Ramakrishna: Brahman é imaculado. Os três Gunas estão em Brahman, mas Ele mesmo não está contaminado por eles. No ar podemos encontrar tanto bons odores quanto maus odores mas o ar em si não é afetado.
Shankaracharia caminhava por uma rua em Benares e um intocável que levava uma carga de carne tocou-o repentinamente. 'O que!' disse Shankara, 'você me tocou!' 'Senhor', disse o intocável, 'eu não toquei o senhor e nem o senhor tocou a mim. O Atman está acima de toda contaminação e você é esse puro Atman'. O Jnani rejeita Maya, entre Brahman e Maya. Maya é como um véu. Observe, eu seguro esta toalha entre vocês e esta lâmpada e vocês não vêem mais a luz da lâmpada. (Ele coloca a toalha entre ele e os discípulos) Agora vocês não podem ver meu rosto. Como disse Raprasad, 'levanta a cortina e vê!' O Bhakta, contudo, não ignora Maya, ele adora Mahamaya. Tomando refúgio nela ele diz, 'Ó Mãe, rogo-Te, aparta-Te de meu caminho, somente se Te apartares de meu caminho terei o Conhecimento de Brahman'.
O Jnani descarta com seu raciocínio os três estados – vigília, sonho e sono profundo. Mas o Bhakta vê que é Deus que tornou-se Maya, o universo, os seres viventes e os vinte e quatro princípios cósmicos.
Mas a teoria Maya é seca. Repete o que eu disse. (ele fala para Narendra)
Narendra: Maya é seca.
(Ramakrishna afaga carinhosamente o rosto e as mãos de Narendra)
Ramakrishna: Seu rosto e suas mãos demostram que você é um Bhakta. Os Jnanis tem traços diferentes – traços secos. Mesmo depois de alcançar jnana, o jnani pode viver no mundo, retendo vydiamaya, ou seja, bhakti, compaixão, renúncia e outras virtudes semelhantes. Isso lhe serve a um propósito duplo: primeiro, a ensinar aos homens e o segundo, a desfrutar da bem-aventurança divina. Se um Jnani permanece em silêncio, submergido em Samadhi, o coração dos homens não receberá a iluminação. Por isso, Shankaracharia manteve o 'ego do Conhecimento'. Ademais, um Jnani vive como um devoto, na companhia de Bhaktas, para desfrutar e beber profundamente a Benção de Deus.
O 'ego do Conhecimento' e o 'ego da Devoção' não podem trazer danos; é o 'eu perverso' que é danoso. Depois de alcançar a Deus um homem se torna como uma criança. O 'ego de uma criança' não faz mal. Ele é como o reflexo de um rosto num espelho: o reflexo não pode trazer injúrias. Ou também, é como uma corda queimada que conserva a aparência de uma corda mas desaparece com o menor sopro. O ego que foi queimado no fogo do Conhecimento não pode causar dano nenhum. É um ego somente no nome.
Voltar ao plano relativo depois de alcançar o Absoluto é como voltar para a margem de um rio depois de ter ido até a margem oposta. O retorno ao plano relativo serve para ensinar os homens e para desfrutar – participar no jogo divino no mundo.