terça-feira, 14 de julho de 2009

Jalaluddin Rumi (Discursos ) - Sobre as palavras dos profetas e dos santos paira um perfume de esperança e felicidade

Todos que se preparam para uma viagem têm uma idéia particular em mente: "Quando chegar vou ganhar vantagens e melhorar minha situação. Meus negócios serão colocados em ordem, meus amigos ficarão deleitados e vencerei meus inimigos". Essas são as idéias que temos em mente, mas o objetivo de Deus é algo diferente. Nós fazemos tantos planos e pensamos em tantas idéias e nem ao menos uma sucede-se de acordo com nosso desejo. Contudo, mesmo assim, nós continuamos a confiar em nossos próprios planos e escolhas.
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Ignorando o Destino, as pessoas fazem seus pequenos planos.
A vontade de Deus não se consulta com os planos do homem.
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Isso é ilustrado por uma mulher que num sonho vê que enveredou-se por uma cidade estranha onde não conhecia ninguém. Ela ficou perplexa e deprimida, dizendo a si mesma: "Porque é que eu venho a esta cidade onde não tenho nenhum amigo ou conhecido que me cumprimente com um aperto de mão ou com um beijo?" Ao despertar, essa cidade e seu povo desaparecem e ela sabe que toda a sua angústia e tristeza eram absolutamente nada. Então, ela ignora o estado em que se encontrava e conclui que suas preocupações foram completamente em vão. No entanto, da próxima vez que dorme, ela se vê exatamente na tal cidade novamente e começa a sentir a mesma solidão e tristeza. Ela lamenta ter ido a essa cidade e não se lembra de que quando estava acordada, podia ver o quão tolo era se preocupar, pois era apenas um sonho e nada havia para se lamentar a respeito.
É exatamente assim que as pessoas são. Elas têm visto seus desejos darem em nada cem mil vezes. Nada prossegue de acordo com seus planos intrincados. Mas Deus designa que um esquecimento cubra os seus olhos, para que esqueçam tudo o que aconteceu, e assim mais uma vez eles planejam as suas próprias idéias e vontades.
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"Deus permanece entre as pessoas e seus corações."
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Uma vez, quando Ibrahim, filho de Adão, era rei, ele galopava no rastro de um cervo que estava caçando, até que se distanciou totalmente de seus soldados, deixando-os muito para trás. Seu cavalo estava cansado e coberto de suor, mas ainda assim ele continuava a perseguição.
Depois de adentrar bastante na vastidão do deserto, o cervo parou de repente, virou-se e disse, "Você não foi criado para isso. Sua existência não foi trazida da não-existência para que você me caçasse. Mesmo se você me apanhar, o que terá conseguido?"
Quando Ibrahim ouviu estas palavras, ele chorou em voz alta e desceu de seu cavalo. Não havia ninguém naquele deserto, exceto um pastor. Ibrahim disse-lhe: "Leve as minhas vestes reais incrustadas com jóias, minhas armas e meu cavalo e dê-me a sua roupa de pano grosso. E por favor não informe ninguém, não dê nem mesmo uma pista para ninguém daquilo que sucedeu-se comigo." Ele colocou as vestes do pastor e tomou seu caminho.
Agora considere qual foi a intenção dele e ainda o que seu verdadeiro objetivo veio a se tornar! Ele queria pegar um cervo mas Deus capturou-lhe por meio daquele cervo. Portanto, perceba que neste mundo as coisas acontecem conforme Deus deseja. Dele é o plano e todos os propósitos vêm Dele.
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Antes de se tornar um muçulmano, Umar entrou na casa de sua irmã. Ela estava cantando em voz alta uma passagem do Alcorão:
"TA HA: Nós não enviamos ..." Quando ela viu o seu irmão, imediatamente escondeu o Alcorão e ficou silenciosa. Umar sacou sua espada e disse: "Diga-me o que você estava lendo e por que você escondeu isso ou vou cortar sua cabeça neste instante!" Sua irmã o temia, conhecendo seu temperamento quando zangado e aterrorizada por sua vida confessou: "Eu estava lendo essas palavras que Deus revelou a Maomé."
"Leia, para que eu as possa ouvir", disse Umar, e ela recitou toda a Sura do Ta Ha. Umar ficou furioso, e com raiva balançou sua espada, dizendo: "Se eu lhe matasse neste instante, seria como matar uma indefesa. Primeiro vou cortar a cabeça de Maomé e então cuidarei de você."
Em sua raiva, com a espada em mãos, Umar partiu para a mesquita do Profeta. Os chefes dos Coraixitas, vendo-o ir exclamaram: "Maravilhoso! Umar está atrás de Maomé. Certamente, se há alguém que pode parar esta nova religião, é Umar." Pois Umar era um homem forte e poderoso. Qualquer exército contra o qual ele marchasse, era vencido. De fato, o Profeta tinha declarado muitas vezes: "Deus, socorre minha religião através de Umar ou Abu Jahl”.-
Pois esses dois eram famosos naquele tempo por sua força e heroísmo. Posteriormente, quando Umar se tornou um muçulmano, ele costumava clamar e dizer: "Ó Mensageiro de Deus, ai de mim se tivesses falado o nome Abu Jahl antes do meu. O que teria sido de mim, então? Eu teria continuado errando."
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Em suma, Umar estava com a espada em mãos a caminho da mesquita do Profeta. Entretanto, Gabriel revelou a Maomé: "Ó Mensageiro de Deus, Umar está vindo para ser convertido ao Islã. Conduza-o para a sua alma.” Assim que Umar entrou pela porta da mesquita, viu claramente uma flecha de luz voar de Maomé e perfurar seu coração. Umar proferiu um forte grito e caiu inconsciente. Amor e desejo apaixonado preencheram-no, ele quis dissolver-se em Maomé naquela extrema afeição, e, tornou-se o nada. Ele disse: "Profeta de Deus, ofereça-me sua fé e fale sua palavra abençoada, para que eu possa ouvir." Tendo se tornado um muçulmano, ele disse: "Agora, para corrigir minhas ações, reparar ter vindo contra você com uma espada em mãos, para limpar esse ato, de agora em diante não terei pena de quem eu ouvir falando mal de você. Com essa espada arrancarei suas cabeças de seus corpos."
Saindo da mesquita, subitamente ele encontrou seu pai. O pai de Umar disse: "Você mudou de religião." Imediatamente ele cortou a cabeça de seu pai e caminhou segurando a espada suja de sangue. Os chefes dos coraixitas, vendo o sangue, disseram a Umar: "Você prometeu trazer a cabeça de Maomé. Onde está a cabeça dele?" Umar disse: "Eu a carrego comigo!" Um deles disse: "Você trouxe a cabeça dele?" Ele respondeu, "Não, não aquela cabeça. A cabeça que trago é a do outro lado."
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Agora vejam o que Umar planejou e no que Deus tornou tais planos. Saibam que todas as coisas desenrolam-se como Deus deseja.
Abraão disse: "Ó Deus, já que me escolhestes e me honrastes com o manto de Vossa aprovação, concedei essa distinção a meus filhos também." Deus declarou: "Meu compromisso não atingirá os pecadores." Quando Abraão percebeu que Deus não estende Seu amoroso cuidado aos pecadores e aos insolentes, ele tentou barganhar. E disse: "Ó Deus, aqueles que crêem e não são malfeitores - dai-lhes uma porção de vossa provisão." Deus declarou: "A minha provisão é comum a todos os homens e mulheres e todos devem ter uma parte dela. Todas as criaturas desfrutam sua parcela dos benefícios desta morada. Mas o manto da minha aprovação e a honra da nobilização e da distinção, são um dom especial para os eleitos e escolhidos."
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"Fizemos a Casa ser
Um local de visitação para o povo,
E um santuário.
"Tomem para vocês a estação de Abraão
Como um local de oração."
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O literalistas dizem que o que se quer dizer por esta "Casa" é a Kaaba, pois na Kaaba é proibido caçar e nenhuma maldade é permitida contra ninguém. Deus escolheu aquela casa para Si. Tudo isso é perfeitamente válido e correto, mas essa é a interpretação literal do Alcorão. No entanto, os Sufis dizem que a "Casa" é a parte interior de nosso Ser. Em outras palavras: "Deus, livrou meu Ser interior da tentação e dos planos mundanos. Purificai-o das paixões e dos pensamentos ociosos, para que nenhum medo possa entrar e a segurança prevalecerá. Deixai-o tornar-se completamente o centro de vossa revelação".

É dito que Deus designou meteoros para vigiar o céu e impedir que o amaldiçoado Satã escutasse os segredos dos anjos. O significado disso, de acordo com esoteristas, é: "Ó Deus, nomeai o guardião de vosso cuidado amoroso para vigiar a nossa casa interior, para afastar de nós as tentações de Satã e os truques dos desejos carnais."
Todos começam esse caminho a partir de sua própria posição. O Alcorão é uma tapeçaria de dupla face. Alguns desfrutam de um lado dele e alguns do outro. Ambos são verdadeiros, uma vez que Deus deseja que todos se beneficiem dele.
Do mesmo modo, uma mulher tem um marido e uma criança. Cada um desfruta dela de uma forma diferente. O prazer da criança está no seu seio e seu leite. O prazer do marido está nas relações sexuais com ela.
Algumas pessoas são crianças do Caminho - derivam prazer do sentido literal do Alcorão e bebem aquele leite. Mas aqueles que atingiram anos de plena discrição têm outro desfrute e uma compreensão diferente dos significados interiores do Alcorão.
A estação e local de oração de Abraão é um certo local na Kaaba onde os literalistas dizem que duas prostrações de oração devem ser realizadas.
Isso é de fato excelente, por Deus. Mas de acordo com os Sufis, a estação de Abraão é aquele estado interno onde você se atiraria no fogo pelo Amor de Deus, chegando a este lugar através de trabalho e esforço em nome de Deus. Ali, as pessoas podem sacrificar a si mesmas pelo amor de Deus, o seu próprio Ser não tem lugar em seus olhos, e elas deixam de tremer por si mesmas. Realizar duas prostrações de oração na estação de Abraão é excelente, mas faça com que esse colocar-se de pé seja realizado neste mundo e o prostrar-se ser no outro mundo.
A verdadeira Kaaba é o coração dos profetas e dos santos, o locus da revelação de Deus. A Kaaba física é um ramo disso. Se não fosse para o coração, qual seria a utilidade da Kaaba? Os profetas e os santos abandonam seus próprios desejos e seguem a vontade de Deus. O que quer que Deus mande, eles fazem. Para aqueles a quem Deus nega a graça, os santos são indiferentes – na verdade em seus olhos tais pessoas são inimigas.
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Em Tuas mãos colocamos as rédeas do nosso coração.
O que quer que declares cozido, nós declaramos queimado!
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Tudo que eu digo é uma comparação. Comparação é uma coisa, e equivalência é outra. Nós assemelhamos Deus a uma lâmpada para efeito de comparação e os santos são equiparados ao vidro dessa lâmpada. A luz de Deus não é contida por nenhum ser ou espaço, portanto, como poderia ser contida pelo vidro da lâmpada? Como pode a abrangência de Sua Luz ser contida em um coração? Ainda assim, procurando no coração você a encontra. Não como numa caixa que contém Aquela luz, mas do coração você encontra essa Luz radiando. Assim como quando você encontra sua imagem num espelho, mas sua imagem não está no espelho em si. Ainda assim, quando você olha no espelho vê a si mesmo.
Por meio da comparação todas as sutilezas se tornam inteligíveis e, uma vez inteligíveis, os sentidos podem compreendê-las. Assim, eles dizem que no outro mundo os livros irão voar, alguns para a mão direita e alguns para a esquerda. Existem também os anjos, o trono, o céu e o inferno, a balança, a conta a ser acertada e o livro: nada disso fica claro até que uma analogia seja feita. Não existe nenhuma semelhança com qualquer dessas coisas neste mundo, mas através de comparação elas podem ser conhecidas.
Por exemplo, de noite, todas as pessoas dormem, igualmente o sapateiro e o rei, o juiz e o alfaiate. Uma vez adormecidos, seus pensamentos tomam asas e nenhum pensamento permanece para qualquer um deles. Então, ao amanhecer, é como se o sopro da trombeta de Israfil trouxesse vida para os átomos de seus corpos e os pensamentos de cada um, como pergaminhos do próximo mundo, voam precipitadamente para cada pessoa, sem qualquer erro, os pensamentos do alfaiate para o alfaiate, os pensamentos do advogado para o advogado, os pensamentos do ferreiro para o ferreiro, os pensamentos do oprimido para o oprimido, os pensamentos dos justos para os justos.
Alguém vai dormir como um alfaiate e acorda no dia seguinte como um sapateiro? Não, pois aquele ofício pertence a ele, e, dessa forma, ele assume a mesma ocupação de antes. A partir disso você pode ver que a afinidade de cada pessoa continua no outro mundo. Isso faz sentido, porque neste mundo vemos a mesma coisa.
Se continuarmos com a comparação até chegarmos ao final da presente discussão, iremos assistir a todos os Estados do outro mundo neste mundo. Deste mundo iremos farejar todas as circunstâncias que correspondem ao outro mundo, e veremos que todas as coisas estão contidas na onipotência de Deus. Muitos são os ossos apodrecendo em suas sepulturas, mas gozando o doce repouso e o sono embriagado daquele gozo e intoxicação. Estas não são palavras ociosas, como diz o ditado: "Que a poeira repouse doce sobre eles!" Se a poeira não tinha consciência da doçura, porque é que alguém diria uma coisa dessas?
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Rezo para que o ídolo de face redonda
possa viver uma centena de anos,
Meu coração fiel seja um recipiente
Para as poças das lágrimas dela.
Na poeira de sua porta meu coração
Tão feliz, morreu feliz, Orando:
“Senhor, possa a poeira dela
Permanecer alegremente para sempre!"
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Um casal está dormindo num colchão. A mulher vê-se em meio a um banquete, num jardim de rosas e no Paraíso, o homem se vê no meio de cobras, dos guardiões do inferno e de escorpiões. Se você investigar, não verá nem Paraíso nem Inferno. Por que, então, deveria ser uma surpresa que os restos mortais de alguns, mesmo no túmulo, experimentem prazer, descanso e intoxicação, enquanto alguns estão em dor, tormento e agonia, e ainda você não pode ver nem prazer nem dor? Portanto, o invisível torna-se sensível através da utilização de comparação.
Comparação é uma coisa, equivalência é outra. O Gnósticos dão o nome de "Primavera", para relaxamento, felicidade e expansão.
Chamam de "Outono", contração e tristeza. Qual é a real semelhança entre a felicidade e a Primavera, a tristeza e o Outono? Porém, sem esta comparação o intelecto não pode conceber e compreender o significado. Portanto, o Alcorão declara:
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"Não são iguais, os cegos e aqueles com visão,
As sombras e a luz,
O lugar abrigado do sol e o calor tórrido."
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Aqui, a fé é comparada à luz e a incredulidade às sombras, mas a fé poderia estar relacionada com uma deliciosa sombra e a incredulidade a um impiedoso sol queimante, fervendo o cérebro. Qual é a semelhança entre a brilhante sutileza da fé e a luz deste mundo ou entre as trevas sórdidas da incredulidade e da escuridão que conhecemos durante a noite?
Você vê este homem que adormeceu enquanto nós estávamos falando? Este sono não é um sinal de desatenção, mas de segurança e proteção. Assim como numa caravana viajando ao longo de uma difícil e perigosa estrada numa noite escura, as pessoas dirigem com medo, pensando que algum dano possa ocorrer. Mas logo que a voz de um cão, ou um galo, atinge seus ouvidos e que encontram uma aldeia, eles ficam despreocupados, estendem suas pernas e dormem docemente. Na estrada, onde não havia nenhum som ou murmúrio que os perturbasse, eles não podiam dormir por causa do medo. Mas na aldeia encontram segurança e com todo o latido de cães e o canto dos galos, ainda assim ficam felizes e caem no sono.
As nossas palavras também derivam da comunidade e segurança, são as palavras dos profetas e dos santos. Quando a alma ouve as palavras daqueles amigos familiares, ela se sente segura e é livrada de qualquer receio, pois sobre essas palavras paira um perfume de esperança e felicidade.
Assim como aqueles viajantes naquela noite escura pensavam que a cada momento ladrões estavam misturando-se com sua caravana, e assim, desejavam ouvir as palavras dos seus companheiros viajantes para reconhecê-los por suas palavras, assim que ouviam seus amigos falarem, sentiam-se seguros. O mesmo acontece com você. Porque sua essência é sutil, olhares não são suficientes para nós, mas se você falar ouviremos então aquele amigo familiar de nossos espíritos e nos sentiremos seguros e em paz. Então fale!
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Um certo rato habitando um milharal, sendo tão pequeno, é invisível, mas uma vez que ele faça um som, é possível reconhecê-lo por meio de seu som. Da mesma maneira, as pessoas estão totalmente imersas no milharal deste mundo e sua essência, sendo extremamente sutil, é invisível. Portanto, fale, para que eles possam reconhecer você.
Quando queremos ir a um determinado local, nosso coração vai lá primeiro para experimentar as condições dali. Então nosso coração retorna e chama nosso corpo para ir junto. Agora todos os homens e mulheres deste mundo são como corpos em relação aos santos e aos profetas, que são o coração deste mundo. Estes seres do coração percorrem primeiro o outro mundo, deixando os seus atributos humanos de carne e pele. Examinam as profundezas e as alturas daquele mundo e percorrem todos os estágios, até que conheçam o caminho. Então, voltam e convocam a humanidade, dizendo: "Venham para o mundo original! Pois este mundo é uma ruína vazia e desoladora em comparação com o jardim que descobrimos."
A partir disso, você deveria perceber que o coração está sempre acompanhando o seu amado e não tem qualquer necessidade de atravessar os estágios, não há necessidade de temer os ladrões da estrada, nem de prender a bagagem na mula. É o corpo miserável que está ligado a estas coisas.
Eu disse para meu coração:

"Como é que você está impedido do serviço
Daquele cujo nome você abençoa? "
Meu coração respondeu:
"Você interpreta mal os sinais.
Estou constantemente a serviço Dele,
Você é quem está perdido."

Onde quer que você esteja, não importa o que possa acontecer, esforce-se sempre para ser um amante, um amante apaixonado. Quando o amor se tornar sua propriedade você será eternamente um amante , na sepultura, na ressurreição ou no Paraíso, para sempre e sempre. Quando você semeou trigo, certamente o trigo vai crescer, estoques de trigo vão encher os galpões, pães de trigo vão encher o forno.
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Quando Majnun quis escrever uma carta para Laila, ele tomou uma caneta em sua mão e escreveu:
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Seu nome está em minha língua,
Sua imagem está dentro de minha visão,
Sua memória enche o meu coração,
Onde posso escrever, então?
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Sua imagem habita a minha visão, o seu nome nunca deixa a minha língua, sua memória ocupa as profundezas da minha alma, por isso, onde vou escrever, vendo que Você está aqui em todos esses lugares? A caneta quebrou e a folha foi rasgada.
Muitos são aqueles cujo coração está repleto de tal realidade, mas que não podem expressá-la por meio de discurso e de palavras. Isso não é surpreendente e não representa um limite para aquele amor. Pelo contrário, a raiz da questão é o coração, o anseio e a paixão. A criança está apaixonada pelo leite e do leite ela deriva socorro e força, ainda assim a criança não pode explicar o leite ou descrevê-lo, dizendo: "Que prazer encontro ao beber leite e quão fraco e angustiado eu ficaria sem ele." A criança não tem palavras para o leite, ainda assim deseja o leite. A maioria das pessoas crescidas, por outro lado, embora possa descrever o leite de mil maneiras, ainda assim não encontra no leite tal prazer ou deleite como encontrava quando era criança.

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