até o fim. Embora torne-se mais flexível conforme a alma avança no caminho, ele permanece até a última etapa - que é o sétimo plano de involução da consciência.
O ego é o centro de toda atividade humana. As tentativas do ego de garantir a sua própria extinção podem ser comparadas à tentativa de uma pessoa subir em seus próprios ombros. Assim como o olho não pode ver a si próprio, o ego é incapaz de pôr fim à sua própria existência. Tudo o que ele faz para trazer sua auto-aniquilação só vai adicionar à sua própria existência. Ele se desenvolve nos próprios esforços dirigidos contra si mesmo. Assim, embora ele consiga transformar sua própria natureza, ele é incapaz de desaparecer por completo através da sua própria atividade desesperada. O desaparecimento do ego está condicionado pela dissolução da mente limitada, que é a sua sede.
O problema da Realização de Deus é o problema da emancipação da consciência das limitações da mente. Quando a mente individual é dissolvida, todo o universo em relação à mente desaparece no nada, e a consciência não está mais ligada a nada. A consciência está agora ilimitada e não é encoberta por nada servindo o propósito de iluminar o estado da Realidade infinita. Enquanto imersa no êxtase da Realização, a alma fica completamente abstraída de visões, de sons e objetos do universo. A esse respeito, é como o sono profundo, mas existe uma diferença infinita que distingue a Realização de Deus do sono profundo.
Durante o sono a ilusão do universo desaparece, uma vez que toda consciência está em suspenso; porém não há nenhuma experiência consciente de Deus, pois isso requer a completa dissolução do ego e o direcionamento da consciência plena para a Realidade última. Ocasionalmente, quando a continuidade do sono profundo é interrompida por breves intervalos, pode-se ter a experiência de manter a consciência sem estar consciente de nada em particular. Existe a consciência, mas essa consciência não é do universo. É a consciência do nada. Tais experiências comparam-se à da Realização de Deus, na qual a consciência está completamente liberta da ilusão do universo e manifesta o conhecimento infinito que até então estava escondido pelo ego.
No sono, a mente individual continua a existir, embora ela tenha esquecido tudo, incluindo ela mesma; e as impressões latentes na mente criam um véu entre a consciência submersa e a Realidade infinita. Assim, durante o sono, a consciência fica submersa na concha da mente individual mas ainda não foi capaz de escapar dessa concha. Embora a alma tenha esquecido de sua separação de Deus e tenha de fato alcançado a unidade com Ele, ela está inconsciente dessa unidade. Na Realização de Deus, no entanto, a mente não apenas esquece a si mesma, mas perde realmente (com todas as suas impressões) a sua identidade. A consciência, que até então estava associada com a mente individual, agora está liberta e desimpedida e colocada em contato direto em unidade com a Realidade última. Uma vez que agora não há véu entre a consciência e a Realidade Suprema, a consciência está fundida com o Absoluto e eternamente habita nele como um aspecto inseparável, promovendo um inesgotável estado de conhecimento infinito e felicidade ilimitada.
No entanto, a manifestação do conhecimento infinito e da bênção ilimitada na consciência estão estritamente limitadas para a alma que alcançou a realização de Deus. A Realidade infinita na alma que realizou Deus tem conhecimento explícito de sua própria infinidade. Tal conhecimento explícito não é experimentado pela alma não-realizada, que ainda está sujeita à ilusão do universo. Assim, se a Realização de Deus não fosse um feito pessoal da alma, o universo inteiro chegaria ao fim logo que qualquer alma alcançasse a Realização de Deus. Isso não acontece porque a Realização de Deus é um estado de consciência pessoal que pertence à alma que transcendeu o domínio da mente. Outras almas permanecem em cativeiro e só podem atingir a Realização ao libertarem a sua consciência do fardo do ego e das limitações da mente individual.
No entanto, a manifestação do conhecimento infinito e da bênção ilimitada na consciência estão estritamente limitadas para a alma que alcançou a realização de Deus. A Realidade infinita na alma que realizou Deus tem conhecimento explícito de sua própria infinidade. Tal conhecimento explícito não é experimentado pela alma não-realizada, que ainda está sujeita à ilusão do universo. Assim, se a Realização de Deus não fosse um feito pessoal da alma, o universo inteiro chegaria ao fim logo que qualquer alma alcançasse a Realização de Deus. Isso não acontece porque a Realização de Deus é um estado de consciência pessoal que pertence à alma que transcendeu o domínio da mente. Outras almas permanecem em cativeiro e só podem atingir a Realização ao libertarem a sua consciência do fardo do ego e das limitações da mente individual.
Daí o atingimento da Realização de Deus só tem significado direto para a alma que emergiu do processo do tempo.
Após ter atingido a Realização de Deus, a alma descobre que ela sempre foi a Realidade infinita que agora sabe que ela própria é, e descobre que ter se considerado finita durante o período de evolução e progresso espiritual era na verdade uma ilusão. A alma também descobre que o conhecimento e felicidade infinitos que ela agora aprecia também estavam latentes na Realidade infinita, desde o início dos tempos, e que eles meramente tornaram-se manifestos no momento da Realização. Dessa forma, a pessoa que realizou Deus na verdade não se torna algo diferente do que era antes da Realização. Ela continua a ser o que era, e a única diferença que a Realização faz nela, é que antes ela não conhecia conscientemente sua própria natureza verdadeira, e agora ela a conhece. Ela sabe que jamais foi algo diferente do que agora sabe que ela mesma é, e que tudo pelo que passou foi apenas o processo de encontrar o seu Ser.
Todo o processo de alcançar a Realização de Deus é apenas um jogo no qual o começo e o fim são idênticos. Alcançar a Realização, no entanto, é um ganho distinto para a alma. Em geral, existem dois tipos de vantagens: uma consiste em conseguir o que não se tinha previamente, a outra em realizar plenamente o que se é realmente. A Realização de Deus é do segundo tipo. No entanto, isso cria uma diferença infinita entre a alma que atingiu a Realização de Deus e a alma que não atingiu. Embora a alma Realizada de Deus não possua nada de novo, o seu conhecimento explícito sobre tudo o que ela realmente é, o que ela foi e o que sempre será, torna a Realização de Deus totalmente importante. A alma que não é realizada experimenta-se como sendo finita e está constantemente preocupada com os opostos das alegrias e tristezas passageiras. Mas a alma que tem a Realização é elevada desses opostos e experimenta o conhecimento infinito e o êxtase ilimitado de ser consciente de Deus.
Na realização de Deus a alma abandona a sua consciência separada e transcende a dualidade no permanente conhecimento de sua identidade com a Realidade infinita. As algemas da individualidade limitada são quebradas; o mundo das sombras chega ao fim, a cortina da ilusão é erguida para sempre. O estado febril e a angústia agonizante dos anseios da consciência limitada são substituídos pela tranquilidade e bem-aventurança da consciência-Verdade. A inquietação e a fúria da existência temporal são engolidas na paz e quietude da Eternidade.
Um comentário:
emociona até o ultimo fio de cabelo contado....
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