Gurdjieff: Certa vez eu dei um exercício, mas vejo que ninguém tem feito e que isso não os levou a nenhum resultado. Eu irei repeti-lo. Talvez haja alguém mais inteligente que irá entendê-lo e cristalizá-lo. É o exercício de ocupar o corpo. Talvez alguém se lembre? 'Eu sou'. Quando você diz 'eu' você obtém um eco. Todos entendem o que essa sensação é. Neste exercício não é uma questão disso. Temos que sentir esse eco primeiro na perna direita, depois na perna esquerda, depois no braço direito, depois no esquerdo, no abdômen, no tórax. Faça essa série três vezes. Então na cabeça uma vez. Três vezes o todo, e uma a cabeça. E repita se você tiver tempo. Duas vezes nos seis lugares. Na terceira vez nos sete lugares.
Pergunta: Devemos acompanhar com a respiração? Tendemos a fazê-lo com a respiração.
G: Não faça com a respiração. Isso lhe daria um tempo errado. Tome o tempo necessário para respirar e para sentir. Isso então será a sua medida. Você entende? Represente para si mesmo, então sinta na perna direita, então mude. Não preste atenção na respiração. O tempo se estabelecerá por si mesmo. Isso depende de muitas coisas, do cansaço, de muitas outras coisas. A respiração não tem nada a ver com isso. Não a conecte com esse exercício.
P: Deveríamos considerar cada membro na sua totalidade em uma respiração ou várias respirações para cada?
G: Sim, cada membro na sua totalidade.
P: Ao dizer 'eu' ou 'sou'?
G: Ambos. Mas o 'eu' é independente. Você deve sentir o eco dele na perna. Você diz 'eu sou', mas em vez de mandar o eco do 'eu' no corpo todo, você sente ele na perna. Faça esse exercício inteiramente independente do exercício de ocupar o corpo. Um vez que o tiverem feito, vocês farão este de 'ocupar' ainda melhor.
P: Devemos parar a sensação na perna?
G: Sim, apenas a perna.
P: Devemos dizer em voz alta?
G: Não, internamente. Sinta-o. Nesse exercício a perna é o corpo. O resto faz o papel da cabeça. A perna esquerda faz o papel do corpo, e o resto, incluindo a perna direita, é a cabeça.
P: Esquecemos o corpo?
G: Não você o sente como sua cabeça. No lugar da cabeça – tudo junto.
Vocês fizeram esse exercício? Devem ter ficado surpresos no começo. Como podemos sentir nosso 'eu' na perna? Quem dirá que isso é possível? Apenas aquele que fez o exercício pode dizer. Sem prática é absurdo. Quem fez?
Vocês fizeram esse exercício? Devem ter ficado surpresos no começo. Como podemos sentir nosso 'eu' na perna? Quem dirá que isso é possível? Apenas aquele que fez o exercício pode dizer. Sem prática é absurdo. Quem fez?
P: Eu fiz. No início era muito difícil sentir o 'eu', era muito comprido e então, uma vez que conseguia sentir na perna direita, era mais fácil nas outras partes.
G: Ele tem lhe mostrado algo novo, ou sugerido alguma questão?
P: Sim, é que minhas pernas tomam pouca parte no exercício, que a sensação no plexo solar era mais forte que no resto do corpo.
G: Bem, então você não precisa de ajuda, detalhes suplementares? Então continue.
P: Eu realmente tentei, mas não tive sucesso. Não consegui relaxar. Assim que eu tentava sentir o 'eu' na cabeça, eu já não me sentia mais relaxado. Eu já não tinha a sensação de relaxamento.
G: A razão é que você não consegue relaxar-se bem. Antes de cada exercício, você deve usar dez minutos para relaxar-se.
P: Eu tentei. Eu consegui fazer com o rosto.
G: O rosto é algo pequeno. Para aquietar as suas associações, você deve relaxar toda a sua presença, não apenas uma parte.
P: Eu pensei que tínhamos de relaxar uma parte após a outra, começando do topo.
G: É exatamente o oposto. Você deve começar com os pés e ir subindo. Tente assim. Você começa com a cabeça, e ela se contrai novamente e a contração desce por toda parte. Comece de novo e relaxe a partir dos pés.
P: Eu gostaria de perguntar, se devemos fazer assim. Antes de sentir meu 'eu' nas sete partes do corpo, se preciso sentí-lo em toda a minha presença. Se não faço assim, o eco do 'eu' permanece intelectual. Eu tentei sentir o 'eu' em minha presença toda. E o eco veio melhor do que quando eu começo direto. Poderíamos fazer assim?
G: Não, deite, bem relaxado em todas as suas partes e daí você começa.
P: De uma vez?
G: Depois que estiver totalmente relaxado, você faz o exercício, sinta o 'eu' em cada parte. E em todos os lugares deve haver a mesma intensidade, a mesma quantidade, o mesmo ritmo respiratório. Fazendo com que não haja diferença em nenhum lugar. Uma vez que você puder fazer isso separadamente em cada parte, então pode mobilizar todo o: 'eu sou'.
Posso repetir isso muitas vezes. Não filosofe. É bem simples. Só se pode entendê-lo ao fazê-lo bem, quando se está completamente relaxado. Muitas pessoas têm maus caráteres e são nervosas. Esse relaxamento irá aquietá-las e irá levar embora tudo o que elas tem nelas que é fútil e idiota.
Posso repetir isso muitas vezes. Não filosofe. É bem simples. Só se pode entendê-lo ao fazê-lo bem, quando se está completamente relaxado. Muitas pessoas têm maus caráteres e são nervosas. Esse relaxamento irá aquietá-las e irá levar embora tudo o que elas tem nelas que é fútil e idiota.
P: Esse exercício tem me mostrado que eu nunca soube como relaxar. Essa palavra não teve significado algum para mim até agora. O relaxamento depende do 'eu' todo, não é apenas físico.
G: Sim, não é apenas físico, é a presença total que é formada de diferentes partes. Quando eu digo a presença total, quero dizer o organismo todo, o sistema nervoso, o mecanismo físico, tudo isso. A pessoa deve relaxar essas partes conscientemente. É apenas possível conscientemente. Subconscientemente a pessoa começa a ter associações na Ásia, na América... A pessoa viaja, ela está aqui e ali. Tente não começar com os pensamentos, em imaginação. Tente, fique aqui. Tudo que lhe interromper mande para o diabo. Mesmo Deus, o anjo, o diabo, tudo isso para o diabo. Considere o trabalho de aquietar a si mesmo como a coisa mais importante. É apenas com essa atitude que você irá obter resultados. Você chegará à algo. E apenas chegará lá através de repetição, ao começar novamente um grande número de vezes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário