Quereis saber a verdade? Tomai como exemplo o tocador de cítara. Ele inclina ligeiramente a cabeça de lado escutando o canto com atenção, ao mesmo tempo que maneja o arco e que as cordas respondem harmoniosamente. A cítara emite sua música e o citarista é arrebatado pela suavidade da melodia.
Laborioso operário da vinha, que meu exemplo vos decida e que não hesiteis. Sêde no fundo do coração vigilante (“sóbrio”) como o citarista; e possuireis sem dificuldade o que procurais. Pois a alma, tomada até o fundo de si mesma pelo amor divino, não pode mais voltar para trás. Pois, como diz o profeta Davi: “Minha vida está unida a Ti" (Sl. 63-9)
Meu bem-amado, por cítara entendei o coração. As cordas são os sentidos, o citarista é o intelecto que através da razão, movimenta incessantemente o arco; isto é, a lembrança de Deus, que faz nascer na alma uma indescritível felicidade e faz cintilar, no intelecto purificado, os raios divinos.
Enquanto não intimidarmos os sentidos do corpo, a água que jorra, e que o Senhor concedeu generosamente à Samaritana, não brotará em nós. Ela procurava a água material e encontrou a água da vida, que brotou dentro dela.
Pois, assim como naturalmente a terra contém água e ao mesmo tempo a derrama, também a terra do coração contém essa água que jorra e que brota: isto é, a luz original a qual a desobediência fez Adão perecer.
Essa água viva que jorra, surge da alma como de uma fonte perpétua. Era ela que habitava a alma de Inácio, o teóforo, e o fazia dizer: “O que tenho em mim, não é o fogo ávido da matéria, é a água que opera e que fala”.
A abençoada, ou melhor, a três vezes abençoada sobriedade da alma, assemelha-se à água que jorra e que brota das profundezas do coração, a água que jorra da fonte e enche totalmente o homem interior com o orvalho divino e com o espírito, enquanto queima o homem exterior.
O intelecto que purificou-se de tudo o que é exterior e que subjugou inteiramente os sentidos através da virtude ativa, permanece imóvel como o eixo celeste. Mantém o olhar em seu centro, nas profundezas do coração. Da cabeça, onde ele domina, olha fixamente o coração e projeta como relâmpagos os raios de seu pensamento; vai buscar ali as contemplações divinas e subjuga todos os sentidos do corpo.
No combate interior, o Espírito Santo produz um impulso que torna plácido o coração e grita dentro dele: Pai. Esse impulso não tem forma nem rosto, ele nos transfigura pelo esplendor da luz divina, amolda-nos ao fogo do espirito, mas também nos modifica e nos transforma como só Deus pode fazer através do poder divino.
É fácil turvar o intelecto purificado pela sobriedade se não nos desprendermos inteiramente do mundo exterior por meio da lembrança constante de Jesus.
Parabéns pelo espaço, amo estudar história, entre no meu blog ali falo das medidas da história de uma forma diferente. http://adventmedidas.blogspot.com.br/2015/05/constantinopla-nova-roma.html
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